Após um mandato de quatro anos, o vereador João Kaus fez 1.347 votos na eleição de 2016 pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e ficou na suplência. No entanto, teve a chance de continuar no Legislativo de Santa Maria graças a um acordo partidário com o atual prefeito, Jorge Pozzobom (PSDB), que levou a titular da vaga, Marta Zanella, para o secretariado.
Kaus é o 21º parlamentar da atual legislatura e encerra a série com o Perfil dos Vereadores.
Da bancada de médicos, Ovidio é o mais antigo na Câmara
Antes de entrar na política, ele foi taxista e dono de uma pequena empresa de transporte em São Pedro do Sul, sua terra natal.
– Depois do táxi, comprei um ônibus para fazer o interior. Esse ônibus é que me fez vir para Santa Maria. Em 1987, troquei o ônibus por um armazém e vim morar em Santa Maria, na esquina da Tuiuti com a Visconde de Pelotas. Ainda foi atacadista e representante comercial, antes de abrir um supermercado, no Bairro Nova Santa Marta. _ contou Kaus.
A vereadora que tem o mandato parlamentar embalado pela fé
Em 1995, quando foi para a Vila Pôr do Sol, o bairro da Região Oeste, nascido de uma ocupação, não tinha infraestrutura alguma e os moradores enfrentavam o preconceito de morar em uma comunidade conhecida como "Sem Teto". A partir do Mercado Kaus, que, segundo o vereador, foi o primeiro da localidade a ter carrinho de compras, ele começou a se envolver em questões da comunidade.
– Senti aquele espaço com muitas necessidades e investir na comunidade me deu moral. Eu via pessoas quase chorando porque as portas de emprego se fechavam quando elas diziam que moravam na Nova Santa Marta. Foi aí que vi que as pessoas de bem teriam que se unir para que essa parte pejorativa fosse afastada – recorda o vereador.
Do posto de saúde para a Câmara
A primeira tentativa de se eleger foi na eleição de 2000, quando concorreu pelo PP. Em 2004, ficou na suplência já com filiação no PMDB. Na terceira tentativa, em 2008, também como suplente, é que o então comerciante conseguiu estrear no Legislativo, onde ficou um ano e quatro meses, substituindo à época o secretário Tubias Calil (PMDB). A primeira e única vez que não dependeu de acordos na prefeitura para ser vereador foi na legislatura 2012-2016, para a qual se elegeu com 1.749 votos.
Kaus avalia que não se reelegeu por mais de um fator e diz que sua situação não compromete seu trabalho legislativo (veja abaixo).
Da sala de aula para a Tribuna da Câmara de Vereadores
No atual mandato, o vereador integra duas frentes parlamentares (dos Animais e do Interior) e duas comissões (Educação e Finanças) e afirma que sua prioridade não é criar novas leis, mas sim fiscalizar e melhorar as que já existem.
SONHO A CAMINHO

Kaus se diz um homem caseiro e apreciador de música gaúcha. Com a atual companheira, Rosângela Cardoso, mãe dos seus filhos mais novos, tem uma loja de tecidos e confecções, administrada por ela. Seus sonhos, no entanto, são concluir o curso de Direito, que iniciou em 2016, e comprar uma chácara para descansar.
Vereador chegou à Câmara com a ajuda da "mãe adotiva"
– Era um sonho (cursar Direito) que parecia distante e estou num momento muito feliz. Pode até não servir para meu futuro profissional, mas serve como exemplo de persistência – revela o vereador.
Vereador e ex-comandante do BOE fala sobre projetos polêmicos e aponta caminhos para segurança
ENTREVISTA
Diário de Santa Maria – Embora esteja na Câmara, o senhor não conseguiu a reeleição. A que fatores o senhor atribui sua baixa votação?
João Kaus – Assim como muitas pessoas, também fiquei surpreso com a minha não reeleição. Em primeiro lugar, na legislatura passada, passamos pelo pior período político da cidade, que foi a tragédia da Kiss. Sempre tive posição, mesmo que não fosse uma posição popular, muitas vezes. Fui líder do partido e havia rejeição ao governo municipal por causa da Kiss. Também tem aquela questão do "já ganhou", muito comum nas campanhas, em que não votam num candidato porque acham que ele já "está eleito". Esse otimismo exagerado e a vontade da população por gente nova também influenciaram.
Com longa trajetória nos bastidores da política, Vanderlei estreia na Câmara
Diário – Na condição de suplente graças ao prefeito ter chamado a vereadora Marta Zanella para o secretariado, o senhor não se sente refém do governo?
Kaus – Não tem problema nenhum. Tenho orgulho de ter sido valorizado pelo prefeito, que viu coisas positivas em mim, no meu modo de atuação. Sempre trabalhei construtivamente, na hora certa e no local certo. Até posso criticar, mas no gabinete, pelo telefone. A gente cria, sob qualquer tipo de pressão, uma forma de trabalhar construtivamente, não com brigas. As pessoas querem saber do vereador na comunidade, não na tribuna.
Do microfone do rádio para a tribuna da Câmara de Vereadores
Diário – O senhor tem poucos projetos este ano, diferentemente do que ocorreu na legislatura passada. Há uma mudança de atuação?
Kaus – Antes de apresentar novos projetos é preciso melhorar algumas leis que já existem, como o Código de Posturas, e fiscalizar o que não está sendo cumprido. Direitos existem e têm que ser colocados em prática. Há muitas leis e as pessoas, muitas vezes, não sabem da existência delas.
Irmão do prefeito de Santa Maria diz que conquistou a independência eleitoral
Diário – O Bairro Nova Santa Marta é considerado um dos mais violentos. Como o senhor vê a situação da comunidade atualmente?
Kaus – Quando fui morar na Pôr do Sol vi que tinham pessoas boas em todo o bairro. Na época havia muita discriminação pelo fato de a região ser conhecida como Sem Teto. E nós precisávamos combater essa questão pejorativa. O bairro tem uma violência noturna e 99% tem origem nas drogas, resultam de brigas entre vendedores e consumidores, mas não existem facções, não há fechamento de escolas e os assaltos ao comércio são de pequeno porte. Há quem pense e diga que é uma área dominada pelo tráfico, mas isso não existe. Temos três grandes escolas, creche, infraestrutura boa. Eu diria que hoje somos referência para outras comunidades e vamos conseguir melhorar muito mais.
Após perder mandato, vereador volta ao Legislativo de Santa Maria
Diário – O senhor se aliou ao vereador Adelar Vargas (PMDB), Bolinha, na caçada a um suposto lobisomem, que acabou virando polêmica. De quem foi a ideia?
Kaus – Eu não tenho nada a ver com isso, mas respeito e não vou censurar. Foi uma ação, uma expressão do Bolinha, que me colocou nessa história. Mas como disse, não vou censurar.
Conheça o médico carioca que virou santa-mariense de coração e chegou a vereador
Luciano Guerra foi o vereador mais votado em Santa Maria