Artigo

OPINIÃO: Queermuseum: o que revelas de nós?

Eduardo Pazinato

O cancelamento intempestivo da exposição Queermuseum pelo Santander Cultural em Porto Alegre, na semana passada, é sintoma dos tempos sombrios e extremados que estamos vivendo. Não é possível ficarmos impassíveis ante verdadeiro fascismo societal, nas palavras do Mestre Boaventura de Sousa Santos, que reverbera nas artes e na cultura, na economia, na política, na convivência humana. Quando as diferenças estéticas dos outros insultam nosso suposto senso (est)ético, a ponto de defendermos o fim daquilo que não nos é igual, comum, ou familiar, seja pela via da estigmatização, da criminalização, ou, no limite, da eliminação, há de ficarmos vigilantes. Nossa democracia agoniza...

Foto: Elias Monteiro

OPINIÃO: Comunicação com atitude

Cada vez mais a cultura do ódio e da intolerância viceja nas nossas relações interpessoais, em ambientes privados ou públicos. Um sentimento de desesperança e ceticismo recai sobre nós como brumas, embaralhando nossos sentidos e nos embretando em um falacioso beco sem saída. Parte da classe média gaúcha e brasileira vem preparando malas, cevando o chimarrão e partindo para outros destinos além-mar, para as terras do Tio Sam, ou para as dos nossos patrícios, à beira do Tejo, não importa. Por lá, ironicamente, também se deparam com intempéries, desta vez climáticas. Irmanados na dor e no desespero de outros êxodos, reforçam, desde outro lugar, esse famigerado mal estar civilizacional, televisionado, a que fomos acometidos nestes tempos de escuridão e obscuridade. 

OPINIÃO: A educação no limbo

Esse caldo de cultura contamina, não se surpreendam, a qualidade e o padrão de relacionamento das instituições e dos profissionais da segurança pública e da justiça criminal com a população (e vice-versa). Aconselhados pelo medo e pelo sentimento de insegurança, consabidamente os piores conselheiros, o risco sempre iminente, na nossa representação midiatizada, de exposição a violências e crimes amplifica-se por esse nosso estado anímico de desalento e desassossego. Como efeito, parte substantiva da sociedade (re)clama por respostas mais firmes e enérgicas do Estado contra esses virtuais sujeitos desviantes, aqueles outros criminais da famigerada dicotomia “outros x nós”. Traduza-se, aqui, firmeza e energia como expressão de violência institucional, incensada pelo furor punitivo em face do endurecimento penal, de sanções mais gravosas, de mais encarceramento, de mais do mesmo. Supressão de direitos para os outros, privilégios para nós. Cárcere para esses jovens, pobres, negros, bárbaros do século XXI, imunização, ou prisão domiciliar, com ou sem tornozeleira eletrônica, para os grandes empresários liberais à brasileira que não prosperam sem os bons préstimos de malfadados políticos (e vice-versa), eis os casos recentes, pluripartidários, diga-se de passagem, “dos Batista” (Eike e Joesley), entre outras famiglias.


Esses dilemas humanos, tão presentes na nossa incipiente e cambaleante democracia, atingem visceralmente a relação das nossas polícias (incluídas as Guardas Municipais) com a cidadania. A abordagem policial constitui, nesse contexto, uma ameaça e uma oportunidade. Ameaça porque o eventual abuso de poder concorre para aprofundar a desconfiança das pessoas, especialmente dos(as) jovens, no Estado e na nossa própria capacidade de mediar/restaurar nossos conflitos. Oportunidade porque a prática de uma comunicação não violenta, por exemplo, entre polícias e juventudes, tem o poder de ressignificar a interlocução entre nós, assegurando o respeito às nossas subjetividades e identidades, porque diversas e diferentes...


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Funcionários do Husm aprovam greve 

Próximo

Funcionários do Husm aprovam greve 

Geral