Grupo de Santa Maria fica em 1º lugar em uma das maiores maratonas de tecnologia e inovação da América Latina

Jéssica (à esq), Katherine e Raíssa buscam mais oportunidades para mulheres nas áreas de tecnologia e inovaçãoFotos: Beto Albert (Diário)

A participação de mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ainda é tema de debates mundiais. Divulgado em abril deste ano, o estudo “Tecnologia nos termos delas” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aponta que mulheres representam somente 35% dos profissionais graduados nestas quatro áreas em mais de 50 países. No Brasil, o percentual de participação ainda está abaixo desta média. 

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Para mudar esse cenário, é preciso reconhecer e apoiar iniciativas femininas. Com o aplicativo Shero, um trio de mulheres de Santa Maria ficou em 1º lugar na edição especial de uma das maiores maratonas de tecnologia da América Latina: o Hacking Rio. 

A etapa final ocorreu no dia 25 de julho, no Rio de Janeiro, e permitiu que o time composto pela doutora em Administração, Jéssica Maciel, 30 anos; a acadêmica de Relações Públicas, designer de interface do usuário (UI) e experiência do usuário (UX), Katherine Kayser, 24; e a desenvolvedora de Software e mestranda em Ciência da Computação, Raíssa Arantes, 24, levasse para casa o prêmio de R$ 30 mil.

Escolhas

A tecnologia e a inovação entraram de formas diferentes na vida de Jéssica, Katherine e Raíssa. Para Jéssica, o interesse surgiu durante a escolha do tema de pesquisa:

Foi na pós-graduação, quando comecei a estudar empreendedorismo, principalmente o feminino. Eu me apaixonei. Eu sou formada em Administração e fiz o meu mestrado na mesma área na UFSM. Agora no doutorado, pesquiso sobre educação empreendedora.

Já o contato de Katherine com a tecnologia começou ainda no Ensino Médio, com a mudança de Faxinal do Soturno para Santa Maria: 

Com 15 anos, eu fiz um curso técnico em Informática no Colégio Técnico Industrial de Santa Maria e isso me abriu diversas portas. Eu tive contato com tecnologia, programação, robótica, desenvolvimento e a área de design. Eu quis seguir o caminho da engenharia e fiz dois anos, mas percebi que a área de exatas não era para mim. Fui conhecendo outros cursos e hoje, estou me formando em Relações Públicas pela UFSM. Eu consigo encaixar um pouco do design ali, porque preciso entender o perfil do público que irá usar o aplicativo. Então, acredito que todos os caminhos que segui na vida convergiram para que eu me aproximasse cada vez mais da tecnologia. Hoje, eu não me vejo fazendo outra coisa. 

Para Raíssa, uma troca de conhecimentos com cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi essencial para se interessar pela área. Hoje, formada em Sistemas de Informação pela UFSM e realizando o mestrado em Ciência da Computação pela mesma instituição, ela lembra com carinho do encontro: 

Eu comecei nesta área, porque participei do programa UFRGS Portas Abertas, que era para conhecer os cursos de graduação. Eu fui lá no campus do Vale, que fica um pouquinho afastado. Foi uma experiência muito boa e que valeu a pena, porque eu tive uma aula com o grupo As Programadas, que é grupo das meninas da Computação, e falamos sobre tecnologia e desenvolvimento.  Eu pensei: “Nossa! Eu quero tentar descobrir como isso funciona, porque não entendi nada dessa aula. Mas quero entender.” Comecei a procurar os cursos dessa área e aqui estou eu, formada em Sistema de Computação e não me arrependo. 

Trabalho em equipe

Jéssica, Katherine e Raíssa se conheceram durante a pandemia de Covid-19 a partir de oportunidades profissionais. Entre os diálogos virtuais sobre inovação e tecnologia, o desejo de desenvolver e apresentar projetos que contemplassem outras meninas e mulheres foi crescendo. 

– Participamos de grupos de inovação da região e esses eventos são postados periodicamente. Quando vimos, achamos muito legal a proposta. Então, conversamos e resolvemos formar uma equipe para se inscrever, já que juntas reuníamos as habilidades necessárias para conduzir um projeto de startup: negócios, design e tecnologia – conta Jéssica. 

O trio foi a 46ª equipe a se inscrever na maratona, cuja a primeira etapa ocorreu de 12 a 14 de julho e envolveu desde a ideação até o produto viável mínimo (MPV). Segundo Jéssica, o tema da proposta desenvolvida foi importante para as profissionais: 

O nome da nossa solução é Shero, que é um trocadilho com a palavra Hero, herói em inglês, trazendo o aspecto feminino, She, e busca lembrar que as mulheres podem sim ser heroínas. Isso nos leva diretamente à metodologia trabalhada na nossa plataforma, que é o aprendizado baseado na Jornada da Heroína. 

Para entregar o melhor resultado, cada integrante ficou com uma função: Jéssica foi a responsável pela área de negócios, definindo o público-alvo, estratégias de monetização e posicionamento da marca no mercado. Katherine focou na experiência do usuário, projetando o layout da aplicação e trabalhando na personalização da interface para que atendesse às necessidades do público. Já Raíssa ficou encarregada por toda a infraestrutura de back-end e front-end, implementando funcionalidades e priorizando a segurança dos dados dos usuários.

Após a primeira fase, as propostas foram analisadas por jurados técnicos do Hacking Rio. A lista com os seis times finalistas foi divulgada em 16 de julho, tornando o sonho do trio ainda mais real. A defesa da Shero ficou por conta de Jéssica, que trouxe a vitória para Santa Maria no final de julho. 

Avanços

Para Katherine, a conquista do 1º lugar no Hacking Rio é motivo de esperança para o futuro.

Acredito que cada evento como esse é uma nova chance para mais mulheres entrarem nesta área. Entretanto, é importante que todo o ecossistema colabore com todas essas oportunidades, porque não adianta só ter vontade se não tivermos a chance de conquistar, como foi o nosso caso, uma premiação como essa – enfatiza. 

O papel do aplicativo no atual cenário também é enfatizado por Raíssa. Com poucas colegas em sala de aula ao longo da graduação, ela espera que a participação feminina nessas áreas seja cada vez mais natural: 

Precisamos enfatizar que nós meninas também podemos fazer parte. Esse incentivo tem que vir da base e a nossa plataforma está aí para isso. A Shero vem com essa proposta de fazer as meninas perceberem a importância que as áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática têm e que elas têm potencial para se desenvolverem ali dentro – afirma a desenvolvedora de software. 

Hacking Rio

Criado em 2018, o Hacking Rio foca na colaboração, inovação e tecnologia. Na primeira edição, o evento se consagrou como o maior hackathon da América Latina devido aos números. Segundo a assessoria de imprensa, foram 589 hackers participantes, 187 mentores, 41 jurados e 115 projetos desenvolvidos em 42 horas de programação. 

Em 2024, o evento foi realizado em formato especial e apenas para mulheres, recebendo o nome de Hacking.Her. A competição, com etapas online e final presencial, teve mais de 500 mulheres inscritas e cerca de 50 times, sendo que seis foram para a grande final no dia 25 de julho. 

Para saber mais sobre a iniciativa, acesse @hackingrio no Instagram. 

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