Considero temerário escrever qualquer coisa a respeito do hospital regional. Tudo parece notícia velha ou requentada. São tantos prazos não cumpridos em relação à entrega, tantas especulações e vaivém sobre a gestão... Porém, o assunto voltou à pauta ontem, além da visita do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) à Capital Federal, por aqui, o engenheiro que fiscaliza a obra deu novo prazo para terminar o serviço e receber oficialmente o prédio: até o dia 17. Serão mais duas semanas de espera.
Nesta quinta-feira, em suas andanças por Brasília, Schirmer esteve com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, acompanhando de um dos entusiastas do regional, na época em que era secretário estadual de Saúde, e atualmente titular do ministério do Desenvolvimento Social, Osmar Terra (PMDB). Segundo a assessoria da prefeitura, há uma intenção do governo federal de viabilizar o funcionamento da unidade de saúde. Schirmer estaria tentando R$ 60 milhões para a compra de equipamentos e demais insumos para abrir 270 leitos e contratar 2 mil empregados. Porém, não há detalhes de nada.
Nova data para entrega da obra do hospital regional em Santa Maria é março
O silêncio paira sobre quem assumiria a instituição de saúde e sobre como seria feita a seleção de profissionais para trabalhar lá. São muitos os pontos de interrogação.Além disso, não foi feita nenhuma referência a um dos candidatos mais que declarados a gestor. A Ebserh chegou a firmar pré-convênio com o Estado, no apagar das luzes do governo Tarso Genro, em 2014, na era da presidente afastada Dilma Rousseff.
Houve quem pensasse que a gestora do Husm fosse oficializada no regional com o peemedebista José Ivo Sartori no Piratini, e chancelada pelo governo interior de Michel Temer, mas não há nenhum indício de que esse será o destino do regional. Terra e Schirmer nunca esconderam que não são entusiastas da gestão por meio da Ebserh. Então, quem será? Como será a contratação? Quais interesses estão em jogo?
Obra entregue até o dia 17
Enquanto a gestão e operacionalização do regional segue um mistério, outro começa a se desvendar. Ontem, o engenheiro fiscal, Luiz Ricardo Saenger, da Coordenadoria Regional de Obras, afirmou que até o dia 17 deste mês termina a vistoria do prédio e, assim, a obra será, finalmente, entregue pela construtora ao Estado.
– Pela magnitude da obra não é tanto tempo quanto parece. A burocracia é muito grande. Por exemplo, a cada aditivo ou mudança no projeto, eu tinha de preencher um relatório de mais de mil páginas justificando e enviar para a análise de diferentes órgãos dos governos estadual e federal – diz Saenger.
O engenheiro ainda afirma que o custo da obra de 40 mil m², que com os valores extras deve ficar em torno de R$ 75 milhões, foi uma grande economia para os cofres públicos.
– É um terço do valor de mercado para uma obra do mesmo porte. Arrisco-me a comparar, não sei se não estão empatados com o custo do Minha Casa, Minha Vida – projeta o engenheiro, que também foi responsável pelas obras da UPA e da Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).
Com a oficialização da entrega da obra, o Estado assume o prédio e a segurança. Segundo Saenger, para a estrutura não comece a se depreciar, o ideal seria inaugurar o hospital até janeiro, mesmo que de forma parcial.