O juiz da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Loraci Flores de Lima, ouviu nessa quinta-feira mais testemunhas de acusação na ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB), todas por meio de videoconferência.
Quatro das seis pessoas indicadas pelo MPF já haviam sido ouvidas pelo magistrado até as 19h.
As audiências com as testemunhas do MPF começaram na tarde de quarta-feira, quando Loraci ouviu o empresário Lair Ferst, ex-coordenador da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa e um dos coordenadores da campanha de Yeda ao governo do Estado em 2006, e o deputado estadual Enio Bacci (PDT), que foi secretário da Segurança Pública nos primeiros três meses de gestão.
Supremo afasta Aécio e determina recolhimento noturno
O próximo passo será ouvir as testemunhas de defesa. Os advogados de Yeda já informaram os nomes das 10 testemunhas da ex-governadora.
Entre elas está o prefeito de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves (PDT), também arrolado como testemunha de acusação pelo Ministério Público.
Rossano será ouvido pela Justiça Estadual, em São Gabriel, a pedido de Loraci.
Ainda não há data marcada para o depoimento do prefeito.
Janot denuncia Temer e Joesley por organização criminosa e obstrução de Justiça
Somente depois de o juiz ouvir todas as testemunhas (a defesa pode desistir de alguma, se quiser) é que o processo entrará na fase final com as últimas manifestações do MPF e dos advogados de Yeda.
Cumprida essa etapa, a ação estará pronta para sentença.
O magistrado afirma não ter ainda uma previsão de quando sairá a sentença.
CAIXA PRETA
Segunda testemunha de acusação a depor na ação contra Yeda, o deputado Enio Bacci também complicou a situação da hoje deputada federal na audiência de quarta-feira, por videoconferência.
Lula é denunciado por corrupção passiva enquanto era presidente
Da sede da Justiça Federal em Porto Alegre, Bacci respondeu às perguntas da procuradora Bruna Pfaffenzeller sobre a fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) investigada pela Operação Rodin, na época em que a tucana estava no comando do Palácio Piratini.
O deputado foi chamado a dar seu depoimento por ter sido secretário da Segurança Pública nos primeiros cem dias do governo de Yeda.
O pedetista contou como se tornou integrante do governo Yeda e, principalmente, sobre sua demissão, ocorrida em 11 de abril de 2007, fato que, segundo ele, ficou sabendo por meio da imprensa.
Defesas dos 22 réus do Caso Rodin ingressam com recurso no TRF4
Ele atribuiu sua exoneração do cargo à sua intenção de querer “abrir a caixa preta” do Detran.
– Aí eu percebi que estavam cerrando o pé da minha cadeira – afirmou Bacci, informando que sua intenção era pedir uma investigação das denúncias, tarefa que teria início com a contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para fazer um levantamento da situação do Detran, contas e contratos.
O ex-secretário também falou, em tom de crítica, sobre a transferência do Detran, que foi retirado da Secretaria da Segurança Pública e incorporado à Secretaria de Administração.
Bacci afirmou que teria alertado Yeda sobre um suposto esquema de fraude no Detran, que mais tarde, em novembro de 2007, viria a ser alvo da Polícia Federal, que deflagrou a Rodin.
Na segunda instância, tribunal reduz penas de réus da Rodin
O pedetista revelou, ainda que os dois foram parlamentares federais e tinham gabinetes no mesmo andar da Câmara, mas não se conheciam. Na época, segundo ele, Yeda pareceu-lhe “uma pessoa muito fechada”.
No governo, teria demonstrado a mesma postura em relação a ele e, por isso, não teria dado ouvidos a uma série de alertas.
Referindo-se à Secretaria da Segurança Pública que assumiu, primeiro disse que era "uma bomba pesada"; e depois, declarou ter entrado “num furacão
Juiz condena José Otávio, Záchia e João Luiz Vargas em ação do Caso Rodin
A primeira testemunha do MPF ouvida, o empresário Lair Ferst, também por meio de videoconferência, disse na quarta-feira que a governadora sabia com detalhes sobre o que estava ocorrendo no Detran.
YEDA SILENCIA
A deputada federal Yeda Crusius informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, em Brasília, que não se manifesta mais sobre processos da Rodin.
Yeda também não autorizou sua assessoria a passar os contatos de seus advogados.
Em manifestação anterior, porém, a defesa da ex-governadora disse que "a ação foi uma das maiores calúnias institucionalizadas da história do Judiciário".
Voto da relatora do julgamento em segunda instância reduz penas de 23 réus do caso Rodin
A ação de improbidade foi ajuizada em 2008 e tem como base a Rodin, que investigou desvio de recursos do Detran, entre 2003 e 2007.
O dinheiro era arrecadado com a realização dos exames prático e teórico para carteira de motorista no Rio Grande do Sul.