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Alceu Nicola conta a história das empresas que fazem parte do grupo empresarial da família

Nascido em Santiago, Alceu Nicola, 78 anos, é um dos empresários mais bem sucedidos do Rio Grande do Sul. Sócio do Grupo Nicola, ele foi casado com Judit Nicola, falecida, e é pai de Osvaldo, Rita, Augusto e Eduardo, e avô de Marcelo, Paola, Isadora e Eduarda. Os quatro bisnetos completam a alegria do empresário. Atualmente, o santiaguense, filho de Agricula Manzzoni Nicola e Attilio Uberti Nicola, tem como companheira Tasmania Bochi. Na família Nicola, o talento empreendedor passa de pai para filho. O Grupo Nicola conta com cinco empresas: Nicola Veículos, Nicola Motos, Nicola Empreendimentos Imobiliários, NCH Alavancadora de Negócios e, desde o 1º de junho, a Uglione, concessionária Chevrolet em Santa Maria.

Diário - Na infância, o senhor já dava sinais de que seria empresário?

Alceu Nicola - Sim. Minha família era tipicamente italiana, ou seja, era grande. Éramos entre 12 irmãos. Meu pai, Attilio Uberti Nicola, foi um excelente mestre. Ele era um empreendedor nato. Comecei fabricando telas para cerca e vendia frutas nos portões dos quartéis. Já na adolescência, aos 14 anos, passei a ajudar meu pai no comércio e na documentação dos loteamentos que ele possuía em Santiago. Quando eu era jovem, meu pai, que era diabético, perdeu a visão. Então, passei a ler para ele. Foi assim que peguei gosto pela leitura. Atualmente, chego a ler 10 livros por mês.

Diário - Como se deu a formação do Grupo Nicola?

Alceu Nicola - Meu pai incentivava os filhos a montarem os próprios negócios e, depois, entrava de sócio. Por volta de 1964, quando eu era militar, ele e meus irmãos Arlindo e Adão tiveram uma indústria de tijolos e telhas, já com intenção de trabalharem com madeira. Com o golpe daquele ano, fui preso e expulso do Exército. Para me ajudar, já que, aos 22 anos, fiquei desempregado, meu pais e meus irmãos montaram a Barraca Nicola, que vendia madeira e, da qual, fui o primeiro funcionário. Depois de um tempo, Arlindo vendeu a parte dele na empresa para o nosso irmão Adelpho e, após um período, me ofereceram participação no negócio. A partir dali, deixei de ser funcionário para ser sócio. Hoje, nosso grupo agrega três famílias e todas elas mantém o sobrenome Nicola. Meus quatro filhos e eu, administramos a APN Parcipações. Minha cunhada Ubaldna, viúva do Adelpho, junto às quatro filhas, administram a Ubaldina Participações.

Diário - O senhor é um dos donos da propriedade que pertenceu ao presidente Getúlio Vargas, que fica próxima a São Borja. Como se deu a aquisição destas terras lendárias?

Alceu Nicola - Minha família e eu tínhamos acabado de trocar uma grande propriedade no Mato Grosso por campos no Rio Grande do Sul. Na época, surgiu a informação de que Cândida Vargas, neta do Getúlio, filha do Lutero Vargas, estava querendo vender a propriedade dela. Somei a intenção de expandir nossos investimentos com meu lado Getulista. Além do mais, foi fácil convencer meus irmãos a fazerem o negócio. Hoje, a propriedade é nossa sede social. A casa em que o presidente viveu fica dentro da Fazendo do Itu, que pertence à minha cunhada Ubaldina. A residência é aberta a visitações e, anualmente, recebe, em média, 1,5 mil pessoas, principalmente alunos de escolas da região. Eu vou lá de 15 em 15 dias e temos caseiros para atender os visitantes.

Diário - Qual é a importância de cidades como Santiago e Santa Maria e outras da Região Central para a sua vida empresarial e pessoal? Alceu Nicola - Santiago é a cidade onde nasci, casei e criei meus filhos. Foi na Terra dos Poetas que iniciamos nossos negócios. Tenho um carinho especial por minha terra. Empenho-me ao máximo para ajudar nossos mais de 500 colaboradores a crescerem como pessoas e como empreendedores. É recompensador vê-los conquistar os objetivos. Certa vez, reunimos um grupo de mais de cem santiaguenses que haviam iniciado a carreira profissional em uma das nossas empresas e que, agora, são empresários. Brincamos que formamos mais profissionais que muitas faculdades. Santa Maria é a maior cidade da nossa região. Quem deseja expandir- -se no aspecto profissional não pode deixar o Coração do Rio Grande de fora. É nesta cidade que a maioria dos santiaguenses vai dar continuidade nos estudos. Foi assim com meus filhos e a maioria dos meus sobrinhos.

Diário - Quais foram os momentos mais marcantes da sua trajetória profissional?

Alceu Nicola - Sem dúvida, o momento mais marcante foi o meu início na empresa que deu origem ao Grupo Nicola. Naquele tempo, eu não conhecia nada do ramo de madeira. Por sorte, o destino colocou no meu caminho algumas pessoas que me ajudaram muito. Com elas, aprendi a cortar madeira, emitir nota fiscal e, até mesmo, emprestar dinheiro para tocar o negócio. Pessoas como Rodolfo Kubiça, Eron Loureiro, a família Dri, Arizoli Gindri, o Tio Lau, o Laurindo Rodrigues da Silva, entre outras, meu auxiliaram muito. Houve outra ocasião que, para mim, é inesquecível. Refiro-me ao dia em que recebi uma notificação referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na época, a empresa quase quebrou por causa disso. O fiscal me disse: "paga e aprende. Se vocês querem crescer, terão que se organizar". Foi difícil ouvi-lo. Mas, aprendemos. Hoje, sou quase um contador.

Diário - E que planos vêm por aí?

Alceu Nicola - Inicialmente, meu foco é passar dos 100 anos com saúde e trabalhando. Minha mãe viveu até os 96 anos. O irmão dela, meu tio Davi Manzzoni, passou dos 100. Quero ver meus netos e bisnetos crescerem. Estou construindo uma casa em cima de uma ilha, onde quero morar e ter qualidade de vida. Gosto de pescar. Na casa nova, poderei fazer isto da janela do quarto. Também estou me preparando para montar um novo negócio. Assim, gradualmente, estou me afastando do Grupo Nicola, que ficará somente com meus filhos.

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