Os moradores das Rua H e da Rua G, na Vila Lídia, no Bairro Noal, têm suas casas invadidas pelas águas da chuva desde 1996. Mais de 80 famílias são atingidas e perdem seus móveis e pertences a cada enxurrada forte. Atrás das vias, passa um afluente do Arroio Cadena que transborda em razão dos lixos que são depositados nele.
– É muito lixo que tem aqui. E de todo o tipo. Os moradores relatam que, durante a noite, ouvem barulhos de caminhões que despejam os dejetos aqui. Os próprios moradores do bairro também colocam lixo. Já mandamos mais de 30 ofícios pedindo uma resposta do Executivo, mas até agora nada – declara Ricardo Quevedo, presidente da Associação Comunitária da Vila Lídia.
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Os canos que foram instalados não dão vazão para a água, que sobe rápido com as fortes chuvas e invade as casas dos moradores. Alguns deles chegaram a abandonar as residências por não aguentarem mais a situação. Enilda da Silva Alves, 65 anos, foi uma das moradoras que saíram. Ela conseguiu morar com a irmã e, alguns dias da semana, volta na antiga residência, na Rua H, para dar sequência na obra que está fazendo.
– Eu estou cansada de perder as minhas coisas em todas as chuvas fortes que acontecem. Agora comecei uma obra aqui para levantar o piso da minha casa e não ter tanto prejuízo. Mas não sei mais o que fazer – desabafa a pensionista.

As casas que existem no terreno, ou que são mais altas, acabam não sendo atingidas pelas enchentes. Mas na mercearia do seu Jorge Renato Martins de Oliveira, 61 anos, não é o que acontece.
– Já perdemos vários produtos de armazém e alguns móveis. A água entra pela frente e pelos fundos do terreno, invade o mercado e a nossa casa, que é no mesmo local. Por sorte, não tivemos prejuízos maiores com os freezeres – relata ele.
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Em uma conversa com o Diário, alguns moradores contam que fezes humanas e outros dejetos da rede de esgoto também invadem as casas com a enchente.
Aposentada precisar sair de barco

Araci Escobar Nogueira, 73 anos, mora na Rua G há mais de 20 anos. Na época, ela tinha sido retirada da Vila Maria e transferida para a Vila Lídia.
Dona Araci tem a casa ao lado do arroio, e precisa ser resgatada de barco pelos vizinhos devido à altura que a água atinge. A cada enchente, é esse tormento.
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A aposentada contou à reportagem que já precisou comprar três roupeiros com as enchentes que atingiram sua casa. A parede de tijolos mostra as marcas das inundações, que ultrapassam um metro de altura.
– Nós já não dormimos quando começa a chover forte. Sempre preciso sair de casa e levantar todos os meus móveis – afirma ela.
Os cachorros que a aposentada tinha acabaram morrendo em outras enchentes. Só restaram os gatos, que ela coloca em cima do sofá para protegê-los.
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– Como levanto todos os móveis, eu coloco os gatos no sofá, e lá eles ficam quietinhos.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Conforme o vice-prefeito Sergio Cechin, que coordena o Núcleo de Avaliação e Prevenção de Desastres (NAP-Desastres), as ruas H e G, na Vila Lídia, são locais que estão apontados no mapeamento do município, que identificou 261 pontos de alagamento na cidade.
Conforme Cechin, o tipo de alagamento do local é causado pelo assoreamento de um curso d¿água, mais especificamente o Arroio Cadena. Assim, Cechin salienta que o ponto já consta no cronograma para receber o serviço de desassoreamento, mas que não há como precisar a data em que o trabalho será feito, em função de que a máquina que é usada no serviço está em atuação, nesse momento, no Distrito de Arroio Grande, onde realiza o mesmo tipo de ação.