O endereço da discórdia

Praça Saturnino de Brito é alvo de polêmica entre moradores e estudantes

Marcelo Martins

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Costuma-se dizer que a história é cíclica. O filósofo romano Marco Túlio Cícero (106 a.C.–43 a.C.) escreveu que ela é a maior testemunha dos tempos. Ancorando-se a busca pela verdade, a preservação da memória e, principalmente, a manutenção de nossa civilização. E o mais importante é que a história, ao longo da trajetória da humanidade, cumpre com uma função pedagógica. Ou seja, o homem pode planejar e projetar seu futuro tendo como referência o passado: aprender com os erros de épocas anteriores para, assim, não cair em velhas armadilhas.

Nesse contexto, Santa Maria começa o 2016 com o dever de olhar para o retrovisor e perseguir um presente e um futuro melhor àqueles jovens que, nos próximos dias, estarão reunidos na Praça Saturnino de Brito para celebrar o começo de uma nova etapa de suas vidas: a de estudantes do Ensino Superior. Na próxima segunda-feira, a Unifra retoma seu calendário acadêmico e a UFSM, em 7 de março. O ponto de encontro dos calouros tem sido motivo de discórdia há, pelo menos, uma década. As reclamações vão de sujeira, som alto, bebedeira, jovens urinando em via pública, trânsito caótico no entorno da praça, desrespeito à vizinhança do Centro e, em 2015, casos de violência no local.

A questionada aglomeração deve ser analisada à luz da racionalidade. Há dois fatores, contudo, que são preponderantes. O primeiro é que nossa cidade é inegavelmente universitária, com mais de seis instituições de Ensino Superior. Logo, há uma real necessidade de se criar espaços e melhorar os (poucos) existentes para que os jovens possam se reunir com segurança. Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que há, no entorno da praça, moradores que devem ter os seus direitos respeitados.
Para fazer dar certo

O tema é delicado e coloca em rota de colisão jovens que querem festejar o início de um novo ciclo, e moradores que afirmam viver sob o estresse de noites mal dormidas. Mas, não há soluções mágicas. Os avanços não vão se dar sem, de fato, um diálogo produtivo e, principalmente, que não se limite a projetos, esquecidos em pouco tempo dentro de uma gaveta.

Alguém precisará ceder? Há como conciliar os interesses em jogo? Na próxima segunda-feira, completam-se seis meses que as autoridades públicas
sinalizaram que trabalhariam em busca de outras opções para fazer com que o local não seja visto, pela sociedade, como um problema.

E qual o saldo? Fomos em busca de respostas e trazemos à tona esse palpitante assunto, que não pode ser tratado apenas às vésperas das festas dos calouros, que já se tornaram habituais e tradicionais, quer gostem ou não, como reconhecem as próprias fontes ouvidas pela reportagem.

O 2015 nos dá, pelo menos, três motivos para que busquemos uma encaminhamento para essa pauta. O primeiro foi a morte de um homem de 30 anos, assassinado com três tiros à queima-roupa na praça (o crime aconteceu após a festa dos universitários), em agosto.

No mesmo mês, uma jovem de 20 anos foi agredida e assaltada por dois homens durante comemoração na Saturnino. O terceiro fato foi em março do mesmo ano, quando um adolescente de 15 anos foi baleado e uma jovem de 21 anos levou um tiro de raspão. Que os envolvidos tenham discernimento e ponderem por uma solução sensata. Até porque “a praça é do povo, como o céu é do condor”, como já dizia o poeta Castro Alves (1847-1871).



A ética da casa e a ética da rua

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