Como está a coleta seletiva seis meses após o começo em Santa Maria

Como está a coleta seletiva seis meses após o começo em Santa Maria

Foto: Nathália Schneider (Diário)

A coleta seletiva de Santa Maria completa seis meses de funcionamento nesta quarta-feira (8). Desde o início do serviço, cerca de 335 toneladas de recicláveis foram recolhidos e comercializados pela Associação dos Selecionadores de Materiais Recicláveis (Asmar). Neste mesmo período (maio a outubro), mais de 38 mil toneladas de resíduos e rejeitos foram encaminhadas para o aterro sanitário. Com isso, menos de 1% dos resíduos gerados em Santa Maria foram reciclados. Vale lembrar que, em Novo Hamburgo, onde a coleta envolve mais de 10 cooperativas há 20 anos, o percentual não passa de 2%, o que revela a dificuldade em ampliar a reciclagem.

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Relembre

  • Desde o dia 8 de maio, estão em execução dois tipos de coleta seletiva: porta a porta, diariamente em 12 bairros, e ponto a ponto, agendada em condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais ​(localizados em qualquer área da cidade)
  • A coleta seletiva foi viabilizada por meio de um contrato, de R$ 70 mil mensais, entre a prefeitura e a Asmar. Na prática, o Executivo está custeando o trabalho feito pela Asmar (coleta e triagem) e fiscalizando o serviço

Coleta seletiva

Confira quantas toneladas de resíduos recicláveis foram recolhidas e comercializadas nos primeiros seis meses:

  • Maio – 53,10 t
  • Junho – 69,90 t
  • Julho – 45,54 t
  • Agosto – 59,35 t
  • Setembro – 60,20 t
  • Outubro – 47,20 t
  • Total –  335,29 t

Coleta convencional e conteinerizada

Confira quantas toneladas de resíduos e rejeitos foram destinados para o aterro sanitário nos últimos seis meses:

  • Maio – 6.459,89 t
  • Junho – 6.296,21 t
  • Julho – 6.269,65 t
  • Agosto – 6.604,34 t
  • Setembro – 6.401,04 t
  • Outubro – 6.574,79 t
  • Total – 38.605,92 t

*Esses dados são relativos apenas ao recolhimento de resíduos que é de responsabilidade do poder público. Não estão contabilizados os materiais que são destinados para reciclagem por meio de empresas privadas ou recicladores/catadores.

Avaliação

Coleta seletiva porta a porta (bairros)

Com relação aos pontos positivos da coleta seletiva porta a porta, o engenheiro civil Ivan Nazaroff, superintendente de Monitoramento e Fiscalização dos Serviços de Água e Esgoto, avalia que a Asmar cumpre de forma integral o contrato firmado com a prefeitura. Segundo ele, passou de 24 para 31 pessoas trabalhando na Asmar, e a renda média mensal de cada reciclador subiu de R$ 700 para R$ 1,4 mil após o contrato com a prefeitura. O volume reciclado quase dobrou.

O superintendente ainda destaca que alguns bairros, como Camobi e Tancredo Neves, estão tendo uma boa participação na coleta seletiva. Porém, segundo o superintendente, alguns bairros ainda não conseguiram se adaptar com a coleta seletiva, principalmente, aqueles que estão no roteiro do período da noite, como Nossa Senhora Medianeira, Nossa Senhora de Lourdes e Nonoai, por exemplo. Nesses pontos, Nazaroff também relata que catadores passam antes do caminhão do Asmar, o que pode reduzir a quantidade de material coletado pela associação.

Outro ponto que pode ser melhorado, segundo o superintendente, é a colaboração da população:

– Temos muito o que aprimorar no quesito de participação da população. A coleta seletiva, em qualquer lugar do mundo, só vai funcionar se a população estiver engajada, fazendo triagem, participando e cuidando dos horários que passa o caminhão. Isso é uma coisa que leva anos para começar a se estruturar melhor. Mas, a participação da população é, hoje, o principal fator que limita ou talvez ainda não mostre o quanto o sistema consegue coletar e triar – explica o superintendente.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Separação

A coordenadora da Asmar, Margarete Vidal, afirma que, desde o início, a qualidade do material destinado pela população melhorou, mas ainda é preciso atenção na hora de separar os resíduos.

