Foto: Lucas Amorelli/ Diário de Santa Maria
A inclusão na Educação consiste em receber alunos com necessidades especiais no Ensino Regular. Porém, a técnica em segurança do trabalho Helenice Oliveira Saldanha, 50 anos, que é mãe de Eduardo Saldanha Giacomelli, 10 anos, diagnosticado com autismo, diz que a inclusão nem sempre ocorre na prática. Nessa segunda-feira, quando foi levar Eduardo até a Escola Estadual Gomes Carneiro, onde ele estuda há dois anos, recebeu a informação que o menino não poderia ficar para as atividades letivas.
Segundo a mãe, os professores disseram que a monitora que faz o acompanhamento de Eduardo estava de atestado e não teria quem pudesse ficar com o menino durante o horário de aula. Ela tentou explicar que não teria com quem deixar Eduardo e que precisava trabalhar, mas os professores insistiram que ele não poderia ficar.
- A conversa aconteceu toda na frente do Eduardo e ele começou a ficar agitado e a se bater. Ele pode ter autismo, mas entende tudo que está que aconteceu e ficou muito nervoso. Fico triste porque a inclusão, de verdade, não existe - conta Helenice.
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Depois das tentativas de argumentação, a mãe levou o filho para o trabalho e o deixou dentro do carro, e de tempo em tempo, ia até o veículo para verificar o menino. Conforme Helenice, ela conversou com o chefe dela e conseguiu autorização para levar Eduardo até em casa, mas precisou voltar ao trabalho. Ela criou um novo plano e de hora em hora foi até a casa para averiguar que estava tudo bem com o filho.
NOVO EPISÓDIO
Na terça, Eduardo ficou muito agitado quando ela tentou levá-lo ao colégio e começou a se bater.
- É isso que ele faz. Ele fica nervoso e se bate. É difícil lidar com toda a situação, mas ele sabia que não é bem-vindo na escola - diz a mãe.
Novamente, Helenice deixou o menino em casa e foi trabalhar, seguindo o cronograma de acompanhamento de Eduardo, que estava sozinho em casa.
A mãe diz que nas manhãs, o menino fica com a irmã mais velha, Jéssica, de 23 anos, e à tarde ele costuma ficar na escola, enquanto ela e Jéssica trabalham. Mas esta semana não foi assim.
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Helenice diz que registrou Boletim de Ocorrência (B.O) contra a escola e fez registro do caso na 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Ela também ligou para o Conselho Tutelar em busca de ajuda, mas não obteve resposta deste órgão.
O Diário foi até a escola, mas a direção não quis se manifestar sobre o caso.
8ª CRE INSTALA COMISSÃO PARA AVERIGUAR O CASO
O titular da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), José Luis Eggres, diz uma comissão, formada por três servidores públicos, vai avaliar a situação. Ele diz que não cabe a ele, ou a qualquer pessoa, julgar a mãe ou a escola.
_ Temos que nos interar de tudo antes de avaliarmos a situação. A mãe do menino tinha nos procurado no final da tarde de segunda-feira, a 8ª CRE contatou a escola e, até onde sabíamos, estava tudo resolvido. Hoje (ontem), vimos que não está _ diz Eggres.
RECOMENDAÇÃO
O coordenador reforça que a orientação do Estado é que as escolas prestem atendimentos a todos os alunos, sejam eles incluídos ou não. E no caso de ausência do monitor que atende as crianças com necessidades especiais, Eggres avalia que todos os professores têm o mínimo de aprendizado em pedagogia para saber como prestar atendimentos aos estudantes incluídos.
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O secretário adjunto de Desenvolvimento Social, Leonardo Kortz, explica que a pasta presta auxílio administrativo aos Conselhos Tutelares de Santa Maria, e explica que sem um ofício não há muito que um Conselho possa fazer. A sugestão de Kortz é que Helenice procure a Promotoria Regional de Educação, que vai analisar o caso e, se achar necessário, enviará um ofício ao Conselho Tutelar.