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OPINIÃO: De um avô, sobre seus netos: desafios de passado e futuro

João Gilberto Lucas Coelho

Desde que comecei a ter netos, pego-me refletindo sobre o mundo instigante no qual viverão e as profundas transformações que terão oportunidade de acompanhar e vivenciar. Eles nascem não apenas para um século recém-chegado, como para um novo milênio no calendário ocidental dito gregoriano. Comparo o ponto de interrogação sobre o futuro deles com as turbulências, angústias e maravilhas que as sete décadas já percorridas me oportunizaram sensibilizar. Afinal sou uma pessoa do pós II Grande Guerra e, portanto, de uma geração que viveu abissais mudanças, sentiu-se perto do fim do mundo pela iminente hecatombe nuclear que a Guerra Fria prenunciava e viu surgirem novidades e tecnologias inimagináveis, movimentos inovadores na população mundial. 

OPINIÃO: Fazer da vida um caminho de felicidade

A angústia da juventude dos anos 50/60 levou ao rock, às contestações de costumes, ao grito politizado na música como ¿é um tempo de guerra, é um tempo sem sol¿. Mas também gerou as culturas alternativas, o ¿paz e amor¿, o ambientalismo. Depois, desembocamos na velocidade das alterações pelas tecnologias revolucionárias, nosso cotidiano se encheu de possibilidades e desafios. Nas sociedades nacionais, a ideia de um estado de bem estar social lançou patamares de convivência, condição de vida e oportunidades que se irradiaram por diferentes povos e circunstâncias.

No Brasil, esta minha geração acompanhou as incertezas do início da década de 50, o desenvolvimentismo, um longo e autoritário regime militar e a redemocratização com toda a participação popular que a embalou. Na transição de milênios, pareceu ver o Brasil finalmente estabilizado politicamente, com projetos sociais interessantes, reduzindo as abissais desigualdades, o mundo olhando-nos com certo apreço. E o desabar de tudo isso, por desacertos acumulados e práticas desvirtuadas que a tudo roeram.

OPINIÃO: Pensar só gasta fosfato. E fosfato é de graça

Presumo e espero que meus netos viverão até a segunda metade deste século que se inicia tão angustiante por aqui e alhures. Como será o mundo que sua geração vai construir sobre os escombros desta? Como será a balança entre paz e guerra, harmonia e violência? Que inovações ainda mais surpreendentes surgirão, quantos horizontes inusitados vão se abrir, o que irá se perder nesse ritmo de evolução?

Esta minha geração, que vai se apagando e saindo de cena, descobriu que o progresso tem preço alto, especialmente, ecológico, mas, também, humano. Descobriu que as tecnologias servem para construir e para destruir, que os ciclos se alternam em todos os campos e que os ideais de uma aldeia global reativam sentimentos localistas e movimentos nacionalistas. Enfim, aprendemos muito, mas pouco servirá para os desafios que a geração de meus netos enfrentará.

OPINIÃO: A ideologia da escassez

Olhando para eles, parece que retorno a tempos infantis e juvenis quando me assustava pensar no ano 2000 (especulava não chegar lá) ou sobre o que me reservaria o caminho. Mesmo calafrio. Idêntica angústia. E o deslumbramento quase mágico do que está por vir.

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