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Confira a entrevista
Pâmela Rubin Matge: como compartilhar essa responsabilidade neste caso específico?
Luciano Schuch: Recebemos na universidade por ano 5 mil estudantes, com ingresso no início e metade do ano. Isso é tradicional, há mais de 20 anos isso acontece na nossa cidade. E esse orgulho de dizer que Santa Maria é uma cidade universitária, uma cidade dos jovens, só que ao mesmo tempo a cidade tem que acolher estes jovens. Essa discussão da calourada, que não é da UFSM, é de todas as instituições de Ensino Superior que existem em Santa Maria. A cidade tem que receber, a cidade não pode dar as costas para estes jovens, que é o que movimenta a economia, discutimos tanto isso com o retorno da presencialidade, imobiliário, bares, todo o comércio da cidade. Só que ao mesmo tempo a gente sabe que os jovens gostam de se reunir. Neste semestre, estamos desde segunda-feira fazendo todo o acolhimento aqui na universidade, mas ao mesmo tempo este jovem mora na cidade, mora no centro e no entorno da cidade, alguns moram até na universidade. E eles gostam muito e as famílias gostam também de mostrar que foram aprovados na federal de Santa Maria. E eles vão naturalmente depois do acolhimento aqui na universidade, que aqui e com cuidado e com segurança, já proibimos venda de bebidas alcoólicas e festas aqui dentro exatamente por isso. Sabemos que fazer festa não é nosso papel e nem obrigação como universidade e esse papel sim tem que ser da sociedade civil organizada, através dos bares, boates que precisam estar organizadas para isso. A nossa calourada foi bem organizada. Só que o estudante gosta de mostrar para a sociedade que passou, gostam de ir para o centro, os próprios estudantes vão depois para o centro mostrar para a sociedade que foram aprovados e com isso dá essa aglomeração, os jovens gostam de estar juntos e aproveitar esse momento. O que a gente precisa cada vez mais, as entidades, empresários e toda a questão de segurança pública se envolva nestes momentos.
Pâmela: neste retorno letivo, como foi a interlocução da UFSM com o município sobre a segurança?
Luciano Schuch: Não tivemos nenhuma interlocução direta com os órgãos de segurança e prefeitura. Nos organizamos internamente. No início da gestão fizemos diversas reuniões para o planejamento deste retorno da presencialidade, da própria calourada. Isso foi feito no início do ano, mas não agora na metade do ano. Entendemos que isso poderia ter sido feito, acionado a prefeitura, a Câmara de Vereadores, a Cacism, a Brigada. Só que isso é uma questão da própria cidade, a cidade poderia estar se organizando. Podemos também informar a cidade que vai chegar jovens.
Pâmela: foi uma falha compartilhada então, reitor?
Luciano Schuch: Foi, com certeza foi.
Marcos Fonseca: a universidade pensa, a partir de agora, ter alguma ação prática para tentar minimizar estes riscos?
Luciano Schuch: Nós temos uma comissão interna, da nossa calourada. São coisas diferentes que aconteceram, a calourada institucional aqui da universidade e a festa do Brahma no centro. Agora sim, a nossa calourada vamos convidar os órgãos públicos para estarem cientes e participar da nossa programação. E com isso entendem as datas e a quantidade de jovens para também poderem se organizar como cidade.
Pâmela: há um posicionamento ou indicativo da universidade em relação aos jovens se reunirem hoje novamente na praça?
Luciano Schuch: A universidade não participa disso e nunca foi indicação da universidade de eles irem a este local. Isso é uma questão própria dos estudantes, isso tem que estar muito claro para todos. A calourada da universidade se encerra hoje. Provavelmente hoje eles nem devem ir ao centro, mas isso é uma questão deles, eles que se organizam por conta, não há movimentação da universidade.
Pâmela: mediante este fato, terá algum posicionamento formal da universidade?
Luciano Schuch: Não teremos posicionamento formal. Lamentamos o fato, mas não temos gerência da vida e de festas dos estudantes da universidade e da cidade. Não temos como nos manifestar sobre essa comunidade. O que dizemos é que as regras devem ser respeitadas e se vão ao centro é uma opção deles. Entendemos que o clima para fazer festa hoje não é bom devido a este assassinato.
Marcos Fonseca: muito se questiona sobre o porque esta festa não acontece dentro da universidade. Por que não existe condição de isso ser feito?
Luciano Schuch: Na verdade estas festas existiam na universidade há uns 5 anos anos. Festas com mais de 3 mil alunos no Centro de Eventos. Foi a sociedade civil de Santa Maria que solicitou que a universidade parasse de fazer festa. E não é nosso papel mesmo, não temos estrutura para isso. Hoje são proibidas aqui dentro. E mesmo naquela época os alunos iam ao centro porque querem ir para a rua mostrar que foram aprovados.
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