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OPINIÃO: Pensar só gasta fosfato. E fosfato é de graça

Jader Hoffmeister

Cada vez mais e mais pessoas fazem promessas em busca de um benefício para si ou para outro. Em eventos religiosos, vemos cenas de pagamento de promessas que são verdadeiros atos de fé, tudo em nome das graças alcançadas. Mas, assim como os pedidos são os mais variados, as formas de pagamento também o são. Em muitos casos, na medida em que são verdadeiros atos de fé, são, igualmente, verdadeiros autoflagelos, tal o sofrimento que o pagador impõe a si próprio para cumprir com a sua palavra empenhada com o santo ou a santa de sua devoção. 

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Quanto mais são os pedidos atendidos ou as graças alcançadas, mais se pede e mais se paga. É a fé, podem argumentar alguns, e a fé deve ser respeitada. Sem dúvida que sim. Quanto a isso não se discute, absolutamente. O que podemos discutir é se os santos ou santas só atendem aos pedidos se estes forem feitos em forma de promessas com pagamentos difíceis e dolorosos. Não se discute a fé, mas, sim, a forma como se pede e se paga. Esta, sim, é a discussão. 

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 Ainda que estejamos vivendo a pleno o terceiro milênio da era cristã, o homem, em certos aspectos, ainda cultiva as mesmas crenças e medos dos nossos antepassados. Pedir não é errado de maneira nenhuma. Errado é imaginar que as divindades padeçam das mesmas necessidades que nós, ainda muito ligados ao ¿é dando que se recebe¿. Pressupõe-se que, se alguém alcançou o altíssimo grau de santidade, já não cultive, no outro plano da vida, a antiga prática do ser humano de exigir pagamento por qualquer favor. 

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Ponha-se no lugar do seu santo ou santa de sua devoção e pergunte para si mesmo se você gostaria de ver seu protegido achando que somente seria atendido em seu pedido se cumprisse com a palavra de pagar a promessa feita ou, ainda, veria sem dor na alma, o autoflagelo dele em nome da fé. Se você tiver a isenção suficiente para separar, neste caso, a emoção da razão, verá que esta lhe dirá que a promessa é um ato de quem ainda não entendeu o significado dos percalços, das dificuldades, dos obstáculos e tudo mais que serve de ferramenta para o nosso aprendizado enquanto espíritos imortais nesta etapa terrena da nossa evolução. O que não significa que tenhamos que aceitar o sofrimento passivamente. Claro que não. Pelo contrário, devemos lutar contra. Não devemos esquecer nunca, porém, que as dificuldades não são castigos divinos e sim preciosas lições de aprendizagem. 

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 Ao finalizar, uma questão para reflexão. Por que se pede a um determinado santo ou santa e não ao nosso anjo de guarda que está conosco diuturnamente? Será porque imaginamos que ele não tenha a capacidade e nem a competência necessária para o atendimento dos nossos pedidos? E mais, você já pensou se ele, como acontece conosco, ficasse magoado a cada vez que confiássemos a outro nossos pedidos e segredos como comumente acontece? Pense nisso! Pensar não custa nada, só fosfato, e fosfato é de graça. 

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