De volta ao trabalho, na manhã desta quinta-feira, o jovem de 29 anos que sobreviveu a uma tentativa de homicídio na tarde desta quarta-feira contou ao Diário como escapou da morte (veja abaixo).
Pouco antes das 18h, ele estava sentado em sua moto esperando um colega sair do trabalho para lhe dar carona quando viu um Kadett branco se aproximar. O carona do carro começou a disparar na direção dele. Foram cerca de 10 tiros. Dois disparos acertaram o capacete, um pegou de raspão na barriga e um atingiu a parede de uma casa. O jovem acha que parentes de um homem assassinado creditam a ele participação no crime. Mas o jovem nega qualquer envolvimento.
O aposentado dono da casa atingida pelo disparo também foi surpreendido pela ação. Ele conta que estava saindo de carro, já tinha aberto o portão da garagem, quando ouviu os tiros:
_ Ouvi os tiros e o rapaz entrou correndo, levei um susto. Vi pelo espelho retrovisor o carro passando, mas não deu para identificar _ relata o idoso.
Outra moradora ficou preocupada com a segurança no local.
_ Estava nos fundos, ouvi os disparos e vim para a frente da casa. Vi a moto caída. Na hora, fiquei sem saber se era um assalto. Me admira que cheguem dando tiros na rua. Era horário de saída das crianças da escola poderiam ter acertado alguém.
Confira trechos da entrevista com a vítima:
Diário de Santa Maria _ Onde você estava quando começaram os disparos e como foi?
Jovem _ Era hora de ir embora. Eu estava sentado na moto, já tinha colocado o capacete e esperava meu colega sair. Vi um Kadett branco se aproximar. O carona começou a efetuar os disparos em mim. O primeiro pegou na viseira e outro mais em cima no capacete, entrou na frente e saiu atrás. Um acertou o painel da moto. Outros pegaram no carro de um colega e na casa.
Diário _ Você imagina o que possa ter motivado os tiros?
Jovem _ Os parentes e conhecidos de um homem que foi morto na estrada que leva a Santo Antão acham que eu participei da emboscada que fizeram para ele. Algumas pessoas começaram a dizer que eu estava envolvido só porque me viram passar de carroça no caminho que leva até lá. Mas tem várias carroças iguais a minha. Me confundiram. Eu não tenho nada a ver com isso. Deus me livre.
Diário _ Você conhece estas pessoas?
Jovem _ Sim, trabalharam comigo em outro serviço. Moram todos no mesmo bairro. Só que agora estão me acusando e querendo me matar por causa disso.
Diário _ O que você acha que lhe salvou da morte?
Jovem _ Se eu estivesse sem capacete, tinham me matado. Deram só na cabeça. Vieram para me matar. Também tive sorte que tinha o carro do meu colega estava estacionado na frente da minha moto. Me joguei no chão e rastejei por trás do carro dele. Ainda tive sorte que o vizinho estava saindo, e o portão da garagem dele estava aberto. Corri para dentro do pátio. Eles deram uma paradinha e deram mais uns tiros. Foi quando pegou na casa.
Diário _ Você contou quantos tiros foram?
Jovem _ Uns 10, mais ou menos.
Diário _ E agora, como fica a rotina?
Jovem _ Fui para casa ontem pensando: de repente, podem me matar aqui, no caminho. Não consegui dormir, mas tenho que trabalhar. Eu trabalho porque preciso. Não tenho como parar e não devo nada a ninguém.