futuro da educação

Colunista do Diário conta a história de uma menina da 4ª série que não sabe ler

Deni Zolin

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Presenciamos, diariamente, uma tragédia social na grande maioria das cidades brasileiras. No domingo, em pleno dia de eleição, um menino de 12 anos foi assassinado friamente em Santa Maria, possivelmente por uma desavença por motivo fútil. Ele não estaria estudando, segundo a própria família contou.

Ontem, a campainha de minha casa tocou e fui atender. Uma menina de aproximadamente 10 anos pedia um dinheiro para poder levar um lanche na escola, no dia da festa de Halloween. Em seguida, ela já me alcançou o caderno para que eu pudesse ler o bilhete impresso e colado no caderno. Eu comentei: "Pode ler para mim?"

Encabulada, ela partiu para a primeira parte do bilhete e tentou ler em voz alta: "Pr, pr, pr, pr." Quando chegou na quarta tentativa, não aguentei e pedi o caderno, com gentileza: "Pode deixar que eu leio". Lá, estava escrito, em caixa alta "PREFEITURA DE SANTA MARIA" e o nome da escola, no cabeçalho, com o bilhete abaixo. Na mesma folha do caderno, havia algumas contas, feitas a caneta. Desta vez, eu, meio encabulado, perguntei em que ano ela estava, e me respondeu que estava na 4ª série.

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A menina, na verdade, anda pela rua, de manhã e à tarde, não só pedindo dinheiro para lanche, mas comida e roupas para os vários irmãos. Deve ser por isso que ainda nem consegue ler.

Toda vez que lembro da menina tentando ler e não conseguindo, isso me corta o coração. Fico me indagando: como poderia ajudá-la? E como ela fica, possivelmente, sem estudar, e as autoridades não conseguem fazer reverter essa situação? Quantos milhões de crianças estão vivendo drama semelhante no Brasil? É uma triste tragédia.

HAVERÁ SOLUÇÃO?
Sei que saúde é fundamental, que segurança é questão de sobrevivência, mas educação básica é a única esperança de um futuro melhor para milhões de brasileirinhos. Só espero que o futuro governador e o futuro presidente realmente coloquem em prática o que prometeram, de dar a devida atenção à educação básica, por meio de escolas de educação infantil (creches) e investimento pesado em escolas de Ensino Fundamental e Médio. Claro que isso é quase um sonho, pois já estamos cansados de promessas não cumpridas. Mas não podemos perder a esperança.

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Além disso, não podemos esperar só pelos governantes. As famílias e a comunidade também precisam se envolver mais e ajudar professores e escolas a vencer essa difícil tarefa. Colégios em que as pessoas são comprometidas têm melhores resultados. Não podemos ficar de braços cruzados esperando uma solução.

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