Agora é oficial: a Quarta Colônia é destino nacional. Durante três dias, representantes da operadora CVC estiveram na região para conhecer e divulgar a rota turística, que foi acompanhada de perto por autoridades, comunidade, imprensa e turistas. A convite da agência de turismo Viaggio e do Condesus, o Diário acompanhou todo o roteiro, que passou por quase todas as cidades da região, que fazem parte também do Geoparque Global Unesco e têm o selo do Guinness Book – Livro dos Recordes, como o berço dos dinossauros mais antigos da Terra.
O resultado dessa experiência pode ser conferido pelos próprios turistas por meio dos pacotes Raízes do Sul e Essência da Quarta Colônia, vendidos pela Viaggio Quarta Colônia aqui na região e pela CVC, em suas mais de 1,3 mil lojas espalhadas por todo o Brasil.
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Ainda no primeiro dia de viagem, o especialista de Negociação de Produtos RS da CVC, Maurício Souza, afirmou que não tinha “ideia do potencial da Quarta Colônia”. Ele disse que teve resistência em incluir a região em um pacote da CVC porque enfrentou, e ainda enfrenta, resistência por parte dos empresários do setor. Por muito tempo, conforme Souza, faltou maturidade para entender o que uma região precisa oferecer para ter um roteiro vendido pela empresa:
– A Andreia Brondani, da Viaggio Quarta Colônia, insistiu e resolvemos encarar esse desafio, até porque eu luto para desenvolver o nosso Estado. Eu não tinha ideia disso, é um momento muito diferente, esse roteiro é muito importante não para mim, gaúcho, mas para todo brasileiro, isso precisa ser mostrado. É importante vender esse roteiro. Estou há uma tarde aqui e estou já encantado. Na realidade, eu não tinha ideia do potencial que é a Quarta Colônia.
“Estamos colocando a Quarta Colônia no cenário nacional”
Na despedida do Fun Tour pela Quarta Colônia, na sexta-feira, Andreia Brondani, proprietária da Viaggio, falou sobre a experiência, a primeira de turismo a nível nacional. Existiu encantamento, resume:
– Foram dias intensos. Em três dias, tentamos mostrar o máximo da nossa região. Temos o nosso pacote “Essência da Quarta Colônia” e, eu posso dizer, que conseguimos tocar nessa essência. Os turistas estão encantados. A equipe da CVC está com outro olhar vendo que nós somos um geoparque porque temos um território único. Estamos colocando a Quarta Colônia no cenário nacional como destino, vendido pela maior operadora da América Latina.
A Quarta Colônia chega ao cenário nacional após dois anos de negociação com a operadora CVC, conduzidas pela agência Viaggio. O que acontece, agora, é o início da divulgação e do fortalecimento da rota pela região. Segundo Andreia, é um momento único para a Quarta Colônia:
– Sabemos que é um início. Não estaremos recebendo turistas amanhã. Mas é um início, um novo momento para a região. E percebemos o quanto todo mundo está envolvido. Os prefeitos nos acolheram nos municípios. Os secretários de Turismo fazendo o tour conosco. Me emociona toda essa mobilização. É algo único que está acontecendo aqui.
Avaliação da experiência
O roteiro pela Quarta Colônia está pronto. É o que afirma o representante da CVC, Maurício Souza. Durante uma coletiva de imprensa, realizada nesta sexta-feira (14), a avaliação da experiência foi positiva. O especialista aponta para o principal diferencial da região: as pessoas:
– O principal diferencial são as pessoas. Foi muito bem recebido aqui. É muito importante para a CVC e, para mim, pessoalmente como gaúcho. Eu estou há seis anos na CVC tentando desenvolver o interior do Estado. Já temos uma demanda muito grande para a Serra Gaúcha e gostaria de trazer um pouco dessa demanda para o interior, porque eu entendo que é um turismo completamente diferente de Gramado. É um turismo de experiência. Mas a CVC não faz nada sem a comunidade. É vocês que criam o produto e determinam o número de pessoas que vem aqui. Eu já ouvi outras vezes que a CVC é um turismo de massa e vai destruir o que a gente tem. Bem pelo contrário. Não somos mais um turismo de massa, mas de experiência. Já conseguimos ajudar muitas pessoas que hoje vivem de turismo.

Questionado pelo Diário sobre o que falta melhorar no roteiro, Mauricio Souza, da CVC, diz:
– Pensando no roteiro, eu vejo que ele está pronto. Eu acho que tem algumas coisas, como os acessos, mas sei que tem todo o problema das enchentes. Sei que atrasou muita coisa. A partir daqui, podemos criar várias coisas, melhorar o produto, trocar algumas coisas. Não sei precisar o que falta, precisaria de mais tempo, mas o que eu posso dizer é que o roteiro está pronto para ser comercializado.
