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“Desfazer a ruína e construir a memória”: transferência de recursos para construção do memorial às vítimas da Kiss é oficializada

O recurso que foi entregue para a construção do memorial faz parte do Fundo Estadual para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), que é gerido pelo Ministério Público. O dinheiro é oriundo de multas e penas pagas por pessoas e empresas que violam bens difusos, ou seja, que cometem crimes ambientais, econômicos, entre outros.

De acordo com o procurador-geral da Justiça do Rio Grande do Sul, Marcelo Dornelles, o edital que visa repassar o valor do fundo abre duas vezes por ano e pode chegar até o valor de R$ 10 milhões. Neste último edital, eles receberam cerca de 200 projetos e o conselho, que conta com 11 integrantes, escolheu o memorial para receber o maior dos repasses:


– Sempre tem um projeto estruturante que é o maior, ele ocupa quase todo o valor do edital. É isso que aconteceu com o memorial. Ele foi escolhido pelo conselho de forma unânime pela representatividade, pela importância e pela transformação. Tudo que se faz assim que se conseguir fazer para amenizar esse sofrimento das famílias da cidade.

Foto: Eduardo Ramos


Para Gabriel Rovadoschi, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), que foi o primeiro a falar na cerimônia, o momento é emblemático e marca uma virada de chave não só para a associação, mas também para a cidade:

– É a consolidação de uma etapa muito importante, né? A construção do memorial é a construção de uma cidade nova para mim. Não tenho dúvidas dos efeitos positivos que pode trazer para a transmissão da memória, para que nunca mais se repita, para que, mesmo quando não estivermos mais aqui, essa história seja sempre lembrada e nunca mais aconteça de novo. Essa construção vai proporcionar um lugar na cidade onde essa história é acolhida.

Gabriel ainda conta que o espaço vai servir para criação de projetos pedagógicos sobre prevenção de incêndio e diversas outras atividades educativas e culturais, além de proporcionar acolhimento para os familiares, sobreviventes e para a sociedade em geral.


Foto: Eduardo Ramos


O prefeito Jorge Pozzobom reflete também sobre a importância do memorial a nível nacional e internacional:


– Eu não tenho a menor dúvida que vai ser um grande exemplo do mundo inteiro. Com a presença da Associação, nós estamos aqui para desfazer a ruína e construir a memória. Nós queremos que o mundo inteiro entenda que nós não podemos mais perder nenhum jovem dentro de uma boate como ocorreu aqui em Santa Maria – enfatiza.

Sobre o memorial

O projeto foi escolhido em 2018, proposto pelo arquiteto Felipe Zene, por meio de um concurso realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e a AVTSM. O memorial será construído na Rua dos Andradas, no exato local onde ficam as ruínas da boate Kiss, onde houve o incêndio no dia 27 de janeiro de 2013, que vitimou 242 vidas.

O memorial terá uma entrada robusta, com tijolos, e por dentro terá um jardim circular com 242 pilares de madeira, representando cada uma das vítimas da tragédia. Além disso, contará com um auditório com um palco central e espaço para a plateia. O local também prevê uma sala para a sede da AVTSM, assim como uma sala multiuso, de caráter cultural. O projeto será feito em um pavimento para facilitar a acessibilidade e a manutenção.

– O memorial às vítimas da Kiss busca transformar a área da boate em um espaço de respeito ao passado, contemplação do presente e esperança para com o futuro. A arquitetura proposta funde os conceitos de edifício, memorial e praça em uma intervenção integrada – conta o arquiteto.



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