A saúde econômica de um país, Estado ou município é também verificada pelos batimentos da geração de emprego. E o diagnóstico da saúde produtiva de Santa Maria, levando em consideração a geração de postos de trabalho e o fechamento de vagas, foi conhecido ainda na sexta-feira.
A radiografia do mercado de trabalho mostra que, em maio, foram fechados 290 postos de trabalho em Santa Maria. O dado é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O número contrasta com a ligeira recuperação, registrada em abril, quando se teve 309 empregos criados.
Com isso, a cidade volta ao desequilíbrio da gangorra entre a abertura e fechamento de vagas de trabalho. O setor do comércio é o que contabilizou a maior queda (-122 empregos) no mês passado e acumula -338 desde janeiro, sendo o setor com o pior resultado no ano.
No acumulado de janeiro a maio, a área dos serviços é que dá sobrevida à manutenção dos postos de trabalho. Nesse período, o setor abriu 364 novos empregos (veja quadro).
A recessão em que o Brasil se encontra, capitaneada pela alta do desemprego e a desaceleração econômica, fez com que Santa Maria encerrasse o 2015 cortando 1,2 mil empregos. O resultado, à época, foi o pior desde que o Caged começou a ser verificado na cidade, em 2003.
Mas o 2016 começou também preocupante. Em janeiro, o saldo foi negativo: 228 vagas cortadas. No mês seguinte, a primeira reação: 143 empregos gerados. Já em março, queda (-106), e em abril, reação: 309 novos empregos.O presidente do Sindilojas, Ademir José da Costa, avalia que o momento é crítico. Mas, segundo ele, o comércio tem tido um ligeiro fôlego com as vendas graças ao rigoroso começo do inverno.
Situação no país
No país, as demissões de trabalhadores com carteira assinada em maio superaram as contratações, o que resultou no fechamento de 72.615 postos. Outro preocupante dado que o Caged traz é que, entre janeiro e maio, foram perdidas 448.101 vagas de trabalho. Esse é o pior resultado para o período desde o início da série histórica, que começou ainda em 2002.
E nos últimos 12 meses, o país sofreu o corte de 1,78 milhão de vagas. Maio foi o 14º mês seguido de corte de empregos com carteira assinada no país. Em 2015, o PIB encolheu 3,8% e, para este ano, a previsão do é de um recuo de igual intensidade.
Já o Estado cortou 15 mil empregos agora em maio e tem saldo de -4 mil no ano e de -101 mil em 12 meses.
Deconfiança prevalece no horizonte
O mau resultado da economia não se restringe apenas à retração econômica ou aos números e estatísticas negativas, pelo contrário. O baque de integrar a uma triste realidade, a de desempregado, causa um golpe que vai além do bolso e dos compromissos mensais. A avaliação é a do economista e professor da Unifra José Maria Pereira.
– Um exemplo desse efeito em cascata: as pessoas, com renda mais baixa, deixam de comprar. Logo, o comércio não vende e, aí, a consequência é a demissão. Um ciclo que se retroalimenta – avalia o economista.
A construção civil, considerada a maior indústria da cidade, também dá sinais de debilidade. Rodrigo Décimo, que é presidente da Cacism e é do setor, resume o quadro:
– A construção civil atingiu, cerca de cinco anos atrás, seu ápice. E de 2014 para cá, os financiamentos passaram por um endurecimento e soma-se a isso um estoque de imóveis que, hoje, estão parados.
Reserva de luxo
Pereira avalia que o município sente com menos intensidade os impactos da crise e da recessão econômica, basicamente, por um motivo: o contingente de servidores públicos (puxado pela UFSM, Forças Armadas e funcionários estaduais):
– A renda do funcionalismo público mantém o dinheiro circulando. Para o bem ou para o mal, é um colchão que amortece os efeitos da crise.
A crise política também tem seu protagonismo na crise em âm"