Eduardo Ramos
A noz-pecã, além de ter diversas propriedades nutritivas, é uma fonte de renda para produtores rurais do Rio Grande do Sul. Nesta sexta-feira (14), pela primeira vez, Santa Maria é a sede oficial da abertura da colheita de Noz-Pecã no Estado. A 5ª edição ocorreu na Fazenda Santa Leocádia, no distrito de Santa Flora. Para prestigiar o evento e conhecer mais dos produtos da agricultura familiar, estiveram presentes representantes do Poder Executivo municipal, do governo gaúcho e até mesmo da União. Durante a abertura, houve degustação de produtos feitos com a frutífera, demonstração de como é feita a colheita com máquinas e um almoço gastronômico.
O evento de abertura é uma realização do governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI), da prefeitura de Santa Maria e do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), tendo a participação da Emater/RS Ascar.
Produção da frutífera na Região Central
A Fazenda Santa Leocádia, sede do evento, é a maior produtora de Santa Maria. São cerca de 120 hectares plantados, o que equivale a aproximadamente 20 mil árvores. Os plantios começaram em 2011. Para o proprietário da Fazenda Santa Leocádia, Eduardo Klumb, a abertura é para marcar o avanço no manejo do plantio da nogueira. Além de mostrar para a população o quanto a noz é importante para a economia do Rio Grande do Sul:– São frutas que têm origem na América do Norte, mas temos uma forte produção local, a noz se adaptou muito bem. E cada vez está crescendo mais, são novos produtores que vão alcançar o mercado. Comecei apenas em 2011 a plantação, mas minha vó já havia plantado uma nogueira aqui na propriedade e começamos a perceber que a árvore se desenvolveu muito bem.
O prefeito Jorge Pozzobom comenta que com a abertura sendo realizada em Santa Maria é mais um passo para a cidade mostrar ao país a importância dos grandes e pequenos produtores rurais da Região Central do Estado. – Santa Maria é trabalho representa o agronegócio. Cuidamos do grande e do médio proprietário, mas, claro, a nossa missão é cuidar do pequeno proprietário. A abertura ser aqui é um motivo de muito orgulho para todos.
A diversificação foi a palavra que o senador Luis Carlos Heinze usou para descrever a 5ª edição do evento. A plantação começou na década de 1970 e, cada vez mais, a região sul do país vem ganhando espaço no mercado com a produção dessa cultura. – O Rio Grande do Sul já é tradicional no arroz, soja, trigo e o milho. Então, a parte da fruticultura tem a tendência de ampliar ainda mais, por isso, realizamos essa abertura. Portanto, a pecanicultura é uma maneira de diversificar mais e dar mais renda ao produtor.
A Região Central do Estado conta com 31 propriedades rurais, que comercializam a nogueira, ou seja engloba mais de 250 produtores.
A expectativa da colheita, neste ano, para a região é de mais de 900 toneladas.
Segundo dados da Emater/RS, Santa Maria é o quinto maior produtor de nogueira do Estado, com projeção para 2023, com uma safra de mais de 80 toneladas.
A maior concentração da pecanicultura ocorre na Depressão Central e no Vale do Taquari, onde estão os 10 maiores produtores gaúchos. A primeira é Cachoeira do Sul, seguida de Anta Gorda. Depois, na ordem, estão Sananduva, Taquari, Rio Pardo, Canguçu, Garruchos, Catuípe e General Câmara.
A projeção da safra para o Rio Grande do Sul é de aproximadamente sete mil toneladas. Ou seja, um aumento de 55% em relação ao ano passado, período de baixa produção devido à alternância natural da nogueira-pecã. O Estado gaúcho é o maior produtor de pecã no Brasil, respondendo por mais de 70% da produção nacional. Também abriga 90% das indústrias processadoras da noz.
Expectativas altas para a safra, mesmo com a estiagem
A Região Central atende o mercado interno e também exporta, e este é um dos motivos do evento ser realizado em Santa Maria, explica o gerente geral da Emater/RS, Guilherme Passamani. – A abertura oportuniza os agricultores de acompanharem os novos desenvolvimentos do governo do Estado e das várias instituições presentes, além de qualificar a cultura de forma técnica. Mesmo com as expectativas altas para a safra, temos alguns municípios que vêm já há três anos com estiagem, no entanto, o número de pomares têm aumentado. Por isso, a colheita em 2023 é para ser equivalente e até maior que a do ano passado.
A nogueira demora em torno de 7 a 10 anos para começar a dar resultados ao produtor rural
A colheita pode ser feita de forma manual ou com máquinas especializadas
O evento também tem o intuito de apresentar as novas técnicas de manejo e as tecnologias de irrigação.
Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural do município, Rodrigo Menna Barreto, a abertura é para aumentar e incentivar a produção em Santa Maria, que conta com 200 hectares e 30 pecanicultores
De acordo com o vice-diretor do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Karion Minussi são 1.200 propriedades de nogueira no Estado, contabilizando agricultores familiares e propriedades focadas na comercialização
O secretário da Agricultura do Estado, Giovani Feltes destacou também a importância nutricional da noz-pecan, como fonte de minerais, além de essencial para a defesa do organismo. Feltes afirma que, não tem dúvida, da ampliação do protagonismo da pecanicultura no mercado.– O volume que produzimos de sete mil toneladas anuais talvez até aumente neste ano. Precisamos abrir mais mercados no Exterior, para conseguirmos realizar mais a exportação dessa frutífera. Por meio da Secretaria da Agricultura e Pecuária realizamos o controle do produto e temos ele da melhor qualidade e excelência.
Bolos, geleias e sucos
Durante o evento, pequenos agricultores estavam vendendo e distribuindo degustações de bolos, geleias, trufas recheadas, cucas produzidos com a noz-pecã, além de um suco feito do extrato natural da casca da frutífera. A confeiteira Rosângela Moro, 40 anos, utiliza em torno de 250 quilos por ano da fruta, para produzir os bolos caseiros.– Começamos há três anos a utilizar a noz-pecã, muito por pedidos dos clientes, porque queriam bolos mais nutritivos e saudáveis. A importância do evento é para mostrar para o Brasil que no Rio Grande do Sul essa cultura esta crescendo.
Após as falas dos representantes da organização, foi realizada uma demonstração de como é feita a retirada da noz-pecã das árvores, por uma máquina que “chacoalha” o tronco e o produto cai em uma rede branca específica para a colheita. Após isso, começou o almoço gastronômico, assinado pelo Chef Pepi, no qual os convidados puderam experimentar salada, farofa e arroz feitos com a noz-pecã, acompanhado de carnes escolhidas pelo chef.