Dois dos quatro réus indiciados pelo assassinato do empresário do setor de transportes Ediér Antônio Bernardini irão a júri popular nesta segunda-feira (13), em Agudo. Bernardini foi torturado, morto e teve o corpo amarrado ao portão de um galpão no dia 30 de setembro de 2012 no interior do município, na sede da empresa da qual era proprietário.
A sessão terá início às 8h30min desta segunda-feira (13) e será presidida pela titular da Vara Judicial da Comarca de Agudo, juíza Bruna Faccin Beust Minuzzi. Na ocasião serão julgados a ex-companheira da vítima, Rosângela Lipke, e um dos suspeitos, Valter André da Silva.
As investigações apontaram que Rosângela é suspeita de ser a mandante do crime e Valter André teria participado ativamente do assassinato e estava em um veículo de Bernardini. A mulher havia tido um relacionamento com a vítima e estaria exigindo dinheiro e bens do empresário, que havia registrado ocorrência policial em que relatou estar sendo ameaçado de morte pela acusada.
Em 2012, pouco depois do crime, eles chegaram a ser presos, mas passaram a responder ao caso em liberdade. O advogado de defesa de Rosângela, Jean Severo, afirma que a ré nega participação no crime.
– Ela nega a participação no crime. Não teria motivo para matar a vítima que era pai da sua filha – declarou Severo.
A estimativa do advogado de defesa é de que o júri seja concluído até a madrugada de terça-feira (14). O Bei não conseguiu contato com o advogado de Valter André da Silva.
Os promotores do Ministério Público Estadual (MPRS) que atuarão na acusação ainda não foram designados em portaria. A assistência de acusação fica a cargo do advogado Jorge Pohlmann.
Adiamentos
O júri da dupla chegou a ser marcado em três ocasiões, mas teve adiamentos. No dia 22 de outubro de 2019, o julgamento foi adiado por problemas de saúde do advogado Jean Severo, que representa a ré. Já em 26 de novembro, a sessão chegou a durar 11 horas, mas Rosângela passou mal e precisou de atendimento médico. Os advogados de defesa, então, abandonaram a Sala do Júri.
Por fim, no dia 31 de janeiro de 2020, houve a cisão do julgamento, já que, por motivos de saúde do advogado de Valter, ele não iria a júri. A sessão também chegou a iniciar, porém, como a ré e sua defesa não compareceram, o juiz Jonathan Cassou dos Santos cancelou o julgamento.
Ainda há outros dois homens acusados de participar do crime: Diones Crumenauer dos Santos e Gelson da Silva Grigolo. Como eles ficaram foragidos e só foram encontrados mais tarde, o processo foi dividido em duas partes e eles serão julgados posteriormente, em data a definir.
De acordo com a família, o sentimento é de impunidade e injustiça. Os familiares lamentam a morosidade no desfecho e esperam que a Justiça seja feita.
O corpo de Bernardini foi descoberto por um funcionário da firma que o empresário mantinha há 30 anos, a Transportes Edini. O motorista chegou de viagem no final da tarde e se preparava para descarregar o caminhão quando avistou o patrão morto. Foto: Fernando Ramos (BD, 01.10.2012)
Entenda o caso
O empresário Ediér Antônio Bernardini foi assassinado na sede de sua empresa na localidade de Rincão do Mosquito, interior de Agudo. Seu corpo foi encontrado amarrado ao portão de um galpão da firma. Segundo informações da Polícia Civil, havia pelo menos uma marca de facada em seu peito.
O corpo foi descoberto por um funcionário da firma que Bernardini mantinha há 30 anos, a Transportes Edini. O motorista chegou de viagem por volta das 17h15min e se preparava para descarregar o caminhão quando enxergou o patrão morto.
Nascido em Linha dos Pomeranos, interior do município, o empresário deixou o campo nos anos 80. Na cidade, sempre trabalhou com transportes. No ano anterior ao crime, mudou-se para Rincão do Mosquito, transferindo para lá sua empresa. Era tido como uma pessoa gentil e amável. A morte do empresário – que era separado e pai de um casal de filhos – foi anunciada no rádio, causando comoção nos moradores.