A morte no Centro poderia ser evitada?

Deni Zolin

A morte no Centro poderia ser evitada?

É claro que as forças de segurança não conseguem estar em todos os lugares ao mesmo tempo e que crimes podem ocorrer, mas é preciso relembrar o óbvio: a presença de policiamento ostensivo e ações de revistas de forma mais intensa poderiam, sim, inibir a presença de assaltantes com revólveres e facões em pleno Centro. Dentro de um contingente de milhares de pessoas, que se reúnem da Praça Saturnino de Brito, é necessário reforço do policiamento.

Guarda Municipal e Brigada Militar alegam que estavam presentes no local, mas não deixaram claro quanto efetivo realmente foi empregado. Aparentemente, foi menos do que em festas anteriores. Mas como disse Sandro Nunes, do Ciosp: foi só na atual gestão, nos últimos anos, que houve preocupação com segurança e com estrutura para a festa na Saturnino. Isso também precisa ser reconhecido. Porém, na 1ª noite da calourada, pouco foi feito.

A partir de casos graves como esse, o objetivo não é achar culpados, pois os verdadeiros responsáveis pela morte de Leonardo foram os assaltantes que roubaram a vítima. Porém, é preciso cobrar respostas e ações para evitar que casos como esse se repitam.

A violência no entorno da Praça Saturnino de Brito e outros pontos da região central da cidade, onde se aglomeram jovens na madrugada, não é exclusividade dos festejos da calourada. Já houve outras mortes e inúmeros casos de brigas, agressões e assaltos. A falta de efetivo policial dificulta ações mais intensivas, até porque precisa de trabalho constante, em todos os finais de semana. Porém, quando ocorrem casos graves, infelizmente as autoridades se obrigam a aumentar patrulhamentos e a dar uma resposta à sociedade (muitas vezes, temporária), até porque o cobertor é curto e é preciso fazer escolhas.

Fica a lição para as próximas calouradas. É melhor gastar mais com segurança do que pagar o preço e a dor de uma morte. Porém, o problema segue ao longo do ano.

UFSM e DCE não podem simplesmente “lavar as mãos”

Quanto à festa dos calouros, o DCE da UFSM divulga, em suas redes sociais, a programação “18h – DCE no Brahma”. Porém, o que o DCE faz, na prática, para garantir que seja uma festa segura e com o mínimo de impactos? E a UFSM, por mais que alegue que não é responsável pelo que ocorre fora do campus, não pode apenas lavar as mãos. Precisa estar ao lado da prefeitura e das autoridades de segurança para verificar de que forma poderia apoiar. Ou, se não for possível isso, cobrar de forma mais incisiva para que a festa tenha a estrutura necessária. Afinal, seus alunos promovem a festa e estão lá na praça. Um estudante da UFSM poderia também ser vítima, por exemplo. Na quinta-feira, após ser questionado, o reitor Luciano Schuch admitiu que faltou comunicação com a prefeitura. Mas ele e a vice-reitora, Martha Adaime, reiteiravam que a UFSM não tem responsabilidade sobre festa fora do campus.

Por outro lado, por ser em espaço livre e sem organização adequada, milhares de jovens não universitários vão para lá também, e aumenta o risco de virar uma terra sem lei. Na realidade, tudo indica que a maioria dos jovens não é de calouros. Na primeira noite, houve várias brigas no entorno, com agressões que também poderiam ter resultado em ferimentos graves ou morte. Na noite seguinte, houve maior estrutura e policiamento, após cobrança da imprensa. Nesta quinta, Leonardo acabou sendo assaltado e morto.

O ideal, segundo especialistas em segurança, seria promover a festa em local fechado e controlado. Porém, é difícil convencer os jovens a ir, até porque envolve custos e deslocamento, assim como é complicado proibir uma festa na Saturnino. Não é uma solução fácil.

A propósito

Com uma morte brutal como essa, na saída da festa da calourada, que imagem Santa Maria passa para os jovens que estão chegando à cidade ou que um dia pretendem vir estudar aqui? Além disso, após um assassinato assim, seria até uma falta de respeito ainda ter nova festa na praça agora.

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