No ¿país do futuro¿, estamos desperdiçando o presente. E colocando em risco a sobrevivência. Enquanto, nos países desenvolvidos, usa-se o lixo (resíduos) para geração de energia elétrica, gás e adubo orgânico, no Brasil, faz-se aterros sanitários, perigosos e irresponsáveis, que poderão contaminar o solo e a água, além de prejudicar os seres humanos que vivem da reciclagem.
OPINIÃO: Mais que torcer por ela
No Rio Grande do Sul, nós temos 20 aterros sanitários em funcionamento autorizado e mais 34 sem licença atualizada. Esses aterros geram despesas imensas e colocam em risco o meio ambiente. Em Santa Maria, temos dois aterros sanitários, um para o lixo sólido, e outro, pasmem, para depósito de lixo hospitalar, que atende toda a região central do Estado. Lembrando que estamos sobre o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água potável do planeta, que poderá ser contaminada e colocar em risco o equilíbrio ecológico de todo hemisfério sul.
OPINIÃO: A crônica de uma mordida anunciada
Na realidade, lixo hospitalar deve ser incinerado, gerando energia elétrica, e seus resíduos (cinzas) podem ser utilizados na fabricação de cimento ou na fabricação de asfalto para pavimentação de ruas ou rodovias. E, o mais importante: evitando a contaminação.
Na Alemanha, não é mais permitido fazer aterros sanitários. O lixo é queimado e gera energia elétrica. As cinzas que restam do processo são utilizadas na construção das maravilhosas autoestradas. O lixo orgânico é depositado direto nos contêineres pela população, sem embalagem plástica, para facilitar o manejo. Os produtos recicláveis são separados em grandes pavilhões com esteiras e com parte mecânica. Ainda há trabalho de coleta feito por pessoas, mas em condições mais favoráveis e com equipamentos de proteção.
OPINIÃO: Pacto por onde vivemos
No Japão, a situação é parecida com a da Alemanha: não são mais autorizados aterros sanitários, somente fornos de incineração com geração de energia, e a população luta para reduzir o volume de lixo gerado por habitantes. As cinzas são utilizadas na construção de estradas.O mundo está preocupado com os lixões. E nós, o que estamos fazendo para resolver este problema?
Sugiro que a reitoria da UFSM, por meio da incubadora tecnológica, faça um projeto modulado de manejo do lixo para Santa Maria. Os dejetos seriam entregues a um grupo de empreendedores para implantar o projeto, que continuaria de posse da UFSM, de tal forma que poderia ser vendido para outras cidades e empresas para exploração.
O primeiro módulo piloto não teria custo, uma vez que seria um teste de mercado para ver de sua viabilidade. E seria uma grande contribuição para aproximar o meio acadêmico da prática. Na UFSM, temos as engenharias Civil, para fazer as obras; Mecânica, para maquinários; Elétrica, para a transformação em energia; Química, para lidar com o chorume, além da Administração para tocar o projeto e dar melhores condições de trabalho e remuneração aos catadores. Tenho certeza que esta poderia ser a maior contribuição que todos, juntos, deixaríamos para as próximas gerações.