Apesar de ter sido firmado um acordo nacional entre a categoria e o governo federal na quarta-feira, nesta quinta-feira os caminhoneiros não saíram das estradas. Pelo contrário, o movimento ficou ainda mais intenso no Estado, subindo para 84 pontos de protesto. Além disso, mais um município da Região Central aderiu à causa dos caminhoneiros (veja os pontos no quadro abaixo). Desabastecimentos foram registrados em todo o Estado e de forma pontual na região.
:: Caminhoneiros se reúnem em mais um ponto de protesto da BR- 287
:: Comércio fechará as portas em apoio aos caminhoneiros em São Sepé
:: Desabastecimento já atinge supermercados e preocupa postos na Região Central
Por volta das 9h30min, na BR-287, em Santiago, a mobilização envolveu um grupo de cerca de 20 caminhões que ficaram parados no acostamento da rodovia, em frente ao posto do Batista, num trevo da cidade, com os manifestantes fazendo panfletagem. O "Diário" falou com os líderes dos protestos das cinco cidades da região, e o grupo foi unânime em afirmar que vai permanecer nas vias. Um dos comandantes da mobilização de São Sepé, que não quis se identificar, concluiu:
O momento é difícil e, por vezes, cansativo, mas a família está nos apoiando. Estamos desacreditados com o governo, e essa foi a única solução que vimos ter algum efeito. Nós só vamos sair da pista quando tiver uma decisão certa e favorável.
Opinião compartilhada pelo líder de Júlio de Castilhos, que também prefere o anonimato:
Nós tínhamos que ter mais apoio da sociedade, pois o interesse é mútuo. A não ser que todo mundo queira continuar pagando caro pelos impostos e combustíveis.
Nós temos a intenção de ficar mais um tempo para ver se resolve alguma coisa. Não temos prazo para sair daqui diz Fabiano Sturza, um dos líderes do protesto em São Vicente do Sul.
Vamos continuar aqui. O movimento é pacífico diz o caminhoneiro Lessandro Carlosso, no comando de Santiago.
Uma decisão da Justiça Federal de Santa Maria determinou o desbloqueio das BRs 158 e 392, em Júlio e São Sepé. A liminar foi cumprida, porque os caminhões agora não estão trancando rodovias nem parados nos acostamentos. Eles ficam estacionados nos postos de combustível.
Movimento é organizado, mas sem liderança definida
Eles são articulados, têm conhecimento sobre o que acontece no país e muitos não reconhecem a liderança nacional que negocia em nome da categoria com o governo federal. Segundo um integrante de um dos protestos da Região Central, os caminhoneiros, por efeito da profissão, se conhecem e têm contatos nas cidades pelas quais passam.
Durante os protestos, as informações são obtidas, e as ações coordenadas por telefone. Em geral, as informações sobre as tratativas com o governo são repassadas pelos representantes da categoria.
O problema é que, para alguns integrantes dos protestos da região, os líderes nacionais "são os mesmos de 30 anos e não representam os interesses dos caminhoneiros." Uma das consequências do descontentamento com a representação nacional deve ser a formação de novas forças sindicais locais para representar os interesses da classe.
Em greves anteriores, essa liderança negociou, e não tivemos os resultados, de fato. Agora apareceram de novo como líderes dos movimen"