Hoje, no dia em que se comemoram os 193 anos da Independência do Brasil, em meio à crise financeira, põe-se em questionamento a certeza do orgulho pela pátria brasileira. O Diário perguntou, a 12 pessoas no Calçadão de Santa Maria: quais os motivos que tenho para me orgulhar do Brasil? Oito foram otimistas e quatro pessimistas.
Especialistas afirmam que há razões para ser ufanista. Apesar do momento difícil da política e da economia, a esperança de um futuro melhor e a união do povo são a saída para enfrentar a crise e ter mais motivos para se orgulhar em ser brasileiro.
Entre os otimistas, a solidariedade, a democracia, a abundância de riquezas naturais e os potenciais econômicos estão entre os principais motivos para ter orgulho da pátria. Para o dentista Fernando Segatto e Souza, 26 anos, a determinação do povo também é fundamental:
Sempre tive orgulho em ser brasileiro, porque não desistimos nunca. Mesmo em meio a uma crise, conseguimos ter forças para seguir em frente. E a população se ajuda, quando a gente está mal sempre vai ter alguém para te ajudar.
Entre os pessimistas, as crises políticas e econômicas achatam qualquer sentimento mais positivo em relação ao país.
Eu me orgulhava em ser brasileira. Quanto mais a gente buscava e lutava pelas coisas, percebia a melhora, mas, agora, está cada vez pior. Não sabemos em quem confiar. Os governantes, que ganham mais, aprontam cada vez mais também. E nós, os mais humildes, acabamos sendo humilhados relata a professora municipal aposentada Selvina Ferreira da Silva, 58 anos.
A visão dos especialistas
A doutora em Ciência Política e professora do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Céli Pinto, afirma que é preciso, sim, ter orgulho do país, principalmente do povo.
Tem de ter orgulho do povo que trabalha muito, que teve uma ascensão social muito potente nos últimos 12 anos. Que, agora, está muito mais presente nas universidades do que em anos anteriores. O povo que tem mais casa do que tinha antes, que consome mais do que antes. É esse o orgulho do país que temos que ter, do povo que batalhou para tudo isso afirma a professora Céli.
Para o analista, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Kramer, o orgulho nacional é a soma de patriotismo com cidadania. Para ele, no Brasil, o 7 de setembro é uma data oficial, uma demonstração da autoridade do Estado. Ao contrário da realidade de outros países, como os Estados Unidos, em que a data da independência é uma festa do cidadão e da sociedade.
Em países em que a cidadania não andou de mãos dadas com o patriotismo, se perde a faceta social, a parte mais espontânea da sociedade e vire uma festa oficial como a que temos aqui.
Kramer afirma que esse patriotismo fica mais evidente quando ocorrem manifestações não oficiais, como os panelaço e protestos contra o atual governo.
Não somos os únicos patriotas
O comandante da 3ª Divisão de Exército, general José Carlos Cardoso, afirma que existem muitas razões para os brasileiros se orgulharem do país. Segundo ele, os militares não têm o monopólio do civismo ou do patriotismo. Conforme Cardoso são cidadãos comuns que, ao ingressarem nas Forças Armadas, assumem o compromisso de se dedicar inteiramente ao serviço da Pátria. Para o general, é normal que, diante das dificuldades e das crises, aflorem na população a preocupação e a ansiedade.
O serviço militar não nos torna os únicos patriotas. Todos os brasileiros, de uma forma ou de outra, precisam demonstrar esse patriotismo, para que o sentido de solidariedade seja valorizado afirma Cardoso.
Para o professor da UnB, Paulo Kramer, as crises podem trazer oportunidade de crescimento para o país:
Temos, principalmente nos jovens, uma possibilidade de incentivar ainda mais a cidadania. Quem sai do pa"