Depois de quatro meses com taxa de dois dígitos, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), voltou a fechar o acumulado do ano em um dígito. De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou os doze meses encerrados em março em 9,39%, depois de ter encerrado fevereiro em 10,36% (na taxa anualizada). O índice não ficava abaixo de dois dígitos desde novembro do ano passado, quando estava em 10,48%. Em dezembro, a taxa era 10,67%; em janeiro deste ano, 10,71%; e em fevereiro, 10,36%.
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– É importante deixar claro que ficou para trás nos cálculos dos doze meses o reajuste decorrente da bandeira tarifária, no caso da energia elétrica, e em consequência também a pressão forte de reajustes anuais extras por conta da energia. Este resultado deixa pra trás, portanto, uma parcela importante que pressionou a inflação em 2015, que foi a energia elétrica –, disse a coordenadora de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Porém, a coordenadora ressaltou que embora o IPCA tenha voltado a ficar abaixo dos dois dígitos, o consumidor ainda vai sentir o peso de reajustes da energia.
– Apesar das contas [de energia] terem ficado em março mais barato, em média, de janeiro de 2015 até agora em março, se observa uma alta de 45,01%. Ou seja, as pessoas continuam pagando alto pela energia apesar da trégua deste último mês.
Eulina Nunes disse também que os preços monitorados - de táxi, ônibus e metrô - já impactaram a inflação, mas podem aparecer outros reajustes no decorrer do ano. ¿Os preços monitorados praticamente já foram absorvidos e não vão voltar a pressionar a inflação, com algumas poucas exceções. Do ponto de vista dos monitorados e da educação, os preços estão mais ou menos definidos, agora podem ocorrer fatos novos durante o ano com outros preços livres e que podem provocar algum reajuste no meio do caminho. Entressafra, preços livres, dólar, o clima¿, disse. "Não se pode ignorar a questão da oferta e da demanda [desemprego, queda da renda]. É o caso, por exemplo, das passagens aéreas: os preços estão sendo alvos de descontos, queda de preços, ofertas e promoções por conta do recuo no preenchimento da capacidade das aeronaves¿, acrescentou.
Março
A inflação fechou março em 0,43%, a menor taxa para o mês desde 2012 (0,21%). De acordo com o IBGE, a queda no preço da energia também foi responsável pelo taxa menor em março. De fevereiro para março, a energia elétrica teve queda de 3,41%.
A retração no preço da energia está relacionada à redução na cobrança extra da bandeira tarifária que, a partir de primeiro de março, passou dos R$ 3, da bandeira vermelha, para R$ 1,50, da bandeira amarela, por cada 100 kilowatts-hora (KW-h) consumidos. ¿As contas ficaram mais baratas em todas as regiões pesquisadas em razão, também, da redução no valor das alíquotas do PIS/COFINS ocorrida na maioria delas¿, conforme o IBGE.
Também influenciaram a queda do IPCA o gás de cozinha, com deflação de 0,42%; taxa de água e esgoto (-0,43%); telefone celular (-2,71%); telefone fixo (-2,89%); e passagem aérea (-10,85%).
A queda no IPCA não foi maior por causa das despesas com alimentação e bebidas, que mais pesam no orçamento das famílias, subiram 1,24% em março na comparação com mês anterior. As frutas, por exemplo, registraram alta de 8,91% nos preços. Também ficaram mais caras a cenoura (14,52%), o açaí (13,64%), o alho (5,7%), o leite (4,57%) e o feijão-carioca (4,1%).
Os preços do cigarro pressionaram a inflação, com aumento de 1,48%.
Com informações da Agência Brasil
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