Apesar da vitória do governo na Câmara dos Deputados, que barrou a abertura de investigação de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), há mais dúvidas do que certezas em relação ao que virá pela frente nos próximos meses.
Santa-marienses ouvidos sobre o momento do país não veem um cenário muito positivo antes do pleito de 2018. Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), o empresário Rodrigo Decimo diz que a expectativa do setor produtivo é de que as reformas tenham continuidade.
– Esperamos que o governo tenha sustentação, que possa usar a maioria que tem, para dar prosseguimento às reformas da Previdência, política e tributária para podermos ter uma situação minimamente estável – ressalta. Ele não arrisca palpite sobre o futuro de Temer a curto prazo, mas torce por uma transição estável até as próximas eleições.
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O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) defende a estabilidade do país e, para isso, mesmo que seu partido esteja por abandonar o governo, ele acredita que a permanência de Temer ainda é garantia de evitar mais transtornos.
– Eu não votei no Temer, quem votou foi o PT. A cada dia surge uma coisa nova, mas eu não quero crise nenhuma. Mesmo sendo contra o PSDB no governo, defendo a estabilidade. Não sei o que vai acontecer com a economia, mas com essa decisão da Câmara, acho que o presidente toca até o final do seu mandato – avalia ele.
O professor de Economia do Centro Universitário (Unifra) Francisco José Maria Pereira lembra que a questão econômica está diretamente relacionada à política. Pelo número de votos favoráveis a Temer na votação de quarta-feira, Pereira vê dificuldades para aprovação da reforma da Previdência, pelo menos do texto atual que encontra muita resistência de setores da sociedade.

– A questão econômica não vai se resolver enquanto não for desatado esse nó que envolve a política. O governo Temer ganhou tempo para respirar, mas esse tempo é curto. Ainda há outra denúncia a caminho e aí recomeça tudo de novo. Nos últimos meses, tudo o que o governo fez foi armar estratégias para barrar a denúncia – observa.
Denúncia a caminho
Pereira reconhece que a economia apresenta sinais de recuperação em relação a 2016, mas "tudo pode piorar", dependendo das novas denúncias.
Para Cleber Ori Cuti Martins, professor de Ciência Política do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o governo mostrou que tem uma base importante no Congresso, embora ela venha se reduzindo.
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– A crise se mantém e pode até piorar porque ela é maior que o governo. Mas o governo está funcionando, o que não quer dizer que esteja funcionando bem. As reformas afetam direitos e isso descontenta muita gente – avalia Martins.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT) foi um dos que votaram a favor da investigação de Temer pelo STF.
– Para que seja investigado Michel Temer e essa quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto, contra a hipocrisia e o cinismo, eu voto não – pronunciou ele, ao dar seu voto.
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Ele avalia que o governo saiu "muito enfraquecido", apesar do resultado positivo para Temer:
– Vai haver um agravamento da crise. Do nosso ponto de vista, a antecipação do calendário eleitoral com a eleição de novos deputados, senadores e de presidente da República é a saída.
