Nesta semana circulou nas redes sociais um bilhete com uma informação falsa. A prefeitura comunicou na manhã desta quarta-feira (25) sobre a situação e alertou a população para a checagem de notícias.
O Diário conversou com a professora de Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Luciana Carvalho sobre o fenômeno das informações falsas na internet.
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Desordem informacional
O fenômeno de disseminação de informações falsas vem sendo estudado há anos no Brasil e no mundo. A pesquisadora e líder do grupo de pesquisa Desinfomídia explica que as notícias distorcidas, conteúdos feitos para enganar e outros que são retirados de contexto podem ser confundidos pela população:
– Isso tudo constitui o que chamamos de desordem informacional. A desinformação mais danosa é aquela fabricada para causar pânico e atacar uma comunidade, como este caso que vimos em Santa Maria:
Além disso, Luciana explica que há outros interesses na indústria da desinformação. São grupos especializados que tem como foco atacar determinadas comunidades e reforçar o ódio.
– Nós estamos vivendo uma nova fase dessa desordem da informação durante essa guerra declarada entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, em que os próprios jornalistas internacionais, os checadores de fatos, pessoas que são especialistas em buscar e desmascarar a desinformação, estão tendo dificuldade. Porque mesmo as fontes oficiais acabam reproduzindo e produzindo informações falsas com interesse de atacar o inimigo. Então, é um complexo sistema que a gente vive, um contexto bastante problemático.
Como checar se uma informação é falsa
A organização internacional First Draft, que produziu um guia para enfrentamento à desinformação. Nele alguns pontos são levados em conta como:
- Proveniência: você está vendo uma conta original, artigo ou conteúdo?
- Fonte: quem criou a conta ou artigo, ou capturou o conteúdo original?
- Data: quando foi criado?
- Localização: onde a conta foi estabelecida, o site criado ou o conteúdo capturado?
- Motivação: por que a conta foi criada, o site foi criado ou o conteúdo capturado?
O melhor é desconfiar
Muitas vezes a circulação de informações é acompanhada do medo. Enviamos mensagens para parentes e amigos para que eles se atentem às situações quando se apresentam riscos, afinal de contas queremos o bem deles. Contudo, Luciana alerta para que a desconfiança venha antes do desejo de compartilhar:
– É sempre melhor desconfiar. A gente que estuda, que pesquisa o fenômeno, eventualmente cai motivados pelo medo, pelo pânico e acaba repassando. Todos nós estamos suscetíveis a esse comportamento. Mas antes de compartilhar, a gente vai aprendendo com as experiências, é importante tomar cuidado. Olhar para os sites confiáveis, para o jornalismo profissional e as agências de checagem. Espalhar mais pânico não vai trazer bem para ninguém – explica.
Fique de olho
Algumas agências fazem a checagem imediata dos fatos. Além disso, há a possibilidade de fazer uma pesquisa de busca de imagem no Google para conferir se a imagem já foi checada ou disseminada outras vezes.
- Agência Lupa
- Agencia aos Fatos
- Projeto Comprova
- Utilizar ferramentas de busca reversa, como a de imagem do Google
- Enviar mensagem para um jornalista conhecido para a checagem da informação