com a palavra

Névio Cancian conta trajetória profissional e lembra fatos marcantes e curiosidades

Rafael Favero

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Nascido em Nova Palma, o advogado e empresário Névio Bellé Cancian, 78 anos, carrega uma história de dedicação à advocacia e ao empreendedorismo. Filho de agricultores, ele estudou em Vale Vêneto, Faxinal do Soturno, Júlio de Castilhos e em Santa Maria. No Coração do Rio Grande, Névio se formou em Direito e em Contabilidade, e, também, é um dos sócios-fundadores da Imobiliária Taperinha, que tem quase 50 anos de tradição no mercado santa-mariense. Nesta entrevista, o pai de Giuseppe, Luciana e Giuliano conta curiosidades e fatos marcantes da trajetória profissional.

Foto: arquivo pessoal
Na cerimônia de formatura em Direito, recebendo congratulações do reitor José Mariano da Rocha Filho

Diário - Quais empregos o senhor teve até começar a trabalhar como advogado?

Névio Cancian - O meu primeiro emprego me abriu muitos caminhos em Santa Maria. Eu tinha 17 anos e arranjei um trabalho como secretário executivo na Estância no Minuano. Depois que servi ao Exército, fui trabalhar no Banco da Província do Rio Grande do Sul. Em seguida, iniciei a faculdade de Direito, em 1961, e, em 1962 e 1963. Concomitantemente, cursei Economia. De manhã, fazia Direito e, à noite, Economia. Trabalhei em um escritório de contabilidade de um amigo meu. Naquela época, era permitido fazer faculdade com frequência livre. Também fui contador da prefeitura de Nova Palma e lecionei no Colégio Técnico Comercial da cidade. Além destes, trabalhei cerca de três anos na Caixa Econômica Estadual. Quando me formei em Direito, pedi demissão e montei, com colegas, um escritório de advocacia. Isto foi há 53 anos.

Diário - Por que o senhor escolheu cursar Direito?

Névio Cancian - Meus amigos dizem que, desde criança, eu demonstrava ter um espírito de liderança. Quem organizava os times de futebol, quem declamava ou puxava a frente da turma era eu. Na advocacia, trabalho na área comercial e cível. Estou jubilado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ainda exerço a profissão por puro prazer. Tenho muitos clientes antigos. Então, venho ao escritório todo o dia, faço um expediente, depois vou curtir minha chácara em Itaara, onde moro.

Foto: arquivo pessoal
Ao lado de Eber da Rosa Vasquez (a partir da esq.), intendente municipal de Taquarembó, do Gaúcho da Fronteira e do amigo Júlio Cardoso

Diário - Em mais de meio século de atuação como advogado, alguma situação lhe marcou mais?

Névio Cancian - Sempre tive um relacionamento bem respeitoso com os juízes e um trânsito livre no Fórum. Vale destacar isto também. Lembro que um colega e eu fomos consultados sobre uma questão de terras, em uma cidade do Paraná. Quando chegamos para examinar o caso, constatamos que se tratava de um imbróglio bem antigo, que envolveu até mortes. O escrivão do fórum nos chamou em um canto e perguntou se nós iríamos trabalhar no processo. Eu disse que estávamos apenas examinando o caso. Então, ele nos disse que poderia conseguir uma sentença favorável para nós em primeira instância se déssemos para ele uma determinada quantia em dinheiro. E mais. Disse que, se pagássemos outro valor, conseguiria a confirmação da sentença. Aí, eu perguntei para o meu colega "o que estamos fazendo aqui?". Se o negócio era na base do dinheiro, não tinha porque estarmos lá. Explicamos para o cliente as razões pelas quais não entraríamos no caso e viemos embora.

Foto: arquivo pessoal
Na época em que foi patrão do CTG Cezimbra Jacques, Névio (agachado, de pala) e colegas recepcionaram a seleção gaúcha de volei, no Ginásio do Corintians

Diário - Como se deu a criação da Imobiliária Taperinha?

Névio Cancian - Dois colegas e eu fundamos a Imobiliária Taperinha há 45 anos. Na época, nossos clientes do escritório de advocacia pediam que nós administrássemos os imóveis deles. Demos este nome ao empreendimento porque o escritório ficava no Edifício Taperinha. Na época, tinha apenas duas ou três imobiliárias em Santa Maria. Nós éramos jovens. Tive de fazer o curso de corretor para dar legalidade à imobiliária. Atualmente, meu filho Giuseppe tem participação na empresa.

Foto: arquivo pessoal
Na companhia do filho Giuliano (a partir da esq.), do neto Enrico (no colo de Giuliano), dos filhos do coração, Maria Francisca e Leonardo, e dos filhos Giuseppe e Luciana

Diário - O senhor tem terras no Uruguai há, aproximadamente, 25 anos. O que o motivou a investir lá?

Névio Cancian - Investi no Uruguai por considerá-lo um país sério, quase sem violência e onde o direito de propriedade é respeitado. Entrei na agropecuária quando tinha 30 e poucos anos. Tudo isso ocorreu em função da vivência que tive na infância, trabalhando na roça. Primeiro, arrendei um campo em Boca do Monte. Depois, comprei um em São Sepé e, na sequência, passei a lidar com pecuária em Taquarembó, no Uruguai. Hoje, arrendo nossas terras naquela região.

Diário - Em determinado momento, não ficou difícil conciliar a advocacia, a imobiliária e a pecuária?

Névio Cancian - Sim, mas sempre fui um cara de objetivos. Tracei metas e as alcancei. Todos os meus propósitos se concretizaram, graças a Deus. Acredito muito na força do pensamento e da dedicação. Para quem veio do interior, neto e filho de agricultores, sem nada, a não ser a vontade de estudar e trabalhar, hoje, ter um nome consolidado é uma grande vitória. Ensino meus filhos a serem humildes, responsáveis e dedicados.

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