Investimento em recuperação de estradas do interior de São Gabriel pode chegar a R$ 6 milhões

Os prejuízos e os impactos das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas ainda são avaliados por municípios da região. Em São Gabriel, o evento climático causou danos em diversos setores, principalmente na infraestrutura. O investimento para recuperar estradas do interior pode chegar a R$ 6 milhões, conforme a prefeitura.

As obras são emergenciais, uma vez que a situação tem dificultado o acesso de alunos de diversas localidades às escolas. Em entrevista ao Diário, o prefeito de São Gabriel, Lucas Menezes (UB), elencou a recuperação das estradas e a retomada das aulas como prioridades do município no momento:

– Embora tenhamos danos em vários pontos no interior do município por conta do excesso de chuvas, determinei à Secretaria de Desenvolvimento Rural que priorizasse os trechos por onde passam o transporte escolar dos nossos alunos. Em maio, fiz uma contratação emergencial de mais equipamentos para as estradas, além de material de base para poder repor o que foi pedido por conta da enxurrada. Esse esforço foi feito ainda no início de maio. Só que o mês, que foi de muita chuva, teve poucos dias secos de trabalho. Nesta semana, é a primeira vez em que estamos conseguindo trabalhar mais de dois ou três dias seguidos.

De acordo com Menezes, 50 servidores fazem parte da força-tarefa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, com o apoio das secretarias de Serviços Urbanos e de Obras. Para dar continuidade ao processo, o município teria solicitado recursos federais, mas não obteve sucesso. Com prejuízo estimado em R$ 350 milhões na safra de verão, o prefeito de São Gabriel afirma que o auxílio é mais do que necessário.

– Fizemos a primeira solicitação para a Defesa Civil Nacional que abarcava apenas uma parte da malha viária do município. Essa solicitação totalizou um valor de R$ 1,9 milhão. Infelizmente, ela foi rejeitada.Estamos refazendo e vamos encaminhar de novo. Determinei isso a nossa equipe, porque qualquer auxílio que venha tanto por parte do governo estadual quanto do federal vai ser fundamental nesse trabalho. Acredito que pelos pontos que estamos levantando, quantidade de material, equipamento e mobilização, será necessário de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões para fazer a força-tarefa de recuperação apenas dos trechos mais críticos – afirma Menezes.

Sem aulas

Devido às fortes chuvas e às condições das estradas, oito escolas do campo ficaram sem atividades por um longo período em São Gabriel. A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Mascarenhas de Moraes faz parte desse quadro e contempla estudantes que moram nas localidades de Rincão de Santa Catarina, Rincão do Claro, Faxinal e Catuçaba. Foram mais de 40 dias praticamente sem aulas.

Atualmente, 120 alunos estão matriculados na instituição. A filha de 8 anos do produtor rural Luis Carlos de Andrade Nunes, 52, é uma dessas crianças. Ao Diário, ele falou sobre a situação:

– A sensação de ver a minha filha sem aulas e chorando porque não ia aprender é de impotência. É difícil explicar, mas acho que quem é pai ou mãe de aluno e teve acesso à educação sabe qual é o sentimento. Não foi um dia ou dois. Foram mais de 40. Eu comecei a perder a esperança. Dá vontade de mudar de região, de deixar a vida digna que temos no campo e tudo que construímos para ir para a cidade. É uma situação frustrante.

Segundo a secretária municipal da Educação, Déia de Souza, a decisão de suspender as aulas foi tomada com foco na segurança dos alunos e professores, que teriam que fazer os trajetos passando por estradas e pontes parcialmente destruídas.

– A situação inviabilizou e colocou em risco a passagem dos ônibus escolares nesses locais. São quase 4 mil quilômetros a serem percorridos, sendo que as escolas ficam bem distantes da sede do município. Então, era uma questão de segurança. Considerando isso, foi desenvolvido com o Conselho Municipal de Educação um plano de ação para que os alunos, sem aulas presenciais, não ficassem prejudicados – explica.

O material pedagógico passou a ser entregue aos alunos das escolas do campo na segunda quinzena de maio, quando as chuvas diminuíram no município. O processo foi realizado por funcionários da pasta. O coordenador do transporte escolar da Secretaria Municipal da Educação, Diovani Langendorf, é um dos responsáveis por avaliar a situação das estradas e comunicar a Secretaria Municipal da Educação sobre a possibilidade de transporte. Com conhecimento sobre todos os trajetos a serem realizados, ele afirma ter presenciado uma situação atípica:

– Fora a pandemia, essa é a primeira vez que ficamos todo esse tempo sem aulas. Já aconteceu de ficar uma semana. Mas, com essa grande quantidade de chuva, temos a impressão de que (a terra das estradas) não seca nunca. Obras são feitas, mas a lama toma conta e não dá passagem.

Na quinta-feira (6), novas avaliações foram feitas e as aulas puderam ser retomadas nas escolas do campo. Para mandar as atividades, os alunos terão que conviver com as obras nos trechos por mais tempo.

– Estamos fazendo todo o esforço possível, por parte do município, para dar respostas e restabelecer as condições de infraestrutura tanto urbana quanto rural. As equipes vêm se desdobrando para atender a demanda e seguiremos com o cronograma de trabalho até normalizar. Ou seja, toda a força-tarefa vai continuar durante os meses de junho e julho, mesmo com o inverno – concluiu o prefeito de São Gabriel, Lucas Menezes.