Os calouros das universidades portuguesas também fazem comemorações na época do início das aulas. Aliás, aqui, o ano letivo começa em setembro, já que as férias de verão ocorrem nos meses de julho e agosto.
Eles não chamam de “trote” e sim de “praxe” e acreditem: ela dura um ano letivo inteiro. Ou seja, um calouro só deixa de ser “novato” depois do primeiro ano de universidade. É quando os estudantes ficam aptos, autorizados, a utilizar o traje preto.
O objetivo das praxes é o mesmo dos trotes no Brasil, o de integrar os novos alunos à comunidade acadêmica. As atividades são propostas pelos veteranos que fazem os calouros brincar, cantar, dançar, deitar no chão e por aí vai. Eles fazem isso semana após semana no entorno das universidades e também nas ruas do centro das cidades onde existem instituições de Ensino Superior, como por exemplo, Porto, Coimbra, Lisboa, aqui em Braga, entre outras. A praxe em Portugal é uma tradição antiga, começou quase junto com o surgimento das universidades e, por isso, está mesmo enraizada à cultura do país. O período das praxes termina no fim do primeiro ano letivo com a chamada Queima das Fitas, uma espécie de cerimônia que marca a passagem de calouro para veterano.
Foto: arquivo pessoal
Assim como no Brasil, às vezes, algumas atividades ultrapassam os limites. O excesso de bebida alcoólica, a falta de bom senso em brincadeiras propostas são alguns exemplos. O problema das atividades violentas ou que desrespeitam a integridade do ser humano vem sendo discutido entre universidades e órgãos ligados à educação. Há, inclusive, quem sugira a proibição das praxes. E há também quem acredite que essa tradição deva ser mantida, mas com regras mais rígidas, porque afinal a integração é importante entre os jovens, ainda mais em Portugal que recebe muitos estudantes estrangeiros. Essas ações podem ajudá-los a conhecer a cidade e o contexto como um todo. Em Portugal, as comemorações de início e fim do ano fazem parte do calendário, sendo a Queima das Fitas um evento com divulgação e infraestrutura mais ampla.
Independentemente do nome que receba e de quanto tempo dure, a ideia de integrar os estudantes é válida em qualquer país; mas é certo também que sempre há polêmica em torno dessa prática. O fato de envolver muitos jovens em lugares públicos exige um certo planejamento das cidades universitárias, regras e o acompanhamento dos órgãos de segurança.
No Brasil, principalmente por questões de segurança pública: evitar assaltos, brigas e confusão seja entre os jovens que participam da festa, seja por terceiros que se aproveitam do contexto para praticar ações ilícitas. E em Portugal, para garantir que as atividades propostas não virem brincadeiras de mau gosto e até caso de polícia, é uma preocupação mais relacionada à ética – evitar atividades que humilhem os estudantes, que contenham componentes racistas ou xenofóbicos, mas também pela segurança em gera.
Michele DiasMeu nome é Michele Dias da Silva, tenho 42 anos, casada, duas filhas lindas e santa-mariense com muito orgulho. Sou formada em Letras pela Universidade Franciscana e em Jornalismo, pela Universidade Federal de Santa Maria; e tenho mestrado em Ciências Sociais, pela Universidade do Minho (Portugal). Trabalhei em telejornal por 15 anos, a maioria destes como editora e apresentadora do Jornal do Almoço. Atualmente, produzo conteúdo para redes sociais de empresas e faço fotos, vídeos e textos sobre as minhas andanças pela Europa porque sou curiosa e apaixonada por descobrir boas histórias.
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