Umas das empresas que demonstrava interesse em assumir o Hospital Regional de Santa Maria acabou desistindo, pelo menos por enquanto. Durante uma visita a Brasília, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Burmann, esteve reunido com o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Kleber Morais, que, desde 2014, dizia ter vontade em assumir a gestão do Hospital Regional, complexo que está com a obra pronta há 11 meses e continua fechado. Sobre isso, o reitor afirmou que a reunião de hoje foi taxativa, ou seja, agora a empresa não poderá assumir o local.
– Lamentavelmente, por conta da restrição orçamentária, a Ebserh não conseguirá assumir. Isso envolveria investimento e pessoal, e a empresa não tem orçamento para isso. É possível que as tratativas voltem em 2018 ou 2019, mas dependem da recuperação orçamentária do governo federal. Voltamos, infelizmente, lamentavelmente, à estaca zero. A universidade estava se colocando como um possível apoio – afirma.
Em nota, a assessoria de comunicação da Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que administra hospitais universitários pelo país, confirma que não será viável, por enquanto, fazer a administração do complexo (veja abaixo).
Municípios querem unificar lista de espera por cirurgias na região
Ao saber da decisão, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), que está à frente do Comitê Pró-Abertura Hospital Regional 100% SUS, lamentou. Para ele, a Ebserh era uma alternativa concreta de que o complexo atendesse 100% SUS, o que, agora será difícil de batalhar. Valdeci pretende procurar o reitor na volta de Brasília para avaliar todo o detalhamento da resposta e, a partir disso, definir, em conjunto com demais lideranças, novas ações pelo Comitê.
– Precisamos continuar lutando, agora é o grande momento do governador colocar de fato a cara e dizer que quer tentar resolver, porque, até agora, só estão enrolando o povo da região . Com toda essa situação me parece que o hospital não vai abrir este ano e nem o ano que vem, o que é lamentável para Santa Maria e região. Agora, nós vamos ter que achar alternativas. O que nós não podemos é deixar o hospital fechado, parado. O governo do Estado tem que assumir o papel de tentar resolver a situação – pondera.
Há poucos dias, o secretário adjunto de Saúde do Estado, Francisco Paz, afirmou ser necessário mais R$ 60 milhões para a abertura do hospital – com a compra de equipamentos e reformas necessárias para que o local funcione. A obra que custou R$ 70 milhões, em valores atualizados, foi entregue no dia 19 de setembro de 2016.
Sem solução, leitos seguem superlotados
Enquanto o Hospital Regional não abre, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) sofre com a superlotação. Há anos, o problema se arrasta porque não há quem faça todos os atendimentos, procedimentos e internações de baixa e média complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Hoje, o Pronto-Socorro (PS) enfrentava mais um quadro de superlotação. Além dos 23 leitos ocupados, o PS estava com 36 macas no corredor – quando a capacidade limite é de 19. Ou seja, praticamente o dobro da capacidade.
Prefeitos da Região Central visitam o Hospital Regional
O coordenador da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde que representa o Estado na cidade, Roberto Schorn, diz que enfrenta esse problema diariamente. Segundo ele, a Ebserh era uma alternativa viável que não se concretizou neste momento.
– Eu encaro como um lamento, mas acredito que o Estado deve ter um plano B, já que não vai poder contar com a Ebserh. O nosso desejo é abrir este ano, mas acredito que, para isso, seja preciso a ajuda do Ministério da Saúde e de parceiros para abrir 100% SUS – esclarece.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde garantiu que o governo do Estado procurou diversas instituições para elaborar o estudo de viabilidade econômica, mas não soube informar o número nem o prazo para resposta. Após ser questionada pelo Diário, a Secretaria de Saúde diz que, como as negociações estão em andamento, não será enviada a decisão neste momento. O Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), por meio de um e-mail, disse que está elaborando esse estudo.
Em nota, o hospital diz que ¿verificamos com a nossa superintendência e, atualmente, segue sendo realizado um estudo de viabilidade econômica relacionado à gestão do Hospital Regional de Santa Maria¿.
Sem data para início da coleta seletiva, associações agonizam
POSIÇÃO DA EBSERH
O presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Kleber Morais, reuniu-se, na tarde de ontem, com o reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Afonso Burmann. No encontro, Kleber ressaltou que não há previsão de adesão de novos hospitais à Ebserh no biênio 2017/2018.
¿Não é uma questão sobre a Ebserh estar ou não interessada na adesão do Hospital Regional, mas sobre o calendário que definimos para atender bem os 39 hospitais que já temos sob nossa gestão. Atualmente, 15 hospitais se mostraram interessados em aderir à estatal e a previsão é que as tratativas sejam retomadas em 2019¿, ressaltou Morais.
Ainda cabe ressaltar que, para fazer parte da Rede Ebserh, que é composta somente por hospitais universitários federais, o Hospital Regional precisa cumprir pré-requisitos. Um deles é a doação ou cessão do hospital para a universidade, o que só pode ser feito pelo governo do Estado".