modelo de ensino

VÍDEO: novo Ensino Médio começa este mês sob diferentes opiniões de escolas públicas e privadas

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Eduardo Ramos (Especial)
Colégio Fátima já está preparado para receber a primeira turma do novo Ensino Médio

O ano de 2022 marca o início da transição para o novo Ensino Médio, modelo que, conforme o Ministério da Educação (MEC), estabelece a ampliação da carga horária de 2,4 mil horas para 3 mil horas, considerando os três anos, e uma nova estrutura curricular. O modelo também contempla as aprendizagens essenciais e possibilita a oferta de diferentes itinerários formativos conforme o contexto no qual as escolas estão inseridas e de acordo com as necessidades e interesses dos estudantes.


Em Santa Maria, o mês de fevereiro será de volta às aulas nas escolas, e aquelas que atendem a este nível de ensino devem conhecer as primeiras impressões da mudança. Este ano, apenas os alunos do 1º ano estudarão no novo formato. A implementação continuará em 2023 com o 1º e 2º ano, completando o ciclo de implementação nas três séries do Ensino Médio em 2024.

A preparação já vinha ocorrendo há alguns anos no Colégio Metodista Centenário. Desde 2017, quando as novas diretrizes e bases educacionais foram instituídas, a escola procura soluções para atender as exigências do novo Ensino Médio. No ano passado, o Colégio Centenário finalizou a proposta para o Ensino Médio que terá início neste ano.

Até 2021, a carga horária anual do Ensino Médio era de 800 horas. Agora, ela será de mil. Contudo, a instituição já cumpria esse valor. Conforme a assessoria de comunicação da escola, a principal mudança nessa nova etapa é a oferta dos itinerários. 60% da carga horária total é destinada à formação geral básica e 40% aos itinerários formativos.

São esses itinerários (saiba mais abaixo) que visam dar liberdades aos estudantes para conhecer e se aproximar das áreas de interesse, considerando a vida universitária ou profissional ao final dos três anos.

- Estamos otimistas e com muitas expectativas pelo ano que se inicia em 14 de fevereiro, será um período para implantação gradativa e adaptação ao novo Ensino Médio que vem com muito estímulo à criatividade e ao protagonismo do estudante - disse a escola por meio de nota.

ADAPTAÇÃO
Na escola Marco Polo, também da rede particular de ensino, as aulas retornarão no dia 21 deste mês. Para este ano letivo, a proposta é começar de forma leve a adaptação ao novo modelo, segundo a coordenadora pedagógica Daniela Becker.

- Teremos muitos seminários, e dois itinerários que são matemática financeira e laboratório de ciências, que será voltado ao estudo teórico de física - afirma.

De acordo com Daniela, quando os alunos que agora ingressam no Ensino Médio estavam no 9° ano do Ensino Fundamental, eles escolheram quais itinerários gostariam de ter no nível médio.

Com o possível retorno do vestibular e do Programa de Ingresso ao Ensino Superior (Peies) como forma de ingresso à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a partir de 2023, a coordenadora não sabe o quanto o novo formato do Ensino Médio seria atrativo aos estudantes, tendo em vista que as vagas via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para a universidade diminuiriam.

No Colégio Fátima, serão oito turmas do Ensino Médio, sendo três delas para as turmas do primeiro ano. Conforme a coordenadora pedagógica Claudia Athayde, serão oito itinerários formativos e, diferentemente de outras escolas, eles serão comuns a todos os alunos.

- O estudante vai poder permear vários ambientes nos quais ele vai ser protagonista nestas atividades. Estes itinerários foram escolhidos pelos alunos quando eles estavam deixando o Ensino Fundamental - afirma.

Os alunos vão ter como uma das ferramentas de estudos o chromebook, espécie de notebook com sistema operacional do Google. Será por meio dele que atividades avaliativas serão feitas, bem como leituras, uma vez que todos os livros necessários estarão baixados na máquina.

A escola vai ter aulas das 7h40min às 13h, de segunda a sexta-feira, e outros dois dias à tarde, das 14h às 16h40min, para aulas de conversação em línguas estrangeiras e educação física.

No Colégio Antônio Alves Ramos, uma atividade complementar vai ajudar os alunos a planejar a vida adulta desde já. Serão ministradas aulas de educação financeira com um professor da Universidade Franciscana (UFN).

- Isso é fundamental para qualquer pessoa. Eu queria ter tido isso na minha época, e eles, enquanto adolescentes, estarem aprendendo isso vai fazer toda a diferença - diz a coordenadora pedagógica, Claudia Vieira. 

