A primeira noite de calourada segura na Praça Saturnino de Brito após a execução do jovem Leonardo da Silva Pereira Almeida, 22 anos, foi de pouco movimento no centro de Santa Maria. Entre 200 e 250 jovens se reuniram no local entre 21h30min e 23h de quinta-feira tempo em que a reportagem permaneceu no local. A grande quantidade de policiais da Brigada Militar (BM) e de guarda municipais chamava a atenção.
Sozinhos, em duplas ou em pequenos grupos. Assim estavam divididos os poucos frequentadores que foram até a praça Saturnino de Brito na noite de quinta-feira. Com copos de bebidas em mãos, sacolas com os “kits” (uma garrafa de energético, uma de bebida alcoólica e um saco de gelo) eles conversavam e interagiam no local.
Nenhum dos frequentadores fazia parte de algum trote de alguma das universidades da cidade, pois não tinham rosto pintado ou participavam de brincadeiras. Conforme a Brigada Militar, os presentes eram jovens de vários bairros de Santa Maria e que foram ao local, mesmo após o assassinato.
Policiamento
Foto: Nathália Schneider (Diario)
Após o crime, as autoridades de segurança pública prometeram reforço no policiamento e o grande números de policiais e movimentação de viaturas foi percebido no centro da cidade, seja quantidade de PMs ou pela pouca movimentação de pessoas no local.
Durante a noite, a praça ficou totalmente cercada, viaturas circulavam pelas ruas do centro, enquanto que policiais a pé caminhavam pela praça e revistavam suspeitos. Os policiais não ficaram só na região central, eles também reforçaram o policiamento no Bairro Camobi onde grande quantidade de jovens se reuniu em frente a bares próximos a RSC-287.
As ações também contaram com o trabalho de policiais do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), que tiveram o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para controlar o trânsito próximo a rótula da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
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Outras vítimas contam como foram assaltada e agredidas
Dois jovens militares do exército, de 22 e 24 anos, foram assaltados pouco antes da morte de Leonardo da Silva Pereira Almeida, 22 anos, na madrugada de quinta-feira em Santa Maria. Uma das vítimas, que não será identificada por questões de segurança, contou como o crime aconteceu.
– Se for parar para olhar aquele vídeo do assassinato, nos primeiros segundos do vídeo no canto superior esquerdo da tela, tu vai ver três pessoas. Aquilo lá é a gente sendo assaltado. Quase testemunhamos. Não testemunhamos por que o cara perdeu o facão e a gente saiu correndo. A gente estava na praça do Brahma, daí a gente pensou em chamar um carro de aplicativo, mas daí pensamos que havia muita gente e o motorista não iria até lá e resolvemos descer um pouco (pela Rua Niederauer). Eu e meu amigo fomos descendo e quando vê eu só sinto aquele negócio na nuca. Ele chegou com o facão e me deu na cabeça. Eu olhei para o lado e estava o cara com o revólver apontando na minha cara. Eu entreguei o celular e ele saiu. Só ficou o com o facão ali. Ele pegou o celular do meu amigo, e quando ele entregou o telefone, ele pôs no bolso e deu com o facão no rosto dele. Ele veio para me acertar outro faconaço e o facão escapou da mão dele e foi parar no meio da rua. Foi quando nós conseguimos correr explica o jovem.
Ao ser questionado pela reportagem se os suspeitos estariam bêbados, drogados ou normais, a vítima afirma que os ladrões estavam muito alterados e agressivos. Segundo a vítima, as saídas nunca mais serão as mesmas.
– Uma pessoa normal não sai fazendo isso não. Eles estavam muito na droga. Foi um susto bem grande. Na hora foi bem assustador, ainda mais quando eu vi cortarem meu amigo no rosto. Não digo que não irei mais na praça, mas não ‘dar o mesmo mole (se descuidar). Festinha ninguém deixa de fazer, mas não dar o mesmo mole e sair de bobeira – conta a vítima.
A outra vítima, o militar de 24 anos, teve dois dentes quebrados e um corte no rosto após levar pelo menos um golpe de facão.
Investigação
Os policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil seguem o trabalho de investigação do crime. Segundo o delegado André Diefenbach, até o final da manhã desta sexta-feira (16), pelo menos três testemunhas e ou vítimas já foram ouvidas.
Além do irmão do jovem Leonardo, assassinado no assalto, o amigo deles que estava junto e conseguiu fugir dos ladrões e outro jovem que também foi assaltado prestou depoimento.