Andreia, da Viaggio, avaliou a experiência como "emocionante e encantadora". Agora, é seguir o trabalho de divulgação e qualificação da região:
– Eles estão se emocionando com o simples, com a nossa forma de ser. Precisamos manter isso. Claro que a qualificação, ela é permanente. Precisamos sempre treinar a nossa equipe, mas eles foram excelentes. E a importância do poder público, para nos auxiliar com qualificação, com os acessos, sinalizações e com a divulgação desse destino. Estamos com uma passageira de Caxias do Sul que nunca ouviu falar da Quarta Colônia. Então, precisamos divulgar o destino. Uma divulgação constante e permanente. Eles (CVC) se encontraram e, a partir de agora, eles já estão com projetos nos principais destinos do Rio Grande do Sul, e o Maurício está indo para CVC com essa missão: fazer deste local algo muito importante. Não é só mais um destino. Vem coisa muito boa por aí. Tínhamos uma intenção e ele já está indo além do que pensamos.
Viagem pelo presente e pelo passado da Quarta Colônia
O roteiro teve início em Agudo e proporcionou uma viagem ao passado. Há quase dois séculos, em 1857, os primeiros imigrantes alemães chegavam em Agudo e, na região, deixavam suas raízes. Essa história é contada a partir de cada objetivo do Instituto Cultural Brasileiro Alemão, o ICBA. Quem guiou a visita foi a presidente do espaço, Rosângela Rohde Wilhilm, que contou a origem da cidade desde a época em que era chamada de Santo Ângelo:
– Agudo é berço de imigrantes. Então, esses pontos retratam e trazem para a comunidade o que representou a imigração italiana desde 1857. Para nós, que somos berço, é muito importante a conservação e a valorização deste patrimônio. E é muito muito bom quando as pessoas nos visitam.

A Casa Charlote, que fica ao lado do ICBA, foi o segundo espaço visitado. Os bordados, a máquina de costura, os móveis e as vestimentas contavam como viviam os primeiros imigrantes. A casa é uma memória fiel do século 19 e motivo de curiosidade para quem chega. O passeio por Agudo ainda visitou a praça com a réplica dos dinossauros encontrados na região.
Maria Luiza Porto, 70 anos, veio da Capital e, na Quarta Colônia, resgatou o passado – seja pela decência alemã, seja pelas lembranças dos anos em que morou no país europeu. A paleontologia, também, despertou o interesse da porto-alegrense. Ela conta que ficou impressionada com as belezas e a cultura da região:
– Eu estou me realizando, porque, realmente, acho que o bom turismo é esse, o cultural. A gente absorve, recorda, pode discutir e ainda ir adiante e investigar coisas, pois sou da área da pesquisa. E por enquanto, está muito bem organizado, estou muito feliz de ter vindo conhecer, já conheci toda a cultura alemã em Agudo. E o geoparque, incluindo a Quarta Colônia, é mais do que importante. Sou fã dos geoparques. Visito muitos deles em outros países – afirmou Maria Luiza, após uma selfie com as réplicas dos dinossauros.
À tarde, o passeio seguiu para Dona Francisca, com as belezas do Parque do Imigrante e da Igreja Matriz São José. Cada detalhe da paisagem natural e da arquitetura foi contemplado. Ainda em Dona Chica, como é carinhosa chamada por quem a conhece, o tour passou pela Cervejaria Artesanal Leistüngbier. Logo na chegada, o segredo para uma boa cerveja foi revelado pelo proprietário Fabrício Rampelotto: lúpulo, levedura, água e cevada de qualidade.
Uma parada no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) despertou curiosidade sobre as descobertas. É na Quarta Colônia que estão os dinossauros mais antigos do mundo, característica que garantiu o selo Unesco de território geoparque à região. No retorno, o pôr do sol nas oliveiras do Recanto Maestro deixou lembranças naqueles que encerravam o primeiro dia de Fun Tour. Com o violino ao fundo, poderia ser uma cena de um filme.
Passeio pela religiosidade e imigração italiana
Recanto Maestro, distrito de Restinga Sêca, março de 2025. Às 8h da manhã, o ônibus que levava os turistas saiu do hotel em direção ao primeiro destino: Silveira Martins. No trajeto, a proprietária da Viaggio, Andreia Brondani, apresentava a Quarta Colônia aqueles que visitavam a região pela primeira vez. Também era um convite para seguirem a viagem.
