Eduardo Rolim: paz social

Redação do Diário

Eduardo RolimMédico

Em 21 de fevereiro de 1848, foi lançado por Marx e Engels o “Manifesto Comunista”. Desde então, há quase 200 anos, a luta de classes vem sendo a motivação para ascensão do trabalhador na sociedade. O mundo conviveu neste tempo com diversas experiências sociais de países que tentaram aplicar as propostas comunistas à sua organização de Estado. A grande maioria se valeu de movimentos revolucionários para sua implantação, com grande sacrifício de vidas humanas que se contam por milhões. Nesses países, a paz social nunca foi conquistada.O capitalismo moderno, inventado pelos holandeses no século 16, vem evoluindo e se modificando, desde o Capitalismo Selvagem dos seus primórdios até o Capitalismo Humanizado dos dias atuais. Ainda não conseguimos viabilizar organizações sociais pacíficas.Todo e qualquer produto exige dois fatores fundamentais: o capital e o trabalho. Um não subsiste sem o outro. O empresário, detentor do capital, através de sua iniciativa e inovação, cria condições para satisfazer as necessidades do consumidor. A produção desses bens só será alcançada através do trabalho dos operários assalariados. Esse é o Universo Corporativo.No jornal Zero Hora do dia 24 de junho de 2022, a professora Clarice Martins Costa descreve os passos necessários para que uma empresa tenha sucesso e continuidade. Inicialmente é preciso que a empresa tenha propósitos claros e saiba atrair colaboradores. O segundo passo é que os candidatos conheçam esses propósitos e que eles sejam concordes com o que buscam. Dessa relação harmônica, deve resultar um bom clima de trabalho, políticas de equidade e inclusão e participação nas trocas de conhecimento e inovações. A empresa não deve apenas gerar lucros, mas também satisfação e felicidade. A participação nos lucros é uma decorrência.O Papa João XXIII, em uma de suas encíclicas, ditou: “Toda a empresa deve ter um compromisso social.” Alberto Pasqualini em seus “Pensamentos Políticos” vai um pouco além: A empresa que visa somente o lucro, ganancioso e explorador do trabalho, não deve subsistir na sociedade, por ser imoral e prejudicial à paz social.No livro A ordem social em transformação, do autor americano Ray Dalio, ele diz textualmente: “Embora muitos países tenham recursos naturais aos quais recorrer, o capital humano é o capital mais sustentável, porque os ativos herdados, que são utilizados uma hora ou outra, podem acabar desaparecendo, enquanto o capital humano pode existir para sempre.”A propriedade privada é um pilar básico da ordem econômica e mola impulsionadora do desenvolvimento. A riqueza dela decorrente deve beneficiar ao seu universo produtivo. De acordo com nossa Constituição, as riquezas do subsolo e as naturais pertencem ao Estado e sua exploração deve beneficiar toda a sociedade. Quando isso não acontece, estaremos em face de uma situação condenável. Cabe ao Poder Público fiscalizar e corrigir as más práticas.Quando conseguirmos harmonizar o capital e o trabalho, numa simbiose virtuosa capaz de produzir o bem-estar social, estaremos caminhando para um mundo novo onde a riqueza será distribuída de forma justa, a fome terá desaparecido e a geração de empregos será de responsabilidade de todos: empresários e governo. O cooperativismo como organização econômica, tanto na produção de bens quanto na forma de Estado poderá ser a solução final. Para isso, a educação deve ser o apanágio da cidadania, no espírito de solidariedade, sem distorções ideológicas.

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