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OPINIÃO: Diretas não é garantia de solução

Sergio Blattes

O Brasil foi levado à situação em que se encontra por governantes legitimamente eleitos pelo povo. Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, foi eleito e reeleito. Dilma – contra quem não há pecha de corrupção – foi eleita, reeleita, assim como seu vice, hoje, presidente. E, caso não tivesse sido reeleita, teríamos como presidente Aécio Neves, que, por muitos maiores motivos, como se tem visto, já teria razões para ser defenestrado. Nessa hipótese, teríamos como presidente Aluysio Nunes Ferreira, que concorreu como vice de Aécio e, hoje, ocupa o cargo de ministro das Relações Exteriores do governo de seu concorrente.

Dentre os senadores e deputados envolvidos nas mais diversas formas de corrupção e criminalidade, nenhum chegou lá sem a chancela do voto popular. Foram todos eleitos. 

Exceto alguns ministros, alçados à posição por nomeação pessoal do presidente, todos os demais envolvidos nos malfeitos que afundam o país são frutos de eleições diretas.

Não estou afirmando ser contra eleições diretas. Estou, isso sim, afirmando que eleições diretas não são panaceia (qualquer coisa que se acredite possa remediar vários ou todos os males), pois dependem do contexto em que são realizadas.

O eleitorado só pode escolher dentre aqueles que se apresentam como candidatos (escolhidos e indicados por seus partidos), e há situações em que não há escolha que atenda ao bom senso, diante da qualidade dos pretendentes. Os partidos estão contaminados, e a tendência é de que nos ofereçam opções igualmente conspurcadas.

Por outro lado, há aumento do fanatismo, que tende a cegar o eleitor e transformá-lo em torcedor, que não vê os defeitos de seu lado e enxerga com lentes de aumento os defeitos dos adversários. Isso, como se viu no pleito de 2014, serviu para uma divisão do país em que não há vencedores, os dois lados estão enredados na mesma teia. Se o resultado da eleição tivesse sido outro, o país estaria sofrendo dos mesmos males, talvez piores, se considerarmos as condições pessoais dos dois candidatos cabeça de chapa. Dilma caiu pelas "pedaladas", mas sem um aponte de ato de corrupção. O candidato preterido, mas por pequena margem de votos, agora se sabe, estaria pessoal e politicamente com envolvimento criminal.

Por isso, não aposto muito em queimarmos nossas esperanças elevando aos céus eleições diretas como oferenda, na expectativa do milagre de que, pelo simples fato de uma pessoa ter mais votos a favor do que outra, receberá a ¿iluminação¿ e saberá melhor nos conduzir, quando, às vezes, ela não saiba nem sequer conduzir a si própria.

O eleitor é vítima de uma súcia que domina e dirige as estruturas partidárias, despreocupadas em apresentar um cardápio de candidatos palatáveis e, assim, é iludido (ou levado ao fanatismo) terminando por ser vítima de si mesmo pelas escolhas que é obrigado a fazer porque não tem alternativa.

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