– O material que está vindo para a coleta é de uma qualidade nobre e organizada. Quanto mais material vir para cá, mais pessoas vão poder trabalhar aqui. Mas, não adianta recolhermos 100 toneladas e conseguirmos aproveitar só 60 toneladas porque o resto é refugo. As pessoas precisam ter a consciência de destinar somente o que vai ser aproveitado pela associação e o que vamos conseguir colocar no mercado.

De forma geral, Margarete considera que a quantidade de material reciclável da coleta seletiva está dentro do esperado para os primeiros seis meses. Além disso, ela comenta que o serviço beneficia e valoriza os associados da Asmar:

– Estamos tendo um diálogo muito bom com a população. A coleta seletiva está agregando valor para o trabalho da associação e trazendo uma divulgação imensa para o nosso trabalho. Estamos tentando melhorar cada vez mais a coleta, atendendo bem a população para que a nossa matéria prima venha com qualidade para a associação – diz Margarete.

Bairros

  • Convencional + seletiva (12 bairros)

Dentre os 42 bairros existentes em Santa Maria, 12 são atendidos pela coleta seletiva. Nestes locais, cada morador tem a responsabilidade de separar corretamente os resíduos, colocando-os nas lixeiras em frente às suas casas. A Asmar passa diariamente recolhendo os recicláveis. Os rejeitos e os orgânicos dos bairros seguem sendo coletados pela Sustentare, empresa que realiza o encaminhamento do lixo para o aterro sanitário.

Cronograma

Coleta diurna (início: 6h30min)

  • Tancredo Neves – segunda-feira e quarta-feira
  • Camobi – terça-feira, quinta-feira e sábado
  • Pinheiro Machado – quarta-feira e sexta-feira

Coleta noturna (início: 18h30min)

  • Nossa Sra. Medianeira – segunda-feira
  • Nossa Sra. de Lourdes – terça-feira
  • Nonoai – quarta-feira
  • Noal – quarta-feira
  • Nossa Sra. das Dores – quinta-feira
  • Patronato – sexta-feira
  • Duque de Caxias – sexta-feira
  • Menino Jesus – sábado
  • Nossa Sra. do Rosário – sábado

Coleta seletiva ponto a ponto (condomínios e lojas)

A avaliação também é otimista para a coleta ponto a ponto, que é destinada, exclusivamente, para condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais. De acordo com o superintendente, já foram feitos cerca de 40 cadastros desse público.

Dentre alguns desafios, está a adequação às regras estabelecidas para participar da coleta seletiva, como instalação de contêiner, orientação de descarte e higienização de resíduos e acompanhamento por um responsável da coleta feita pela Asmar.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Centro

  • Conteinerizada + seletiva (para públicos específicos)

Na área central, os 600 contêineres brancos seguem sendo utilizados para todo tipo de resíduo, sob responsabilidade da empresa Cone Sul. Com a coleta seletiva, condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais do Centro e/ou qualquer região do município podem realizar agendamento para a coleta dos recicláveis também pela Asmar.

  • Agendamentos para condomínios e comércio devem ser feitos online pelo Canal Linha Verde da prefeitura ou com a Asmar pelo telefone (55) 98111-0146 ou email [email protected]
  • Quem não se enquadrar nesse público, mas tem interesse em fazer o descarte correto dos recicláveis pode entrar em contato diretamente com a Asmar

Mais informações sobre recolhimento de resíduos em Santa Maria estão disponíveis na plataforma Descarte Legal.

"Só vamos conseguir alcançar um resultado maior à medida que uma mobilização com múltiplas estratégias acontecer", avalia especialista

Em seis meses, menos de 1% dos resíduos gerados no município foram reciclados. Na percepção da professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Marta Tocchetto o índice está baixo, mas não pode ser considerado negativamente, já que a abrangência da coleta seletiva é reduzida.

