Caso Gabriel: terceira audiência começa na Justiça Militar em Santa Maria 

Maurício Barbosa

Caso Gabriel: terceira audiência começa na Justiça Militar em Santa Maria 
Fotos: Maurício Barbosa (Bei)

Começou pouco depois das 13h30min desta segunda-feira (14) a terceira audiência da Justiça Militar que apura o desaparecimento do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em São Gabriel. Cinco policiais militares foram chamados pelo Ministério Público para prestar depoimento. Assim como nas outras duas audiências, realizadas em Porto Alegre e em São Gabriel, os familiares do jovem acompanham os depoimentos.  

O primeiro a falar foi o soldado Jorge Nicael Oliveira Lopes, que estava de serviço na noite do desaparecimento. Ele afirmou que em certo momento das investigações a Polícia Civil parou de repassar informações sobre o caso para os policiais da BM que trabalhavam nas buscas. Ele afirmou, ainda, em depoimento, que um dos policiais civis que trabalhou nas investigações “não gosta de policiais da Brigada Militar” e que teria envolvimento com traficantes. No entanto, a testemunha não apresentou provas das acusações.

O segundo a falar foi o capitão Magno Almeida de Siqueira. Ele afirmou em depoimento na Justiça Militar que era comum policiais levarem pessoas de um lugar para outro para resolver ocorrências sem levar para a delegacia.  

– Seria muita hipocrisia eu dizer que não,  mas muitas vezes quando se tem uma ocorrência de perturbação, se pega o indivíduo num lugar e se larga a 8 ou 10 quadras dali. Quando não se enquadra em caso de prisão, não tem o que fazer – afirmou Siqueira. 

O capitão falou que acredita que os policiais haviam deixado Gabriel no local e que ele, embriagado, teria entrado na barragem se guiando pelas luzes da cidade e acabou se afogando. Ele disse ainda como foi a localização do corpo do jovem. 

– Tínhamos as imagens dos policiais chegando com as fardas limpas no quartel e no meu pensamento investigativo concluí que eles não tinham como ter colocado ele dentro da barragem – relatou o capitão.  

Sobre a suposta carona para Gabriel na noite em que o jovem foi abordado, o capitão afirmou que os policiais erraram.

– Tecnicamente foi um erro de procedimento eles terem algemado e levado ele até lá (açude) _ disse Siqueira.

Assim como o soldado Jorge Nicael Oliveira Lopes,  o capitão Siqueira também fez denúncias de envolvimento em crimes por um dos policiais civis envolvidos na investigação, inclusive que ele seria dono de armas que foram apreendidas com um criminoso. As denúncias constam nos depoimentos do Inquérito Policial Militar (IPM). 

A terceira testemunha foi o soldado Leonardo Soares da Silveira, que falou por menos de 10 minutos. 

A quarta pessoa a falar foi a soldado Lisandra Gonçalves Dorneles, que trabalhava no atendimento do telefone 190 na noite do desaparecimento de Gabriel e que atendeu ao chamado da moradora que acionou a Brigada Militar. Ela contou que, na noite da abordagem a Gabriel, a ocorrência não foi colocada no sistema da polícia porque a internet estaria instável naquele momento. 

A quinta e última testemunhas foi o soldado Santo André Freitas da Silva, da Patrulha Rural de Rosário do Sul e que estava no barco que encontrou o corpo do jovem.

Os três policiais militares investigados pelo desaparecimento e morte de Gabriel acompanharam os depoimentos das testemunhas sentados em bancos da sala de audiência da Justiça Militar de Santa Maria. Ao redor, estavam acompanhados de PMs fardados.  

Além de familiares de Gabriel, as famílias dos policiais presos em Porto Alegre também estavam presentes e no intervalo aproveitaram para ficarem juntos.

A primeira audiência aconteceu no dia 1º de novembro, quando Anderson da Silva Cavalheiro, 40 anos, pai do Gabriel, prestou depoimento no Tribunal de Justiça Militar (TJMRS), em Porto Alegre. A segunda audiência foi realizada no fórum de São Gabriel, onde quatro testemunhas civis foram ouvidas. 

Entenda o caso

Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do dia 12 de agosto, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Os policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.

O corpo de Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado no dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais militares que abordaram o jovem foram presos na noite do dia 19 de agosto, e foram encaminhados ao Presídio Militar de Porto Alegre, onde estão presos desde então. O laudo do exame de necropsia apontou que Gabriel morreu devido a uma hemorragia interna na região do pescoço, provocada por uma agressão, e que não haviam indícios de afogamento.

– Conforme o laudo de necropsia, a morte de Gabriel ocorreu por perda sanguínea causada por ruptura de vasos na região cervical com sinais de ação por instrumento contundente, ou seja, uma hemorragia interna – explicou Heloísa Helena Kuser, diretora-geral do Instituto Geral de Perícias (IGP) em coletiva de imprensa realizada no dia 29 de agosto.

Os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso e o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacbosen são réus na Justiça Militar pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

Timeline Caso Gabriel de Diário de Santa Maria

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