calendário pós-greve

Em aula quando deveriam estar em férias, alunos reclamam do calorão

Joyce Noronha


Fotos: Charles Guerra (Diário)
Na salas de aulas, alunos dividem concentração com o calor

O calor do verão remete a férias e dias de descanso em meio a sombra e água fresca. Porém, em Santa Maria, há quem esteja passando a estação mais quente do ano entre classes, cadernos, quadros e conteúdos escolares. São aqueles estudantes atingidos pela greve da rede estadual. De um modo geral, os alunos que conversaram com o Diário dizem que entendem a situação dos professores e os motivos da greve, mas afirmam que não é fácil estar na escola durante os dias de calor do verão santa-mariense.

Confira o calendário de recuperação das aulas em Santa Maria

Na Escola Cilon Rosa, Iago Scolari, 16 anos, aluno do 1º ano do Ensino Médio, diz que sai da sala de aula para beber água sempre que pode, para tentar espantar o calor. Ele conta que, durante a greve, passou mais tempo em casa e sabe que, agora, é hora de estudar. Também estudante do 1º ano da escola, Giovanna Rossine, 15 anos, concorda que é quente e cansativo ter aulas nesta época do ano, mas que acha compreensível a greve dos professores e o período de recuperação.

- Se for para eu ter todo o conteúdo, não me importo de ir até março com aulas. Iria até mais - diz a adolescente.

Para o colega Rogério Machado Júnior, 16 anos, o mais difícil é o fato de a família não poder viajar porque ele está no período de aulas. O estudante lembra que passou pela situação de ter aulas em janeiro do ano passado, também durante a recuperação de uma greve. Ele diz que estar na sala de aula em pleno janeiro "dá um desânimo".

ESTAR NA ESCOLA É ESTAR PERTO DOS AMIGOS
Para Letícia Garcia, Maria Eduarda Bronzatti e Yasmin Vitória Cunha, todas com 10 anos e alunas do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola João Link Sobrinho, estar em período de aulas é também o momento de ficar perto dos amigos. Elas contam que, durante a greve, não conseguiam ver os colegas, porque alguns moram muito longe, e lidam com essa situação de recuperação de aulas de forma positiva. 

- É bom voltar para o colégio. Senti saudade dos meus colegas e amigos das outras turmas - comenta Yasmin.

Afinal, aulas na rede estadual até quando?

E, para driblar o calor desta época do ano, Maria Eduarda e Letícia contam com os aparelhos de ar-condicionado, instalados em algumas salas de aula, e os ventiladores como aliados, além do bebedouro.

OS ALUNOS ENTENDEM, MAS ACHAM UM ABSURDO ESTAR NO COLÉGIO AGORA

Os estudantes do 9º ano da Escola João Belém defendem que a greve é um direito dos professores e entendem como desrespeito o parcelamento de salários por parte do governo, mas entendem que também foram prejudicados com a paralisação.

Para a aluna Thauani Dutra, 14 anos, essa situação não pode ser creditado aos educadores, mas acha ruim ter que estar em uma sala de aula que conta com apenas um ventilador, com vento que não alcança a todos no ambiente.

A colega de turma Fernanda Kurkowski, 15 anos, concorda que é ruim, mas reforça que há salas de aula piores que a dela.

- Na nossa, apesar de ter um ventilador só, faz vento. Tem outras salas em que o ventilador só faz barulho - conta.

Estudante da João Belém desde a pré-escola, Fernanda diz que vai concluir o Ensino Fundamental e nunca viu o prometido ar-condicionado chegar à sala de aula, artigo tão indispensável para quem tem aulas a recuperar em pleno verão.

Por causa da greve, mãe teme que filha perca vaga em outra escola

Segundo a diretora do colégio, Vera Barreto, alguns aparelhos foram comprados, mas ainda não foram instalados porque é preciso construir uma nova subestação elétrica na escola. Sem esse reforço, a fiação corre o risco de não suportar a exigência da carga elétrica e causar curto-circuito. Assim, ela decidiu deixar todas as salas sem ar-condicionado para garantir as mesmas condições para todos os alunos.

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