Uma das queixas recorrentes dos motoristas em relação à concessão da RSC-287 é o número de praças de pedágios: além das duas que já existiam há mais de 20 anos, em Candelária e Venâncio Aires, outras três foram construídas e começaram a cobrar tarifa no domingo.
Ou seja, nos 204 km concedidos, são cinco pedágios, um a cada 40 km, aproximadamente. Durante os estudos para implantação, o governo do Estado já informava que o motivo foi dividir os custos com todas as regiões que serão beneficiadas com obras.
O diretor geral da Rota de Santa Maria, Renato Bortoletti, traz a mesma justificativa. Segundo ele, se fossem mantidos só os pedágios de Venâncio e Candelária, os moradores dessas regiões seriam penalizados e pagariam mais por obras que seriam feitas em Santa Maria.
– Se o trecho total da concessão fosse de Tabaí a Santa Maria, mas a cobrança concentrada só em Candelária e Venâncio, o modelo econômico seria similar, a diferença é que o usuário frequente, da região de Venâncio, Santa Cruz e Candelária, pagaria um valor bem maior por um benefício que está sendo gerado em outras regiões, como Restinga Sêca, Agudo e Santa Maria. Então, com cinco praças, fica uma distribuição homogênea e mais justa da prestação de serviço. Porque, com cinco praças, basicamente é pago pela quantidade muito próxima da quilometragem que você usa da rodovia – disse Bortoletti.
Mas como a concessão prevê duplicação primeiro no trecho de Tabaí a Novo Cabrais, que é mais movimentado, indiretamente, os motoristas de Santa Maria poderão estar pagando por obras que não vão beneficiá-los. Claro que quem for para a Capital, acabará sendo beneficiado.
Mas quem viajar só de Santa Maria à Quarta Colônia, por exemplo, levará bem mais tempo para ver a rodovia duplicada. O contrato prevê duplicação entre 2040 e 2042 nesse trecho. A Rota tem plano de antecipar essa duplicação para 2028, mas depende de aval do Estado.
Antes, a tarifa em Candelária e Venâncio era de R$ 7 para carros e o trecho concedido ia de Paraíso a Tabaí. Quando a Rota assumiu, em 30 de agosto de 2021, o valor caiu para R$ 3,70, com a concessão sendo ampliada em quase 80 km, passando a ir de Tabaí até o trevo do Aeroporto de Santa Maria. Em setembro, a tarifa foi para R$ 4,10.
Quanto seria a tarifa se houvesse duas praças?
Para responder a essa pergunta, o primeiro passo é verificar quanto um carro gasta hoje. Com as 5 praças na RSC-287 a R$ 4,10, o custo total para passar por todas fica hoje em R$ 20,50. Porém, se fossem mantidas apenas duas praças, esse valor total teria de ser dividido por 2, e o preço passaria a ser de R$ 10,25 em cada uma, pelo menos.
Porém, na prática, o preço seria até maior do que isso, já que muitos veículos que passam agora pelas novas praças de Santa Maria, Paraíso do Sul e Taquari acabariam não pagando pedágio se houvesse só as praças de Candelária e Venâncio Aires. Ou seja, talvez a tarifa teria de ser algo entre R$ 11 e R$ 15, por exemplo, para bancar a mesma receita necessária para bancar os R$ 2,7 bilhões que serão investidos em obras e duplicações da 287 nos 30 anos de concessão.