– O ideal é sempre a totalidade, mas (para a nossa realidade) poderíamos pensar em um índice de 25% a 30% de resíduos reciclados, que é viável de ser alcançado. Mas, para isso, precisamos de campanhas para mobilizar a população. É um trabalho de mudança de comportamento, que é difícil, não é de um dia para o outro, precisa de uma conjuntura da prefeitura para que isso aconteça. A timidez na campanha reflete a timidez do nosso resultado. Só vamos conseguir alcançar um resultado maior à medida que uma mobilização com múltiplas estratégias acontecer – explica a professora.

Foto: Eduardo Ramos (arquivo Diário)

Marta indica que é preciso investir em campanhas nas comunidades e associações de bairros, nos eventos da cidade e nas escolas. Essa sugestão da professora foi, inclusive, corroborada pelos dados. A coordenadora da Asmar Margarete Vidal cita, por exemplo, que em junho – mês do meio ambiente –, houve uma intensificação das ações em torno do tema, o que gerou um salto no recolhimento de recicláveis, com a comercialização de quase 70 toneladas:

– Nos meses em que teve um trabalho massivo de divulgação em cima da questão ambiental aumentou a coleta, as pessoas mandaram mais material. Isso quer dizer que quanto mais for divulgado, falado e esclarecido, mais pessoas vão estar fazendo a separação com qualidade e responsabilidade – afirma Margarete.

Para a professora, a questão deve se tornar uma prioridade da administração municipal. Segundo ela, isso pode evitar que Santa Maria siga o caminho de outros municípios brasileiros em que os índices de reciclagem permanecem baixos após anos de implementação da coleta seletiva.

Como separar?

Colocar na residência, no mínimo, três lixeiras para cada tipo de resíduo (orgânico, reciclável e rejeito)

  • Após o uso e antes do descarte, higienizar todos os materiais, retirando restos de alimentos e líquidos para evitar que contaminem os demais itens (sem a limpeza, a reciclagem pode ser inviabilizada)
  • Conferir o cronograma de coleta na plataforma Descarte Legal da prefeitura, depositando nos locais adequados os resíduos para o caminhão da Asmar recolher

O que pode ser enviado para a coleta seletiva

  • Plásticos: sacos/sacolas em geral, embalagens pet (de refrigerante, óleo, vinagre), canos e tubos de PVC e embalagens de produtos de limpeza
  • Vidro: garrafas, frascos, potes e embalagens de remédios vazias devem ser colocados em recipientes separados, o indicado para o descarte é condicioná-los em embalagens de material firme, que podem ser caixas de papelão, por exemplo; vidros quebrados e outros materiais cortantes podem ser enrolados em material firme (caixa ou papel), bem como dentro de garrafas pet, para evitar acidentes. 
  • Metal, alumínio e aço: panelas, torneiras, latas de refrigerante e de cerveja, ferragens, chapas, cobre, embalagens de marmitex, tubos de desodorante e enlatados
  • Papel e papelão: jornal, revistas, folhas de papel, cartões, cartolinas, documentos, impressos em geral, caixas de remédio e de café (ela disse que poderia ser papel em geral)
  • Eletrônicos: CPU’s, estabilizadores, nobreaks, placas eletrônicas em geral, celulares, tablets, notebooks, fios e impressoras
  • Sucatas: de ferro, cobre, arame e bens inservíveis de linha branca, como máquinas de lavar, de secar e de lavar louça, geladeira, freezers e fogão
  • Embalagens de Tetra Pak: embalagens de suco e leite
  • Óleo de cozinha: acondicionado em garrafas pet, bem fechadas
Foto: Nathália Schneider (Diário)

O que não pode ser enviado para a coleta seletiva

  • Resíduos orgânicos
  • Rejeitos
  • Plásticos dos seguintes tipos: copos descartáveis, embalagens PET coloridas, metalizados (embalagens que são coloridas por fora e metalizadas por dentro, como de salgadinhos e biscoitos), adesivos, esponjas de louça
  • Papéis: adesivos, papéis e guardanapos engordurados, fotografias, etiquetas
  • Porcelana e cerâmica
  • Isopor
  • Móveis
  • Lâmpadas fluorescentes e de led
  • Pilhas e baterias
  • Pneus
  • Materiais de construção civil

*Alguns materiais que não se enquadram na coleta seletiva podem ser descartados em pontos específicos (confira aqui os locais que recebem)

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