– Sejam bem-vindos à Quarta Colônia. Estamos em um lugar único no mundo. Há um ano fomos certificados pela Unesco, então, estamos em um território de Geoparque – introduziu Andreia.
O grupo do segundo dia contou com quase 50 pessoas. Ônibus cheio. Além do grupo de turistas, que vieram de cidades como Porto Alegre, Igrejinha, Gramado e Novo Hamburgo, representantes da CVC e da gestão do Geoparque Quarta Colônia acompanharam a viagem.
A primeira parada de Silveira Martins foi o Monumento do Imigrante, uma homenagem aos italianos que chegaram na região há 150 anos. O local também é um convite a contemplação da paisagem, circundada por morros. A excursão foi recebida pela secretária de Turismo de Silveira Martins Cátia Ferret e pelo prefeito Sadi Tolfo.
Na Paróquia de Santo Antônio de Pádua, os turistas foram recepcionados com música italiana e boas histórias sobre a construção centenária. Jaime Ohlweiler, 73 anos, se emocionou ao ouvir o som da flauta, do clarinete e do violino. Morador de Igrejinha, região metropolitana do Estado, é a primeira vez que ele desembarca na Quarta Colônia:
– Eu já fiz muitas viagens, inclusive, para Roma, na Itália, e fiquei muito impressionado com a recepção que tivemos. O que me deixou muito emocionado foi a igreja. Tem sido muito bom estar aqui.
Em Silveira Martins, o passeio também parou no antigo café Silmar, que ainda mantém os velhos hábitos da região. A empreendedora Giovanna Bonella é responsável por dar vida à fábrica construída pelo avô no século passado.
A hora do cafezinho foi seguido pelo almoço típico italiano no Restaurante La Sorella. Um dos sócios, Celito Dalmolin, comemora a chegada dos turistas e de novos apreciadores da culinária:
– A vinda de vocês é fundamental. Não usamos a mídia para divulgar porque confiamos na fidelidade do cliente. Por isso é importante. Temos a oportunidade de mostrar o que a gente faz. Isso é uma benção para a nossa alma.
À tarde, a viagem seguiu para Vale Vêneto. “É como se fosse um pedacinho da Itália no Rio Grande do Sul”, afirma um dos moradores do distrito. Uma parada no museu e outra na Igreja de Corpus Christi. E, assim, o passeio seguia. Na Cachaçaria Gentil, um convite à contemplação de diferentes sabores e uma imersão no processo produtivo. Mais do que isso, o proprietário José Francisco Tronco resgata a história da família aos turistas:
– Herdei a cachaça no sangue pela parte materna e a logo “Gentil” é a assinatura do meu pai – conta Zeca, como é conhecido no vale.
Em Faxinal do Soturno, uma mistura de religiosidade, tradição e aventura. Uma visita a Igreja São Roque, com apresentações artísticas, foi a primeira parada. Lá, seu Pedro, 80 anos, aguardava os turistas. Há duas décadas é ele que toca o sino, três vezes na semana. Agora, passa a tradição para o filho Pietro, de 26.
Foram seis quilômetros, em um caminhão de passeio, até o Cerro Comprido. Cuidado com os galhos, olhos fixos na paisagem e, assim, a viagem seguia. No alto de Faxinal do Soturno, a Igreja Ermida de São Pió aguardava a chegada dos visitantes, em toda a sua simplicidade, fé e beleza. A emoção tomou conta de muitos. Foi momento, também, de agradecer pela viagem. Um brinde ao pôr do sol no Café Pianezza, com mais um pouco de emoção, encerrava o segundo dia de viagem.

O encantado mundo de Recanto Maestro
No terceiro dia, o Fun Tour se despediu da Quarta Colônia. A rota incluiu um tour pela Faculdade Antônio Meneghetti (AMF) e pela vida do fundador.
– Tudo isso aqui foi projeto do Antônio Meneghetti. Grandes empresários e personalidades já estiveram aqui - conta Andreia, durante um passeio pelo Recanto Maestro.
O passeio seguiu para as Thermas Romanas, com as famosas piscinas de água salgada. São mais de 113 mil visitantes por ano. À tarde, o Fun Tour desembarcou na Fábrica de Azeite de Olivas para degustação. No fim de semana, a viagem segue para Livramento, na Fronteira. Por lá, um tour cultural e um passeio pelo Trem dos Pampas encerra o pacote “Raízes do Sul”, agora nas vitrinas da operadora CVC.
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