No Colégio Riachuelo a construção do ano letivo foi feita pensando na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Conforme a escola, a proposta para a Formação Geral Básica é de "preservar na totalidade os conhecimentos científicos listados na matriz de referência do ENEM, possibilitando ao nosso estudante ter acesso a todos os componentes que já existiam, construindo/fortalecendo sua base de aprendizagens. Já os Itinerários Formativos tem por objetivo a aplicabilidade dos conhecimentos, isto é, proporcionar aos estudantes um primeiro passo rumo à Universidade".

CORTE DE DISCIPLINAS ACENDE ALERTA

Na rede pública, a Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa vai ofertar três itinerários formativos com duas horas/aula semanais que são o projeto de vida, mundo do trabalho, e cultura e tecnologias digitais. Na opinião da diretora Maribel Dal Bem, os itinerários vêm para agrupar algo de positivo, mas ela não esconde a preocupação com a carga horária de disciplinas que saíram da grade dos alunos do 1º ano, como artes, sociologia e espanhol.

- Os itinerários vão fazer com que o aluno enxergue a realidade. Não vai ser fácil lidarmos com a perda das horas de algumas disciplinas. Precisamos nos apegar ao que há de positivo - avalia.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A diretora Maribel teme a perda de professores e o aumento da diferença de aprendizado entre as escolas públicas e as privadas

Pensando em não perder professores em função da não oferta de algumas aulas, no final do ano letivo de 2021, o Cilon pediu para que mais quatro turmas fossem criadas na escola, para que esses professores consigam cumprir com as horas semanais. Além disso, também foram escalados para os itinerários formativos.

- Estamos com muita procura pela escola. Então, acredito que teremos mais essas quatro turmas. Vamos sair de 26 de Ensino Médio para 30 turmas no total - diz Maribel.

Outro receio é de que os alunos fiquem atrás do que as escolas privadas oferecem, muito em função da diferença de recursos:

- Queremos que nossos alunos concorram de forma mais digna com os de escolas privadas.

O Colégio Manoel Ribas foi escola piloto do novo Ensino Médio e já tem preparado os itinerários para 2023, quando os alunos estiverem no 2º ano. Por agora, eles terão as opções de projeto de vida, mundo do trabalho e cultura digital. Segundo a diretora, Tania Marlene Machado da Costa, a implementação será tranquila por conta da escola ter experimentado o modelo anteriormente.

CRÍTICAS
A deputada federal professora Rosa Neide (PT/MT) está requerendo, por meio do Projeto de Lei 3079/21, que seja adiada para 2024 a implantação do novo Ensino Médio. No Rio Grande do Sul, o Centro dos Professores do Estado (Cpers) incentiva a proposta. O posicionamento do sindicato é de que professores e comunidade escolar precisam de mais tempo para debater o assunto. 

Em nota, o Cpers diz que "as mudanças previstas no Novo Ensino Médio, que por enquanto seguem tendo este ano como prazo obrigatório para implantação, desrespeitam a gestão democrática e a autonomia das escolas. Também trazem enormes prejuízos para a educação pública, aprofundando o desmonte e ampliando as desigualdades educacionais. O Cpers sempre esteve na luta pelo adiamento deste processo e pelo aprofundamento do real debate, pressionando a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e defendendo o respeito a gestão democrática e ao currículo construído no chão da escola". 

A diretora do segundo Núcleo do Cpers, Dgenne Ribeiro, chama a atenção para os riscos à aprendizagem que a redução de carga horária em algumas disciplinas, como história e geografia, podem trazer, o que acarretaria em um menor nível de aprovação nas universidades. 

O QUE MUDA

Como era

  • Carga horária total - 2,4 mil horas (800 horas por ano)

Como vai ser

  • Carga horária total - 3 mil horas (divididas em 1,8 mil horas para a Base Nacional Comum Curricular e 1, 2 mil horas para os itinerários formativos)

Implementação

As escolas devem oferecer aos alunos pelo menos uma opção. Elas deverão ser organizadas por meio da oferta de diferentes disciplinas curriculares focadas em:

  • 2022 - Alunos do primeiro ano farão parte do Novo Ensino Médio
  • 2023 - Alunos do 1º e 2º ano farão parte do Novo Ensino Médio
  • 2024 - Todos os anos do Ensino Médio já estarão no novo formato

*Colaborou Gabriel Marques

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