Começou oficialmente na tarde desta quinta-feira (25) a greve dos docentes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). No Bairro Camobi, o primeiro dia de mobilização foi de dúvidas e algumas confirmações por parte dos professores. Em muitos departamentos, as aulas foram mantidas. Sentada em frente ao Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), a acadêmica do 9º semestre do curso de Farmácia Janaina Dalla Nora, 26 anos, conversou com a reportagem do Diário. A professora de uma das disciplinas que ela cursa aderiu à greve e informou os alunos no período da tarde.
– É angustiante, porque ficamos sem saber quando vai ser esse retorno, se vamos conseguir acabar esse ano ou se vamos acabar nos formando. No CCS (Centro de Ciências da Saúde), a princípio, os professores dizem que não vão aderir, mas ainda não temos certeza. Não tivemos ainda um comunicado direto. A partir da semana que vem, acredito que já saberemos quais vão ser os próximos capítulos – afirmou Janaina.
A possibilidade de greve foi votada em assembleia da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) na segunda-feira (22).A decisão permite que os professores dos quatro campi (Santa Maria, Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Cachoeira do Sul) optem por seguir ou não com as atividades, uma vez que a adesão à greve é facultativa.
Mobilização
Para entender os impactos da greve, o Diário entrou em contato com as direções dos Centros de Tecnologia (CT), Ciências da Saúde (CCS) e Ciências Naturais e Exatas (CCNE), que informaram não ter dados sobre quantos docentes aderiram ou não à paralisação, sendo que em muitos casos, o comunicado é feito apenas aos alunos.
Já o Gabinete do Reitor afirmou ainda não ter um levantamento sobre a mobilização iniciada nesta quinta-feira. Em nota, a instituição reafirma o posicionamento inicial:
"A decisão pela adesão dos docentes à greve é respeitada. Respeita-se, também, o direito dos docentes que não querem aderir à greve. A extensão da greve docente será monitorada semanalmente pela gestão, dessa forma, qualquer decisão sobre suspensão/paralisação do calendário acadêmico deverá ser feita na instância que o aprovou: o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe)."
Sedufsm pretende fazer uma estimativa de adesão
Para marcar o início da greve na instituição, professores realizaram um ato de panfletagem na Avenida Roraima. Em uma tenda em frente ao CT, a diretora da Sedufsm, Neila Baldi, destaca que, nos próximos dias, a equipe sindical irá visitar todos os centros de ensino da UFSM para ter uma estimativa de adesão dos docentes. A ideia é analisar o cenário até segunda-feira (29), quando uma nova reunião do Comando de Greve deve ser realizada.
– Desde que o ano letivo começou, tivemos duas ou três assembleias. Em uma delas, estávamos com a categoria bem dividida com relação à greve. Na assembleia passada, não. Um terço da categoria votou contra e dois terços a favor. Ou seja, houve uma virada com relação ao que tínhamos no início do semestre. Por isso, acreditamos que muita gente vai começar a aderir a partir do momento em que ver outros aderindo. É o que tem ocorrido em outras instituições. A cada dia, ficamos sabendo de mais uma universidade que também está parando – comenta.
Reivindicações
Segundo a Sedufsm, as principais reivindicações dos docentes da UFSM são:
- Recomposição de perdas salariais dos últimos anos: 7,6% em 2024; 7,06% em 2025; 7,06% em 2026
- Reestruturação das carreiras das e dos docentes
- Restauração do orçamento das Instituições Federais de Ensino
- Ampliação dos programas de assistência estudantil
- Revogação do Novo Ensino Médio e a Portaria MEC 983/20
- Melhoria das condições de trabalho, recomposição da força de trabalho mediante concurso público
- Revogação da contribuição previdenciária para aposentados/as e pensionistas