A concorrência é de fato motivante. Incentiva o empreendedorismo e a atividade inovadora. Sair da zona de conforto, buscar alternativas onde ninguém mais consegue enxergar. Em recente artigo da revista GQ, editora Globo, o dono de nove casas noturnas em São Paulo, Facundo Guerra, relata que uma nova concorrência está ameaçando o setor. Segundo ele, a noite é totalmente diferente da noite de cinco anos atrás e que hoje compete com “sunset parties”, que acontecem no máximo até a meia-noite. Guerra afirma que ninguém mais quer ficar até as 3h ou 5h correndo risco da insegurança e das brigas do final da balada. Será que o jovem de hoje está trocando a balada pelo Netflix ou pelos aplicativos de encontros e redes sociais?
OPINIÃO: A tragédia do Colégio Goyases
Nesse caso, a concorrência é uma mudança de comportamento. A geração nascida no final da década de 1990 apresenta novos hábitos que impactam a economia. Segundo associação que reúne os bares e casas noturnas nos Estados Unidos, a Nightlife Association, mais de 10 mil bares e casas noturnas fecharam as portas nos Estados Unidos na última década; na Inglaterra, das 3,1 mil casas noturnas existentes em 2007, quase metade desapareceu em relação a 2017. Acredito que um dos fatores desta mudança de comportamento do consumidor é causada pelos altos índices da violência. No caso do fechamento das casas noturnas na Europa, o terrorismo é o fator que gerou a insegurança.
OPINIÃO: O Jardim Botânico da UFSM vai fechar?!
No Brasil, a falta de segurança pública obriga o consumidor a rever os hábitos. Infelizmente, este fator não é só mérito das grandes cidades. Em Santa Maria, o número de assaltos é alarmante. Outro problema é a ocorrência de brigas e conflitos no entorno das baladas. A casa noturna investe em segurança interna, mas, quando os conflitos acontecem na rua, não há ninguém seguro. Caso esteja se perguntando, será que as baladas estão morrendo por esta nova concorrência? Acredito que sim. A “noite”, baladas, casas noturnas como era conhecido, sim. O jovem ultraconectado, com acesso à informação, não demostra interesse em frequentar três noites por semana a mesma casa noturna. O público de hoje quer novidade e que a balada represente estilo de vida. O setor deve passar por um processo de reestruturação organizacional, de posicionamento, de comunicação. Focar, no espaço, na climatização, na iluminação, nos alvarás, no treinamento de funcionários. A figura caricata do rei do camarote parece ter chegado ao seu fim.
OPINIÃO: Governar é (também) definir prioridades
Estar atento à mudança de comportamento do consumidor garantirá a adaptação da economia à nova concorrência. A concorrência é sinônimo de mudança, e a mudança passa necessariamente pelo comportamento do consumidor.