Saúde está no vermelho

Atrasos nos repasses do Estado podem comprometer atendimento médico em sete cidades da região

Leandro Belles

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O atraso nos repasses do governo do Estado, desde o ano passado, para a saúde dos municípios coloca em xeque o funcionamento de uma das áreas mais sensíveis à população. Sem conseguir fechar a conta, pelo menos sete prefeituras da região injetam dinheiro de outras áreas para tapar o furo. O dinheiro que deveria ser usado em estradas ou na manutenção de ruas e de praças está cobrindo esse rombo. 

Nesta quarta-feora, um anúncio do Piratini poderia amenizar o sofrimento dos municípios, mas o remédio usado deve servir apenas de paliativo para o problema. No total, o governo gaúcho deve cerca de R$ 208 milhões aos municípios, mas anunciou que vai pagar somente R$ 45 milhões na próxima semana.

Somente para Santa  Maria, o atraso para a saúde já soma R$ 6,1 milhões, desde maio de 2014.
- Temos de ter paciência - resume o prefeito Cezar Schirmer (PMDB).

Em Santiago, onde a prefeitura faz malabarismos para manter o atendimento à saúde, a situação é semelhante.
- Tive que tirar dinheiro de outras áreas para colocar na saúde. Fica complicado - reclama o prefeito Julio Ruivo (PP), que tem a receber do Estado cerca de R$ 670 mil.

O prefeito Luiz Henrique Antonello (PSB), de Rosário do Sul, reclama do atraso de repasses para programas como o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Segudo Antonello,  teria de ter recebido R$ 300 mil do governo do Estado até dezembro.
- Nós vamos racionalizando os procedimentos. Tentamos não diminuir a qualidade do atendimento, mas, hoje, assumimos uma série de obrigações que é exclusiva do governo estadual.

Em Caçapava do Sul, programas como o Samu, Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Primeira Infância Melhor (PIM) estão sem receber somas que chegam a R$ 1 milhão. Por causa disso, a compra de medicamentos e fraldas geriátricas, por exemplo, começa a ser racionada.
-  Essa parceria não está funcionando. Não temos como cobrir esses gastos por muito tempo - diz o prefeito Otomar Vivian (PP).

Em São Gabriel, há atrasos para o Samu, mas o prefeito Roque Montagner (PT) disse que é preciso ter paciência com o momento de transição do governo.

A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada para comentar o assunto, mas se limitou a emitir uma
nota oficial, informando o valor total dos recursos que serão liberados, de R$ 45 milhões, sem especificar para quais municípios ou programas.

Menores e mais suscetíveis

As cidades pequenas, que têm menor arrecadação, são as mais prejudicadas pelo atraso. Ontem, o Consórcio para o Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), que reúne nove municípios, convocou um encontro para debater o tema. Conforme o presidente da entidade, Adroaldo Santi (PSB), que é prefeito de Nova Palma, o problema é sério:
-Tenho R$ 366 mil a receber. Estou deixando de fazer outras coisas para não deixar a população sem atendimento.

Na vizinha Faxinal do Soturno, o prefeito Volnei Savegnago (PT) está com receio em relação ao atraso nos repasses:
- Se esse recurso não vier, algum serviço vamos ter de deixar de fazer - avisa. 

Problema também respinga na rede hospitalar

Não são somente as prefeituras que enfrentam dificuldades por causa do atraso nos repasses, os hospitais da região também. Recentemente, duas instituições limitaram atendimento ao público. Em Cruz Alta, o Hospital São Vicente de Paulo suspendeu procedimentos pelo SUS. Em Rosário do Sul, o atendimento via SUS ficou suspenso por cinco dias, mas o hospital voltou a prestar o serviço pelo sistema  após um repasse da prefeitura de cerca de R$ 300 mil.
- Não podemos, de maneira alguma, arcar com esse custo, que é obrigação do Estado. Se for assim, não teremos condições. Vamos quebrar - reclamou o prefeito Luiz Henrique Antonello.

O Hospital São Roque, de Faxinal do Soturno, também aguarda o recebimento de cerca de R$ 1 milhão"

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