Fumaça das queimadas: como se forma, quanto tempo vai durar e os impactos à saúde

10/09/2024 19:36
Atualizado em: 11/09/2024 17:29

Céu cinza e sol mais avermelhado. Assim tem sido o amanhecer em Santa Maria nos últimos dias. A mudança nos tons habituais, agora mais opacos, é resultado de um corredor de fumaça que se formou a partir das queimadas que atingem diversos Estados do Brasil e regiões de países vizinhos como Bolívia e Paraguai. Além de intensificar o efeito do aquecimento global, a película de poluentes, composta por elementos como dióxido de enxofre e dióxido de carbono, é prejudicial para a saúde, especialmente para pessoas com problemas respiratórios.

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A fumaça visível no céu de Santa Maria tem origem na região centro-oeste e sul da Amazônia. O meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Daniel Caetano, explica que nesses locais, a umidade já estava mais baixa que o normal, mesmo em meses considerados chuvosos – entre novembro e março. Então, a região central do Brasil já passava por uma estiagem prolongada, o que favoreceu os focos de incêndios.

– É uma região (a central) que, nesse período, já está muito seca. Mas, neste ano, está muito mais seco que o normal. E esse fenômeno favorece que incêndios sejam mais comuns. E esses incêndios podem ocorrer de formas mais naturais ou provocadas pelo homem. O queimar o pasto, por exemplo, que é uma prática agrícola. Tem várias origens. Só que, em um solo muito seco, o fogo ganha proporções muito rápidas – afirma Caetano.

Tons mais opacos tem sido comuns no céu de Santa Maria

Nesses focos de incêndio, registrados a quilômetros daqui, que o fenômeno tem origem. É como se toda a fumaça fosse jogada para a atmosfera, onde os ventos são favoráveis para o sul do país. Assim, as partículas “ocupam” o lugar da umidade e são transportadas pelos ventos. Conforme o meteorologista, é essa condição que tem alterado até a coloração do sol:

– Esse transporte, que acontece há 2,5 mil metros, faz com que essa fumaça viaje tão longe e forme uma camada fina que acaba alternando até a cor do sol. Normalmente, ele traz umidade, mas, como não está trazendo umidade, traz fuligem. Por isso, não vemos mais o céu azul na nossa região.

A previsão indica que a fumaça se mantenha no céu até na quinta-feira (12), quando a umidade e a chuva retornam. Conforme Caetano, o fim do fenômeno depende dos focos de incêndio na região centro-oeste do país – já que impede que a fumaça seja transportada para o sul:

– Quando pararem os focos de incêndio, vai diminuir a fumaça na nossa região. Isso ocorre, quando lá começar a chover. E quando isso ocorre? No início de outubro ate março/abril do próximo ano.

Fumaça é prejudicial a saúde

O cenário atípico pode ter consequência na saúde. Dificuldade de respirar, ardência nos olhos, boca mais ressecada e desidratação são alguns sintomas comuns dos dias mais cinzas. O pneumologista Claudio Pretto explica que a exposição à fumaça das queimadas pode desencadear reações alérgicas, principalmente em que já possui condições como rinite ou asma.

– Como o ar vem pouco úmido, gastamos muita água do nosso organismo para umidificar o ar que respiramos. Esse líquido que perdemos faz com que aumente a produção de secreção, além de provocar sintomas como ardência nos olhos – afirma o pneumologista.

Película de poluentes, vindos dos incêndios na região centro-oeste do país, são prejudiciais a saúde

O especialista ainda explica que, mesmo para quem não tem nenhum problema respiratório, a exposição pode causar sintomas como irritação e desidratação. Por isso, a recomendação é a hidratação:

– Quando falamos em hidratação, é tomar água. Às vezes, as pessoas acham que estão tomando líquido, mas não. Pode também hidratar as narinas com soro fisiológico. Se está com ardência nos olhos, pode usar um colírio. O importante é manter-se hidratado.

Principais sintomas: