aulas presenciais

Estudantes acreditam que a presença física do professor é importante no aprendizado

data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Arquivo pessoal

A estudante Manuela Agostta Rech, 12 anos, passou para o 7º ano do Ensino Fundamental no Colégio Sant'Anna e gostaria muito que houvesse vacina disponível para que o ano letivo de 2021 fosse de forma presencial. 

- Não gostei muito do ensino a distância. Para ser bem sincera, senti muita falta do colégio, dos colegas e dos professores. Passei de ano com notas boas, mas acho que a presença física do professor é muito importante no nosso aprendizado - diz .

IFFar está com inscrições abertas para cursos técnicos integrados ao Ensino Médio

Ciente da realidade atual, a menina entende que é necessário adotar protocolos de segurança para encher as salas de aula novamente.

- Preservar a vida ainda é mais importante! - destaca.

Para a mãe da Manuela, Camila Agostta, os desafios do ensino a distância foram grandes:

- Neste momento em que estamos, a vida e a saúde são as prioridades, a adaptação, em si, não foi difícil. A escola da Manuela se adequou e replanejou as atividades bem cedo, mas longe de ser trabalhado tudo o que seria abordado durante um ano letivo normal - diz.

CUIDADOS
Como mãe, Camila afirma que a prioridade é preservar a saúde, mas reconhece que o aprendizado não foi o mesmo que a filha teria em ensino presencial. Mesmo assim, ela comemora que Manuela tenha passado de ano e esteja saudável: 

- Ela é asmática e cada vez que se falava em retorno presencial era uma tensão muito grande. Estamos ainda vivendo a nossa quarentena. Saímos somente quando é necessário. Agradeço muito por podermos oferecer um ensino de qualidade para ela, por meio de uma escola particular. No meu trabalho, acompanho a dificuldade das famílias que não têm as mesmas condições, e isso me angustia muito, assim como ver o desgaste dos professores nesse " novo normal". Chego a esse final de ano com muito cansaço e esgotamento de um período totalmente atípico, mas com um alívio de ver a ciência avançar e nos dar a esperança de uma vacina que possa fazer com que nossas vidas, aos poucos, volte.

Impactos psicológicos a longo prazo
A psicopedagoga Franciele Grapiglia acredita que tenha sido um susto para os pais ter os filhos em casa, em tempo integral.

- A família precisou se envolver com coisas que eram exclusivas da escola. Certamente, muitas dificuldades surgiram. Mas teve um ponto que acredito ter sido positivo para as famílias: muitas delas puderam participar e conhecer o que seus filhos realmente estavam aprendendo - explica.

Sem usar nota do Enem 2020, veja como serão feitas as inscrições no Prouni

Ao mesmo tempo, ela fala sobre o lado negativo dessa realidade, que foi a família tomar conta de coisas que não faziam parte do seu cotidiano.

- Até porque nossa casa não é o lugar de ensino formal. Então, os desafios foram grandes, já que as crianças também tiveram que deixar de conviver de forma horizontal com seus pares, para viver de forma vertical, como é a relação de adultos com crianças. Essa relação horizontal é algo que vai precisar ser reconstruído em 2021 - ressalta Franciele.

Do ponto de vista do aprendizado, a psicopedagoga acredita que o impacto possa ser maior:

- Eu penso que a aprendizagem não é algo isolado do emocional. Ou seja, essa questão ainda terá muitas lacunas a serem recuperadas nos próximos anos. 

data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Os desafios para aliar estudos e tarefas
Em abril deste ano, o Diário contou a história de Ana Cassiane Rodrigues Maia, 12 anos, que, durante o isolamento social, decidiu dar aulas para as crianças da vizinhança. A sala de aula era a rua, no Bairro Caturrita, região norte de Santa Maria.

A brincadeira séria mobilizou ações pela cidade, e a menina ganhou doações como material escolar, jogos, doces e materiais de construção.

Inscrições e matrículas na rede municipal começam nesta terça pela internet

De abril para cá, com o ensino remoto, Ana Cassiane - que estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Lidovino Fanton - deixou de dar aulas aos amigos para poder se adaptar à nova rotina escolar. Por meio do Facebook, ela passou o ano letivo de 2020 recebendo e entregando, virtualmente, atividades e conteúdos de aula.

- Eu fiz as tarefas, mas não me adaptei muito. Primeiro a gente recebe a orientação para, daí, fazer o trabalho e tirar foto dele para enviar para o professor corrigir. É muito diferente do que a aula presencial - diz a menina.

VÍDEO: UFSM vai levar aulas pela rádio e TV para alunos da Educação Básica

A mãe, Cristiane de Andrade Rodrigues, 31 anos, conta que, além da filha preferir o ensino presencial, outras dificuldades impuseram barreiras neste ano letivo. Como boa parte dos alunos da rede pública, Ana Cassiane precisa ajudar a mãe a cuidar das irmãs e também na rotina de casa.

- Eu tenho uma doença que acomete a musculatura. Faço tratamento, mas, mesmo assim, tenho dias difíceis em que preciso de ajuda para me movimentar e me alimentar. Ela acaba se envolvendo para me ajudar, e isso prejudica a rotina de estudos dela - conta a mãe.

As aulas remotas só foram possíveis porque a menina ganhou um notebook de uma empresa da cidade. Mesmo assim, a falta de interação com professores e colegas é uma das maiores ausências sentidas por Ana Cassiane:

- O que mais faz falta é ver os professores e os colegas. Não gostei do ensino a distância e espero que ano que vem seja diferente.

A psicopedagoga Franciele Grapiglia acredita que o maior desafio para 2021 vai ser relacionado a aspectos sociais e emocionais da convivência.

- A aprendizagem em si não é algo isolado do emocional e social. Eles brigam eles se entendem eles aprendem juntos e isso é algo que vai precisar ser reconstruído em 2021 - prevê a profissional.

A recuperação de conteúdos e aspectos sociais será longa
Historicamente, a escola é um espaço constituído para repassar conhecimento. Neste ano de pandemia, educadores tiveram que lidar com os desafios impostos pela mudança desse espaço para meio virtual, o que vai impactar a educação nos próximos anos.

UFN define início do primeiro semestre de 2021 letivo para março

É o que diz a doutora em educação e diretora do Centro de educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ane Carine Meurer.

- Os impactos na Educação Básica, assim como no Ensino Superior, vão ser sentidos por muito tempo ainda em diversos níveis. A criança, durante muito tempo, ficou sem ter uma relação próxima com os seus colegas, e a escola não é um espaço apenas onde se aprende conhecimento científico. Na escola, também se aprende sobre relações, advindas do nosso convívio - diz.

A pandemia deixou marcas e grandes desafios para a educação. Ane acredita que será necessário compreender que o processo de recuperação de 2020, tanto sobre o convívio quanto sobre o conteúdo, será longo:

- Teremos que enfrentar e, lentamente, reorganizar as nossas atividades. Vamos ter que compreender que não será em apenas um ano, que o que ficou para trás será recuperado. Isso vai exigir outro planejamento, em uma outra hora e com outra metodologia de ensino.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Verão começa nesta segunda com previsão de pouca chuva Anterior

Verão começa nesta segunda com previsão de pouca chuva

Próximo

Mais de 500 kits de doces e máscaras são entregues na Vila Brenner

Geral