Carmem Gislaine Matos é uma das primeiras a chegar ao local de trabalho todos os dias. Ela é uma das responsáveis por deixar a Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Rocha limpinha para receber os alunos todos os dias. A jornada diária começa às 6h30min e dura oito horas. O problema é que Gislaine está praticamente sozinha nessa tarefa.
Para limpar a escola, que tem dois prédios de três e quatro andares e atende a cerca de mil estudantes, Gislaine e outros dois colegas precisam fazer um pouco de tudo. E eles não são os únicos nessa situação.
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A falta de servidores é apontada pela maioria das instituições visitadas pelo "Diário" como o principal desafio para 2016 quando o assunto é recursos humanos _ tema da terceira reportagem da série Os desafios da educação pública estadual. O levantamento, realizado em 10 escolas de Ensino Fundamental e Médio entre os dias 10 e 13 de novembro, apontou também que, em geral, não há déficit de professores.De 10 escolas que receberam lousas digitais, só duas usam com frequência
Os servidores são lotados nas escolas pela Secretaria de Educação do Estado de acordo com o número de estudantes. E é aí que está o primeiro ponto de discordância das direções. Elas questionam o fato de não ser considerado o tamanho da escola em área física. Além disso, mesmo na relação quantidade de estudantes x funcionários, a análise dos dados fornecidos pelas direções aponta distorções absurdas. Na divisão direta do número de alunos pelo número de servidores, as proporções variam um funcionário para 24,6 alunos até de um para 80 (veja no gráfico).
Remuneração desestimula
A direção da Maria Rocha sabe bem o que é ter de manter a escola com cada vez menos pessoas. Segundo a gestora Cleonice Fialho, a instituição encerra 2015 com 15 servidores, metade do que tinha há três anos. Oficialmente, são 19. Porém, quatro estão em licença-prêmio, aguardando a aposentadoria. Assim, a relação funcionário x estudante fica em um para cada 66,8 alunos.
Foram nos tirando, tirando... (funcionários). A área mais deficitária é a limpeza. Pátio não existe. Só temos três funcionários (limpeza) para este e para o outro prédio de quatro andares duas mulheres, uma delas com quase 60 anos, e um homem. É um absurdo reclama Cleonice.
A equipe que trabalha na escola também revela que há necessidade de mais merendeiras.
Nessa luta diária, o excesso de trabalho e a baixa remuneração estão tirando o gosto de Gislaine pelo trabalho na escola. Por isso, os planos da servidora são concluir o Estudo para Jovens e Adultos (EJA), fazer um curso técnico e tentar um novo emprego.
Lavo paredes, vidros, limpo a escola toda, ajudo as merendeiras e, quando é preciso, fico na portaria. Até pintura eu faço. Mas o salário é baixo, a escola muito grande e, ainda, tenho que aguentar xingamentos dos alunos. Pensei em desistir, mas gosto da escola e preciso do emprego. Por enquanto, o negócio é baixar a cabeça e trabalhar.
O QUE DIZ O ESTADO
Segundo a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE), para"