PLURAL: preconceito e psicofobia

Redação do Diário

A coluna Plural deste final de semana traz textos sobre o tema Bem-estar e saúde mental. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Sueli SantosPsicóloga

Sim, o preconceito ainda é bastante presente na sociedade. O estigma relacionado à saúde mental é inegável, apesar de já termos conquistado grandes avanços na ciência e na cultura, ainda não dá para afirmar que não existe desentendimento, preconceito e até violência contra pessoas que convivem com alguma questão de saúde mental. Reforçando que a saúde mental ainda é um grande tabu.Posso referir aqui o lugar que a loucura ocupou na história – o louco como alguém a ser afastado, enclausurado, aquele que não compartilha da “mesma realidade” que os demais. Na atualidade, infelizmente as questões de saúde mental ainda ocupam um lugar bastante impreciso.Doenças físicas são mais fáceis de serem comprovadas através de exames específicos, visto que a saúde mental está na mente e no corpo. Muitas vezes, essa situação é idealizada como uma fraqueza do sujeito, algo sobre o qual ele teria condições de administrar e não o faz por que não quer.Você já ouviu frases como essas?“Nossa! Mas aquele menino tem tudo. Por que ele está deprimido?”Troque, agora, a depressão por câncer:“Nossa! Mas aquele menino tem tudo. Por que está com câncer?” Fica estranho, não é?A maioria da sociedade ainda tem dificuldade em reconhecer que é uma doença e ainda ampliar o conceito de saúde e doença. Não dá mais para serem conceitos antagônicos. Ter saúde não significa, necessariamente, não ter nenhuma doença. Justamente pelo preconceito e julgamento, as pessoas não querem ser reconhecidas no lugar daqueles que têm transtornos mentais, com o risco de serem vistos como fracos ou descontrolados, algo que vai desde questões morais até as questões éticas.

Precisamos mudar isso

Vale a pena lembrar que boa parte da população está deprimida e ansiosa, mas não, necessariamente, está internada, pois ainda conseguem se submeter ao funcionamento da sociedade e frequentam o trabalho, a escola e outros lugares. Combater o preconceito é sempre falar sobre o tema, propor debates e tentar entender e respeitar as individualidades de cada um. Precisamos reconhecer que todo mundo tem seu jeito de funcionar e administrar as emoções. Precisamos construir formas de convivências que não afastem quem é “diferente”.Entretanto, acredito que para conseguirmos dar mais amplitude e atenção social aos transtornos psiquiátricos e psicológicos, a saúde mental deveria ser uma disciplina obrigatória nas escolas. Não me refiro aos transtornos, mas sobre o autocuidado, ajudando no bem-estar e na inclusão.Precisamos conhecer mais os transtornos e desmistificar o que o estigma construiu. Desta forma, possivelmente, conseguiremos salvar mais vidas.

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