Projeções

Economista e chefe de banco prevê queda de gastos com juros

Diogo Brondani

Foto: Charles Guerra / Diário de Santa Maria

A reação do cenário econômico em 2018, influenciada por fatores como eleições e possibilidade da Reforma da Previdência, tem sido tema contante entre especialistas da área. A população e, em especial, o empresariado, estão ansiosos para saber se a economia vai mesmo reagir no ano que vem, em que setores e quanto. Justamente para tirar essas dúvidas, o economista-chefe e diretor de pesquisas e estudos econômicos do banco Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, esteve em Santa Maria para ministrar a palestra "Perspectivas para a economia em 2018", realizada na Fapas na última segunda. Com mais de 15 anos de atuação no banco, Barbosa trouxe ao público dados e expectativas para o ano que vem. Segundo ele, o banco projeta crescimento do PIB do país de 2,8% em 2018, mas esse índice poderá ser maior.

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Em gráficos, ele mostrou os principais pontos para a recuperação da economia, que são a redução das dívidas das famílias, o ajuste de processos produtivos das empresas que terão de contratar para atender a demanda da retomada de consumo, e o controle da inflação.

- As famílias estão aumentando o poder de compra. O salário cresceu mais do que a inflação e elas estão prontas para voltar a consumir. Aliado a redução da taxa de juros, que deve ficar na casa de 6,75%, isso deve representar um acréscimo de R$ 70 bilhões na economia nacional em 2018 - projeta Honorato, referindo-se a quanto os brasileiros deverão deixar de gastos com juros de cartões, crediário e empréstimos, por causa da queda das taxas cobradas.


PARA SANTA MARIA

Apesar de Santa Maria ter certa dependência da renda do funcionalismo público, que está freada devido à crise, ele avalia que a agricultura poderá compensar isso e garantir o fluxo de dinheiro na economia local.

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Para a retomada da indústria, ele aponta pontos que emperram o desenvolvimento, como a competição com a China e problemas de infraestrutura, como estradas precárias, que "são um golpe na competitividade".

- Isso é sequela de um país que não fez a lição de casa. Além disso, a carga tributária é exaustiva. O Brasil é um país que tributa pouco a renda e muito o consumo. O cenário é positivo para a construção civil para moradia que vem na frente e deve ter um ciclo bom, com juros baixos, em 2019 e 2020 - aposta.


A ENTREVISTA

Diário - Santa Maria é uma cidade pouco industrial e depende muito da agricultura e funcionalismo público, que está com a renda freada. Qual pode ser o impacto disso na cidade? 

Fernando Honorato Barbosa - Agricultura deve ter uma queda de produção de 5% em 2018, mas o nível total da produção de grãos é muito bom, e com os preços que nós temos acompanhado lá fora, e eles estão mais ou menos favoráveis, acho que a agricultura não vai ser surpresa. No lado dos servidores públicos, tem uma MP no Congresso para adiar o reajuste no ano que vem, aumentar um pouquinho da alíquota de contribuição. Então isso pode retirar um pouquinho da expectativa de crescimento da renda em 2018, mas com a projeção da volta da estabilidade do emprego, certamente fará com que a renda da população não caia muito. Eu acrescentaria também o setor de educação, que ainda pode entregar muito para o Brasil. Eu tive a oportunidade de ver a excelência que vocês têm aqui na UFSM. Eu acho que é um setor muito promissor para os próximos anos e que vai crescer acima da média nacional. Então, entre mortos e feridos, a região vai continuar num comportamento bem razoável na economia.

Diário - Depois de o PIB ter despencado quase 10% nos últimos anos, o esperado seria um crescimento bem vigoroso. Por que isso não ocorreu?
Honorato -
Algumas coisas tornaram a recuperação mais lenta do que o esperado. A dívida das empresas e das famílias foi um fator que levou tempo para digestão, o que impactou para que o crédito e a economia pudessem voltar a fluir. A economia está muito ociosa em investimentos. As empresas reduziram o tamanho, e, mesmo com a queda de investimento, ainda assim ocupou toda capacidade instalada. E, por último, o país viveu movimentos políticos de volatilidade nos últimos dois anos, e isso atrasou a retomada. A boa notícia é que boa parte destes fatores está se dissipando.

Diário - O mercado financeiro projeta crescimento de 2,58% do PIB do Brasil em 2018. O senhor concorda com isso? Como o senhor acha que o Brasil vai crescer em 2018 e que setores devem ir melhor ou pior?
Honorato -
O risco é mais do que isso, não menos. A gente, no Bradesco, projeta 2,8% de alta do PIB no país, mas ainda assim é com viés de alta. O consumo vai liderado pelo consumo das famílias. Isso é bastante importante porque a dívida delas já contraiu de forma relevante. Um dos setores que chamam a atenção é o da agricultura, que sempre é um setor importante para recuperação. A gente também começa a ver sinais positivos na construção civil residencial, em algumas cidades onde o estoque caiu bastante. Automóveis, bens não-duráveis, como alimentos e bebidas, e vestuário são setores que ainda vão andar um pouco mais. De um modo geral, a economia vai se recuperar.

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