Alterações no trânsito da Rua dos Andradas são estudadas para a construção do Memorial da Kiss

Thais Immig

Fotos: Beto Albert (Diário)

As primeiras etapas para a construção do Memorial em homenagem às vítimas do incêndio da Boate Kiss já podem ser observadas em Santa Maria. Nesta sexta-feira (12), na Rua dos Andradas, foi realizado um teste para o estreitamento de pista que será necessário para a colocação de tapumes. A partir desse estudo, serão verificados os ajustes necessários para o início das obras, previsto para o início de maio.

O teste iniciou às 8h da manhã e segue até as 18 horas. No local, foram colocados cones na pista à esquerda da Rua dos Andradas, onde serão instalados os tapumes. O agente de trânsito Denilson Borin Beck explica que a equipe da Coordenadoria de Trânsito e Mobilidade Urbana (CTMU) está monitorando o fluxo de veículos para entender como o trânsito vai se comportar com uma pista a menos:

- O teste foi solicitado para o nosso engenheiro de trânsito devido à construção do Memorial porque, até o final do ano, somente duas pistas serão mantidas. Ou seja, uma delas estará com tapume. Isso vai servir para saber quanto tempo vai precisar ser alterado o semáforo, por exemplo.

Outra alteração que será estudada é a colocação de uma faixa de pedestres na Rua dos Andradas. Como a calçada que fica em frente à Boate Kiss estará bloqueada por conta da obra, uma das alternativas é pintar uma faixa de segurança para que os pedestres possam acessar o outro lado da via. 

Uma faixa de pedestres poderá ser colocada após os tapumes que serão colocados na via.

A construção do Memorial é avaliada de forma positiva por quem vive diariamente no local. João Artemio Costa Guasso é diretor do CFC Ativa, que fica nas proximidades da Boate Kiss. Embora não tenha perdido ninguém no incêndio, ele sente muito o ocorrido e percebe isso por parte de quem frequenta o local:

- Para nós, vai ser muito importante. Infelizmente, ficou uma lembrança triste no local e até as pessoas que vêm pro CFC comentam que evitam passar por aqui. Vai ser positivo para nós e para toda Santa Maria.

“Embora seja algo que ninguém desejava, precisa ser lembrado”
O prédio em que funcionava a Boate Kiss chama atenção de quem passa no local. Na fachada, diversas manifestações de amigos e familiares que prestam homenagens e fazem pedido de justiça pelas perdas de 242 vidas no incêndio. A partir de maio, o prédio será demolido e dará espaço ao Memorial. O santa-mariense Flávio Vieira da Silva, 76 anos, vê a mudança como algo positivo para lembrar do que aconteceu:

- O Memorial vai permitir que todas as pessoas que vierem a Santa Maria lembrem desse acontecimento. Embora seja algo que ninguém desejava, precisa ser lembrado. Eu mesmo já viajei para várias cidades do Brasil e, quando eu digo que sou de Santa Maria, a primeira coisa que me perguntam é se sou da cidade onde houve o incêndio da Boate Kiss.

A profissional Patrícia Oliveira, 51, compartilha o mesmo sentimento.

- Eu não perdi ninguém diretamente, mas é impossível não se emocionar perto do local. Eu acho que o memorial seria um marco para entender que não se brinca com a vida de tantas pessoas. Mas além desse memorial, também está faltando justiça - afirma Patrícia.

Construção do Memorial deve iniciar em maio 

A previsão é que a obra tenha início nos primeiros dias de maio e dure oito meses, ao custo de R$ 4,8 milhões. O memorial será construído na Rua dos Andradas, no exato local onde ficam as ruínas da boate Kiss, onde aconteceu o incêndio no dia 27 de janeiro de 2013. O projeto de 383,65 metros quadrados será feito em um único pavimento, para facilitar a acessibilidade e a manutenção.

  • Fachada – A proposta traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. De acordo com o autor do projeto, a austeridade da fachada representa o luto da cidade e exige respeito do visitante ao que aconteceu. Haverá saídas de emergência na fachada
  • O interior – Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez. O atravessar busca trazer uma ressignificação do luto e do pesar
  • No centro – No coração do projeto, haverá um jardim circular de flores. À sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto
  • Ao fundo – Será instalado um auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará o acervo em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da AVTSM, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas

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