"Foi uma noite de verdadeiro terror" diz secretário de Cultura de Caçapava do Sul sobre a experiência causada pelo terremoto em Marrocos

Integram a comitiva brasileira que está em Marrakech no Marrocos cerca de 40 pessoas para acompanhar a cerimônia de certificação dos novos geoparques, entre estes os de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia. E na noite de sexta-feira (8) o grupo vivenciou momentos de destruição e muito susto. Isso porque um terremoto atingiu o local e matou mais de mil pessoas. A equipe do Diário, único grupo da América que se faz presente para cobrir o evento, composta por Deni Zolin e Gilberto Ferreira conversou com o secretário de Cultura de Caçapava do Sul, Stener Camargo, sobre a experiência causada pelo terremoto. Confira abaixo.  

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Diário – Como foi essa experiência?

Stener Camargo – uma sensação de bastante impotência. Eu estava voltando do jantar junto com uma parte da delegação de Caçapava e de Santa Maria, a gente estava cruzando a praça principal e a gente ouviu um barulho e um uma movimentação do chão muito forte com a sensação de que o chão já ia abrir, né? E a gente tentou correr, a multidão correu junto e fomos para um lugar mais reservado onde não tinha tantas pessoas. Isso foi mais ou menos 23h até 1h e ficamos ali na praça. Porque poderia ter outros tremores e depois fomos para o hotel. Alguns hotéis decidiram evacuar então a gente recebeu a recomendação de ir até aonde estava o embaixador do Brasil. E aí nós colocamos o endereço no celular e o GPS é foi nos mandando por vários lugares, aqui no centro histórico da cidade antiga onde a gente estava hospedado e foi uma cena de terror assim de de muitas famílias de pessoas na rua, pessoas feridas e coisas destruídas. É uma cena de filme de terror mesmo. A gente acabou se perdendo ainda com o GPS e a gente caminhou em torno de aproximadamente quase 3h e em torno de 8 km até achar um ponto é mais seguro que a gente pudesse se localizar onde a gente estava e se deslocar por local correto.
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Diário – Além do medo do acontecido, tiveram medo também com o que aconteceria depois?

Stener Camargo – teve um momento que tinha algumas ambulâncias socorrendo pessoas e muitas outras sendo socorridas e algumas acabavam disputando, empurrando. Teve um momento de ação da polícia, isso foi foi horrível. Depois fomos por alguns caminhos e aí a gente teve que desviando porque ou o caminho estava interditado ou com falta de energia. E os próprios moradores nos orientavam a não cruzar por aquele espaço por falta de energia por risco de desabamento de algum material ou de assalto. Acabamos tendo que desviar, isso prolongou bastante o nosso trajeto que era de aproximadamente 4 km, né? Até chegar no local de onde estava a equipe da Embaixada do Brasil e a gente acabou caminhando o dobro disso.

Diário – Foi uma noite de terror.

Stener Camargo – foi uma noite de verdadeiro terror. Nem conseguimos dormir ainda. Agora que conseguimos acalmar um pouco. Está todo mundo bem. Infelizmente tivemos mortes. A comitiva do Brasil está bem. Não queria viver isso de novo. A ficha ainda não caiu. Não consegui responder todas as mensagens que recebi. Eu estava quase sem bateria e consegui ir no hotel carregar. Quando aconteceu tudo na praça e começou a tremer eu conseguia avisar a minha irmã e passei o contato de algumas pessoas que teriam informações, que provavelmente estariam junto porque eu estava ficando sem bateria logo. No hotel que estávamos disseram que estava tudo tranquilo, que poderíamos ficar, mas como tinha um prédio ao lado que desabou por completo não nos sentimos seguros.