Foto: Vinicius Becker
Desde 2022 no cargo, Schuch apresentou relatório de gestão à comunidade
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, fez um balanço dos quatro anos à frente da instituição nesta quarta-feira (15). Em apresentação na Sala dos Conselhos, na Reitoria da universidade, aberta à comunidade acadêmica pela manhã e externa à tarde, ele destacou os avanços obtidos e os desafios enfrentados, especialmente durante o período pós-pandemia e em meio à falta de recursos federais.
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– O sentimento é de dever cumprido. Foram quatro anos muito intensos, com muitos desafios. Passamos momentos muito difíceis, mas, ao mesmo tempo, trabalhamos muito para a reestruturação de uma universidade cada vez mais acolhedora, mais diversa, onde todos têm a possibilidade de crescer aqui dentro – afirmou o reitor.
Schuch ressaltou que a UFSM buscou ser uma instituição de excelência sem abrir mão da inclusão. Segundo ele, o período foi marcado pela consolidação de indicadores positivos, como o conceito máximo no Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da Educação, calculado anualmente pelo desempenho dos cursos de graduação (através do Enade) e de pós-graduação (através das avaliações da Capes). Atualmente, na UFSM, são 20 cursos com a nota máxima.
– Conseguimos atingir o conceito máximo do IGC e ao mesmo tempo uma universidade inclusiva, o que para muitos era difícil enxergar. E agora teremos a continuidade desse trabalho, com a professora Martha e o professor Tiago, em busca de uma universidade de excelência e ao mesmo tempo de uma universidade que seja acolhedora e humana – completou.
Falta de recursos e dificuldades estruturais
O reitor destacou que a falta de verbas federais foi um dos principais obstáculos do período. Segundo ele, a UFSM enfrentou situações extremas de restrição orçamentária, que chegaram a comprometer serviços básicos e a manutenção dos prédios.
– Foi um dos períodos mais difíceis que a universidade passou. A falta de recurso para fazer investimento e para a manutenção da universidade. Nossa gestão precisou discutir se íamos cortar grama ou não. Nossos contratos foram reduzidos por falta de recurso. Isso precarizou toda a universidade – relatou.
Schuch mencionou que cerca de 250 dos 300 prédios da instituição apresentavam infiltrações, exemplificando o grau de deterioração estrutural.

Tragédias e saúde mental da comunidade acadêmica
Entre os episódios mais difíceis da gestão, o reitor destacou o acidente com o ônibus de estudantes e professores do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico e o acidente no elevador do prédio 40C.
– Com certeza (o acidente com o ônibus da instituição) foi o momento mais difícil. Hoje, mais cedo, pedi um minuto de silêncio em respeito às sete vítimas fatais, e seguimos trabalhando com os 26 alunos sobreviventes até hoje. Toda sexta-feira nos encontramos para tentar ajudar a restabelecer a vida deles e das famílias das vítimas fatais – disse.
Ele também afirmou que o caso do elevador segue sob investigação judicial, e que a empresa responsável não cumpriu as normas de segurança.
O reitor relacionou também as dificuldades vividas aos efeitos do adoecimento mental da comunidade universitária, que, segundo ele, se agravaram após a pandemia.
– Saúde mental, hoje, é a nossa maior dificuldade. Tanto servidores quanto estudantes têm uma fragilidade muito grande. Sofrimento mesmo, que talvez antes da pandemia a gente não tinha tanto. Temos um problema gigantesco de saúde mental para garantir a permanência do nosso estudante na universidade e do servidor também. Conseguir criar as condições para as pessoas se sentirem seguras, levantar da cama todos os dias e seguir fazendo o seu papel como estudante e servidor é a nossa maior dificuldade – apontou.
Autocrítica e legado
Luciano Schuch reconheceu que nem todas as metas foram alcançadas. Um dos objetivos que ficaram pendentes, segundo ele, foi a fusão de departamentos da universidade, uma medida que, na avaliação dele, poderia tornar a gestão mais integrada e eficiente.
Quanto ao que não conseguiu resolver ou mitigar, o reitor também fez uma reflexão sobre a percepção interna da comunidade em relação à UFSM.
– Temos uma pesquisa com a comunidade interna em que perguntamos se ela indicaria a universidade para um familiar. Só 75% indicaria. A comunidade externa é 85%. Isso mostra que tem algo errado, eu queria mudar isso. Queria que toda a pessoa da comunidade interna dissesse: aqui é o lugar que eu quero estar, que eu quero ficar feliz. Esse é um ponto que ainda me dói — afirmou.
Encerrando o ciclo na Reitoria, Schuch disse que voltará às atividades de docência e pesquisa no Centro de Tecnologia, área de sua formação.
– Eu me coloquei na universidade para fazer projetos de prestação de serviços, com a indústria. Vou estar muito próximo da ProInova, no Parque de Inovação e na sala de aula também, porque o maior título que eu posso ter não é de reitor, mas de professor da Universidade Federal de Santa Maria — concluiu.