Contas atrasadas

Problemas com entregas dos Correios em Santa Maria e região não devem ter solução tão cedo

Juliana Gelatti

Moradores de pelo menos 21 bairros de Santa Maria e de quatro cidades da região se queixam do mesmo problema: atrasos na entrega de correspondências e encomendas pelos Correios.

Os prazos foram se alargando pouco a pouco, mas o consenso é que, desde dezembro, a situação piorou. Em alguns locais de Santa Maria, como relataram leitores na página do “Diário” no Facebook, os carteiros não vão há meses, e há até cartões de Natal que ainda não chegaram.

Após ter acesso às mais de 190 queixas que chegaram à reportagem, a assessoria de comunicação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) admitiu que o problema é de falta de funcionários.

Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicações Postais de Santa Maria e Região (Sintect-SMA), que abrange 180 municípios gaúchos, não são contratados carteiros desde 2013, fim da validade do último concurso.

Nesse período, a empresa tem promovido ações de redução de custos, diante do lucro decrescente. Entre elas estão planos de desligamento incentivado, que atraíram um bom número de carteiros do Estado desde 2014. Além disso, não há mais entregas aos sábados.

– A intenção era poupar salários mais altos, no administrativo, mas quem mais procurou foram trabalhadores do operacional, mais cansados. A estratégia a gente conhece. Estão precarizando o serviço para lá na frente privatizar – afirma o secretário adjunto e de imprensa do Sintect-SMA, José Andrigo Bernardo, que estima em 30% a média de déficit de carteiros para Santa Maria.

Contas não têm prioridade

De acordo com Bernardo e com um carteiro que falou com a reportagem, mas preferiu não ser identificado, as metas têm sobrecarregado quem segue no serviço. Prazos cada vez menores e áreas de entrega cada vez maiores até certo ponto elevaram a produtividade, mas eles chegaram a um limite.

De acordo com o sindicato, até 80% do que vai na bolsa do carteiro consegue ser entregue. A partir daí, a prioridade são os serviços mais caros, como o Sedex e o PAC.
Explicações que atribuem o atraso a cachorros ou à numeração confusa não justificam, diz o carteiro anônimo. O que mudou, para ele, foi a pressão dos chefes.

– Antes, tínhamos tempo para conversar com os moradores e acertar essas questões. Agora, só nos mandam cancelar a entrega.

O Sintect-SMA deve organizar uma audiência pública em Santa Maria para esclarecer que a culpa não é do trabalhador.

Na região, situação é pior

Leitores do “Diário” de São Gabriel, Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos e Itaara também têm queixas semelhantes aos de Santa Maria. Engana-se quem pensa que, por terem menos casas, as entregas são feitas em tempo nos municípios menores.

Em Júlio de Castilhos, a Associação Comercial Cultural e Industrial (Accijuc) já fez reclamações formais aos Correios por conta na demora das entregas.

– Temos 335 associados, e pelo menos 100 ainda não receberam os boletos que venceram em 15 de janeiro. Tomamos a frente nesse caso, que atinge toda a população, mas em março os boletos da Accijuc vão ser distribuídos por uma empresa privada – afirma o presidente da entidade, Júlio Batistella.

Os Correios explicaram que dos seis carteiros que trabalhavam na cidade, apenas dois estão na atividade atualmente. O secretário adjunto e de imprensa do Sintect-SMA, José Andrigo Bernardo, acrescenta que nas cidades pequenas, algumas com apenas um funcionário, a reposição de carteiros que saem demora mais tempo.

Quem nem reclamar pode

Moradores de regiões de Santa Maria que ainda não são cobertas pelos serviços dos Correios também manifestam descontentamento. Loteamentos como o Cipriano da Rocha, na região Oeste, e o Zilda Arns, na Centro-Leste, embora tenham sido erguidos

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